Ainda não tinha três anos de idade. A Cândida mandou-nos chamar e disse, com um olhar de espanto: "O Ricardo sabe ler!".
Nós já desconfiávamos e a educadora do infantário que ele frequentava confirmou.
Desde de muito cedo que elegeu A Bola como uns dos seus brinquedos favoritos. Jornal aberto no chão, de joelhos com o traseiro espetado, lá passava atentamente as várias páginas, durante largos minutos. A sua preferência ia para os guarda-redes das equipas de futebol da Liga principal.
Um dia chegou perto de nós e disse, naquele seu dialecto espanholado: "O Baptista não jogou!?"
Olhámos um para o outro, sem perceber muito bem o que se passava. Corremos para o local onde estava a sua leitura preferida. Procuramos a notícia sobre a União de Leiria, equipa do Baptista, e lá estava a sua ausência na ficha do jogo.
Pois é, daí para frente foi sempre a evoluir, ao ponto de noutro infantário que frequentou terem criado um cantinho da leitura onde o Ricardo lia histórias para os seus amiguinhos. Isto muito antes do ensino escolar obrigatório.
Curioso era, também, ver os seus colegas do hóquei em patins que quando chegavam aos diversos pavilhões, iam chamá-lo para ele ler os resultados e as classificações que geralmente estavam afixadas e que eles ainda não conseguiam decifrar.
Estamos orgulhosos deste filho que hoje faz 15 anos.
Parabéns para ti, Célia.
Para o Ricardo além dos parabéns, o desejo de que nos tragas sempre motivos de orgulho.
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