domingo, 13 de janeiro de 2019

Um olhar alentejano

No primeiro inverno que passamos no alentejo, temos tido uma companhia quase diária.
Em conjunto com uma temperatura matinal baixa, chega uma homenagem a El Rei D. Sebastião.
Sempre que tenho que me deslocar, pelas oito e pouco da manhã, o nevoeiro faz-me companhia até Reguengos de Monsaraz.
Saio de Cabeça de Carneiro para percorrer os 22 quilómetros, sempre com ele muito perto, entrando pelo carro a dentro.
O pé esquerdo não me deixa passar dos 50 quilómetros e sigo pela estrada CM 1114, estreita, mas com pouco trânsito, chego ao Seixo e viro à esquerda.
Por entre terrenos de lavoura e pasto de animais, estou à entrada de Motrinos, antecipada por um declive acentuado que nos deixa ver a aldeia lá em baixo, já com o Sol a mostrar-se.
À esquerda, por cima da neblina e mais perto do céu, vislumbro a lindíssima Monsaraz e o seu castelo.
Motrinos parece ter um pacto silencioso com o manto branco, que desaparece à entrada e regressa à saída.
Volto à direita para a estrada M514 que vai passar pelo interior de São Pedro do Corval, a terra da olaria, onde cada casa, sem exagero, é uma oficina onde o barro é o ator principal.
Mais 5 mil metros e estamos com vista para a cidade de Reguengos de Monsaraz, onde o cheiro característico das uvas vinícolas nos faz adivinhar que estamos a passar ao lado da Adega Cooperativa local.
Se a permanência não for muito longa, a bruma vai-nos levar de volta, com Motrinos a monopolizar o único Sol disponível na zona.

Sem comentários: