domingo, 31 de dezembro de 2006

Dois mil e sete

Com o dois mil e seis já de malas feitas, vou aproveitar este meu espaço para desejar a todos os que lerem este post, um novo ano recheado de tudo o que mais gostarem e precisarem.
Um ano que vai ser emocionante...já viram...007...bem, era um trocadilho.
Gostava, sempre que passem pelo "Tio Jorge", que deixem o vosso comentário, a vossa crítica, a vossa sugestão, para melhorar a qualidade.
Agora...desculpem, estão a bater à porta...é o dois mil e sete que está a chegar.

sábado, 30 de dezembro de 2006

Reveillon em Greenwich

Um comboio da zona urbana de Lisboa Os apelos à utilização dos transportes públicos nas áreas urbanas das grandes cidades, multiplicam-se. Por vezes até surgem ameaças, que os automóveis vão ficar à porta, ou entram pagando uma portagem.
Eu, há bastante tempo que aderi à causa. De comboio e autocarro, faço o meu circuito diário, de casa para o trabalho, daí para a Universidade e o regresso à residência, no final do dia.
Além da possibilidade de ler durante os percursos, gosto especialmente das informações prestadas, daqueles quadros, supostamente electrónicos, que se encontram nos locais onde aguardamos a chegada dos nossos meios de transporte.
As coisas até têm corrido bem. Um atraso aqui, mais uns minutos ali, mas como sou bastante paciente, até encaro estas situações com normalidade.
Mas ontem as coisas não correram bem. Ao chegar a estação da CP em Entrecampos, deparei que os comboios circulavam com mais de trinta minutos de atraso. Aí, pensei: "A Cláudia é que tem razão, eles andam sempre atrasados". Bem, concerteza terá acontecido alguma coisa anormal.
Um autocarro dos mais modernos da Carris Derivei para uma paragem dos autocarros da Carris, tentando ultrapassar aquela dificuldade, tipo "vou tentar enganar os comboios". Lá chegado, entrei no primeiro, a caminho da Gare do Oriente. Como não era directo para lá, fiz um transbordo, ou seja, saí dum e esperei por outro.
Espectáculo. Na paragem onde fiquei, pois nem todas têm, lá estava aquele magnífico quadro, que nos diz quanto tempo demora a chegar o nosso meio de transporte. Quatorze minutos era o tempo que faltava. Eram 18:10 horas.
A contagem decrescente era lenta, muito lenta, mas finalmente entrou na contagem dos cinco minutos finais. Quatro...três...quatro...cinco! Bem, o que se estará a passar? Será que o meu autocarro se arrependeu?
Afinal não, chegou às 18:50 horas. Quatorze minutos que demoraram quarenta!?
Será que o meridiano de Greenwich já estava a preparar o reveillon?

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Pelas nossas crianças

Em cada dois dias, uma criança portuguesa é vítima de maus-tratos, que muitas vezes provocam a morte, segundo um estudo da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) Desde menino que oiço esta frase "as crianças são a melhor coisa do Mundo" e eu assino por baixo. Lamentavelmente, ainda há pessoas, se assim se podem considerar, que não concordam.
Ao passar os olhos pelo jornal, encontrei uma notícia, que já não sendo de hoje, vem mais pormenorizada. Trata-se do caso da Sara, a criança de Monção que morreu, vítima de espancamento efectuado pela própria mãe, que já terá confessado a autoria das selvagens agressões.
A Sara tinha dois anos e meio. Tinha mais três irmãos que estranhamente, ou talvez não, nunca apresentaram sinais de maus tratos. Segundo os mais próximos da família, ela era um caso à parte, completamente marginalizada.
Não me vou deter sobre os aspectos bárbaros deste caso. Espero que o Tribunal puna exemplarmente este caso, mais um de violência infantil.
O meu apelo vai para todos nós. Há mais de um mês que ela aparecia no infantário com nítidos sinais de violência. A comunicação às entidades competentes terá pecado por tardia. Provalvemente, podia-se ter salvado a Sara.
Vamos todos evitar que continuem a matar as nossas crianças, denunciando as situações que tivermos conhecimento.
Podemos ganhar um inimigo, mas salvaremos uma vida inocente.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Nascido à sexta-feira

Kofi Annan, dez à frente da ONU Confesso que tinha uma simpatia por ele. Postura elegante, pose calma, discurso tranquilo, eram atributos que me faziam admirar Kofi Annan, o ainda secretário-geral da Organização das Nações Unidas, cargo que vai deixar em um de Janeiro, sendo substituído pelo sul-coreano, Ban Ki-Moon.
Foi indigitado para o cargo, há dez anos, com o total apoio dos Estados Unidos, que agoram, na despedida o atacam duramente, fruto das críticas à postura dos americanos na guerra do Iraque. Críticas que só pecaram por tardias. Ao longo do seu mandato, fica a sensação de tentar fazer muito, mas pouco ou nada concretizar.
Mas o seu principal pecado foi deixar-se envolver, no tristemente célebre caso do programa "Petróleo por alimentos", que em traços gerais - criado em 1994 após o final da primeira guerra no Iraque - vendia licenças de exportação de petróleo iraquiano a companhias internacionais e usava as receitas para comprar alimentos para os iraquianos e para compensar o Kuwait.
Até aqui tudo bem. O pior foram a irregularidades surgidas, conforme descreve em pormenor o artigo do Diário Económico, tudo com o beneplácito de Kofi Annan.
Este ganês, nascido há sessenta oito anos, cujo nome na sua terra natal, significa "nascido à sexta-feira", desiludiu-me. Sim porque foi desilusão o que eu senti ao perceber que o senhor simpático, que eu gostava de ver e ouvir, também estava envolvido em estratagemas sujos.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Pobreza dos ricos

Um dos muitos sem abrigo de Lisboa Todos os dias de trabalho o encontro. Ao fundo das escadas da estação ferroviária, cabelo branco desgrenhado, chapéu-de-chuva a imitar uma bengala, com a mão esticada. Mais tarde na deslocação para o almoço, outra cara familiar. Corpo curvado sobre um pau, barba por fazer, voz rouca, implorando numa ladainha imperceptível, uma moeda.
Dois exemplos que espelham a pobreza em que vive grande parte da nossa população.
Relanço os olhos por uma banca de jornais, onde alcanço a manchete do dia “Portugueses gastaram na quadra natalícia mais 11 milhões por dia, do que em 2005”.
Detenho o passo, olho para os que vão passando em passo acelerado, pouco preocupados com a minha incredulidade. Recordo o meu professor de Economia que dizia, mais ou menos isto “é inevitável com a globalização, os ricos vão ficar cada vez mais ricos e os pobres cada mais pobres “
Que raio de inevitabilidade. Que País insensível, perante os milhares de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. Que País desprezível, que sabe disso e não faz quase nada para o evitar.
Que pobreza moral têm os ricos.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

A extinção dos dinossauros

Uma das várias especies de dinossauros conhecida Este regresso ao trabalho, após a Consoada, é penoso, digamos que é uma terça pior que uma segunda. Habituados ao stress diário, até dele sentimos falta, num dia em que mais de meio país parou. Lojas fechadas, ruas semi-desertas, transportes colectivos vazios, enfim, o habitual em ressaca de festa, complementada por uma tolerância de ponto para os funcionários públicos, menos para os da Câmara Municipal do Porto. Uma forma de dar nas vistas.
Hoje de manhã lia sobre o boxing day, onde no Reino Unido, se realiza mais uma jornada da Liga de futebol, depois de terem jogado a vinte e três, de jogarem de novo a trinta e repetirem a dose no primeiro dia de 2007, sempre com os estádios cheios. Por cá temos o oposto, perto de um mês sem futebol, num negócio que vai de mal a pior, nomeadamente nas assistências aos jogos.
Também não sou defensor do esquema inglês, mas o nosso...Ainda há poucos anos discutiamos o facto de quase não se parar na quadra natalícia, mas rapidamente fomos do oito ao oitenta.
Vitor Serpa, director do jornal A Bola no seu editorial de hoje, faz uma análise perfeita do estado do nosso futebol. É preciso derrubar tudo e começar de novo, para recuperar a credibilidade. Mas para isso as figuras têm que mudar, como ele bem assinala: "Só não tenho a certeza de que não seja necessário que os dinossauros excelentíssimos se extingam para que o futebol português recupere a sua vitalidade".
Numa altura em que, na Batalha, descobriram mais um esqueleto de dinossauro, com mais de 150 milhões de anos, desejo que não seja preciso tanto tempo para extingir com os que estão a mais no nosso futebol.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Carta atrasada

Nos primeiros anos de idade sempre acreditei no Pai Natal. E gostava. Mas nunca lhe escrevi nenhuma carta.
Hoje a febre consumista, transformou esta época num delírio. Compra-se quase tudo, mesmo que não se goste, mesmo que os que a vão receber não gostem.
Apesar de já ir atrasada, este tema do Boss AC, é uma carta dirigida ao Pai Natal, em estilo crítico, revelando algumas das falhas da nossa sociedade.
Quer gostem ou não do tema, eu vou continuar a gostar do Pai Natal.

domingo, 24 de dezembro de 2006

Sem blog

a imagem da dificuldade Por muito que tentemos ser originais, esta é a época das trivialidades. Por mais que rebusquemos na nossa criatividade, chega-nos sempre uma frase feita.
É verdade que, nesta quadra, pensamos mais nos que têm vidas complicadas, mas porquê só nesta data?
Um grande Natal para todos os que nunca vão saber o que é um blog.
A mensagem há-de lhes chegar.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Dos amigos

Eram muitos os teus amigos. Foram à tua despedida, dizer-te um até breve, seja onde for o lugar do reencontro. Fernando Alves, seu colega, seu amigo, no seu sinais da TSF, bem ao seu jeito, bem à sua maneira, muita vezes metafórica, mas sempre bela, deixou que as palavras homenageassem a nossa Leonor.



Tentei encontrar uma forma de me despedir de ti. Fui encontrar esta fotografia, onde o teu belo sorriso, sereno e calmo se destaca. Tu atiravas-me arroz, hoje envio-te um beijo.
Até sempre Leonor. Leonor Colaço (1967-2006)

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Testemunhos

Linda, como sempre Continuo olhar para ti, Leonor. Ontem à noite, foi à procura das fotos do meu casamento, onde estiveste presente. Lá estavas, ora atirando arroz para cima de mim e da Célia, ora compenetrada, durante o repasto.
Fechei o álbum e foi ao VeloLuso do Manuel José Madeira. Lá estava a Leonor, numa bela fotografia, que não resisto a publicar, assim como as lembranças do Paulo Cintrão, colega da Leonor durante muitos anos.
Logo vou à tua despedida, para te puder dizer...até já.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Em busca da Leonor

uma rosa na despedida Nestes momentos de saudade, procuro algo na Net. Vou encontrar um post no irreal tv.
Uma uma visão de Rui Cádima, com uma citação do Fernando Alves, como só ele sabe. Mais alguns cliques, descubro um de Nuno Markl no seu blog.
Continuo neste desvario de busca, como se estivesse à procura da Leonor, descobrindo o MZM. Passamos tantos momentos juntos, na nossa rádio. As lágrimas não resistem, rolando pela minha face, revoltada.
Leonor, os teus amigos de sempre estão contigo.

Com...laço

Uma paisagem como a Leonor, bela e tranquila Era assim que eu gostava de lhe chamar. Leonor Com...laço.
Tudo começou na aventura da rádio em Alverca. Era o tempo das piratas. O entusiasmo era enorme.
A Leonor Colaço (assim, sem a minha autoria), sempre foi reservada, introvertida até. Mas uma grande amiga.
No final dos anos oitenta, a 2000, que era a nossa rádio, a menina dos nossos olhos, acabou. Coisas da legislação da altura.
A Leonor continuou. Correio da Manhã Rádio, Rádio Comercial, e há meia dúzia anos a TSF, a telefonia sem fios.
Não nos víamos muitas vezes. Mas também não era preciso, pois a nossa amizade era muito superior à possibilidade de nos encontrarmos amiúde.
Ontem ela partiu. Sem avisar.
Uma coisa eu tenho a certeza. Quando nos voltarmos a encontrar, para fazer aquilo que gostamos, vai ser na Rádio Paraíso.
Um beijo para ti Leonor.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Sabor a passado

Na sombra o reencontro com o passado Depois de mais de vinte e cinco anos passados, dos dois lados da alegria, sabe sempre bem regressar, mesmo que por pouco tempo, ao convívio dos nossos. Daqueles que gostamos, mesmo não sendo família.
No início, estou reservado, vou tímido, encontrando um abraço aqui, um beijo acolá. Enquanto espero pelo jantar, fico impaciente. Como é habitual, a pontualidade é coisa que não existe pelas bandas da nossa margem, direita ou esquerda.
Começamos o repasto. Na minha mesa, vamos descobrindo, pouco a pouco, o lado de lá de cada um de nós, escondido, dado a conhecer com o passar dos minutos. Algumas garfadas volvidas, entretidas entre os vapores brancos e tintos, chegam os discursos. Habituais, de circunstância, sem nada de novo.
Perto do fim, o tempo de deambular entre as mesas. Agora sim, os abraços são mais fraternos, os beijos transbordam de saudade, o encontro sabe a passado.
Há quanto tempo não nos encontrava-mos.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Divisão pontual

Ora aqui está um desporto onde este problema não se põe Não há muitos anos atrás, as pontuações dos campeonatos de futebol, entregavam os pontos de forma crescente e consecutiva. Zero pontos para a derrota, um para o empate e dois para o vencedor. Aliás, foi assim, praticamente, desde o início dos pontapés na chincha.
Mas, em determinada altura, os estudiosos da matéria, tentando combater o denominado anti-jogo, resolveram alterar a forma de pontuar os resultados dos jogos de futebol, passando a vitória a atribuir três pontos.
A medida até agradou, de tal forma que outros desportos passaram, pouco tempo depois, a utilizar a mesma matemática classificativa.
Até aqui tudo bem. O pior foi que os jornalistas, habituados aos lugares comuns, muito vezes sem tempo para pensarem no que escrevem e dizem, continuam, passados largos anos desde a alteração, a escrever e a dizer, coisas do género, quando o jogo acaba empatado: “justa divisão pontual”, “partilha dos pontos foi injusta” ou “repartição dos pontos em disputa aceita-se”, quando se referem à justiça ou injustiça do resultado final.
Ora bolas. Vamos lá entendermo-nos.
Em caso de vitória, os pontos a atribuir são três. Se as equipas empatam, como é que se faz essa divisão? Então não é apenas um ponto para cada um? Onde é que está a divisão pontual?
É verdade que a língua portuguesa é muita traiçoeira, mas a ignorância dos que têm obrigação de a conhecer, é bem pior.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Porque hoje é segunda

Esta é a tradicional Oxford-Cambridge As segundas feiras são, para mim, dias complicados, principalmente, nos primeiros minutos de trabalho. Talvez por isso, hoje veio-me à ideia uma anedota que há dias me contaram, que retrata, de forma excelente, as nossas grandes empresas.

Uma empresa portuguesa e outra japonesa, decidiram enfrentar-se todos os anos, numa corrida de canoa, com oito homens cada. As duas equipas treinaram duramente e no dia da corrida estavam, ambas, na sua melhor forma. No entanto, os japoneses venceram por mais de um quilómetro de vantagem.
Depois da derrota, a equipa ficou desanimada. O Administrador criou um grupo de trabalho para examinar a questão. Após vários estudos, o grupo descobriu que os japoneses tinham sete remadores e um capitão, enquanto a equipa portuguesa tinha um remador e sete capitães.
Perante esta conclusão, o Administrador teve a brilhante ideia de contratar uma empresa de consultadoria para analisar a estrutura da equipa.
Depois de longos meses de trabalho, os especialistas chegaram à conclusão que a equipa tinha capitães a mais e remadores a menos.
Com base nesse relatório, a empresa decidiu mudar a estrutura da equipa, passando a ser composta por quatro comandantes, dois supervisores, um chefe dos supervisores e um remador.
Especial atenção seria dada ao remador. Ele teria que ser melhor qualificado, motivado e consciencializado das suas responsabilidades.
No ano seguinte, os japoneses venceram com dois quilómetros de vantagem.
Os dirigentes da empresa despediram o remador, por causa do seu mau desempenho e deram um prémio aos demais membros, como recompensa pelo desempenho e pela forte motivação que tentaram incutir na equipa.
O Administrador preparou um relatório da situação, no qual ficou demonstrado que foi escolhida a melhor táctica, a motivação era boa e o material deveria ser melhorado.
Neste momento estão a pensar substituir a canoa.


Talvez, nesta história, apesar de ficcionada, esteja parte dos problemas da nossa economia.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Grande caçada


A caça nunca fez parte das minhas distracções. Aliás, nunca peguei numa arma, até porque fiquei dispensado do serviço militar. Em tempos passados ainda fiz umas incursões pela pesca. Gostava especialmente, pela calmaria. Dias de grande relax, divertidos, mesmo quando chegávamos a casa com o saco, que seria para os peixes, vazio.
Mais uma vez, recorro ao Gato Fedorento. Sei que há algumas pessoas que não gostam, mas talvez seja porque nunca ouviram com atenção.
Ora vejam lá este...

sábado, 16 de dezembro de 2006

A importância de ser o primeiro

Tal como Rossi, é importante andar na frente Nem em época natalícia conseguimos ter descanso. Desta vez vamos investir no conhecimento da Search Engine Optimization, ou seja a optimização para motores de busca, que se trata de uma técnica usada para melhorar a posição dos sites nos resultados da pesquisa natural, não paga, dos motores de busca como o Google, Yahoo ou MSN.
Um estudo recente mostrou que cerca de 40 % das escolhas dos utilizadores, que fazem pesquisas, escolhem o primeiro site que lhes aparece como resultado da busca efectuada, daí a importância deste serviço.
Aproveitando uma analogia interessante, este processo é como passar a nossa loja física de uma rua desconhecida, para a baixa de Lisboa ou Porto. Contudo, esta transformação é longa e demora algum tempo, normalmente alguns meses, devido ao facto de ser necessária uma reindexação de toda a informação, a ser efectuada pelos motores de busca.
Esta optimização consiste em diversas acções, sendo as principais a escolha adequada de palavras-chave, uma correcta indexação do site nos motores de busca e o aumento da visibilidade e links para o seu sítio na Internet.
É caso para dizer, usando um ditado popular “candeia que vai à frente, alumia duas vezes”.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Viver com alegria

Mais uma incursão pela publicidade, de novo com crianças, o que a torna sempre muito agradável. Aproveitem o exemplo e vivam com alegria, principalmente nos piores momentos.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Eu, Jorge

A capa do polémico livro Há diversos dias que ando a ser pressionado, das mais diversas formas, perseguido por todo o lado, até me dão elogios, num blog vizinho, para verem se me desconcentram. Mas como disse o Major "não li o livro, não faço comentários".
Deixo apenas esta pergunta. Se toda a gente pode escrever livros (até o Macaco dos Superdragões escreveu um) porque é que a Carolina Salgado não pode?
Ela puder... podia, mas se falasse de culinária. Agora dizer mal do Pinto da Costa?
Que maldade.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Parabéns Fernando

Fernando Correia Já não é a primeira vez, que aqui, refiro a minha paixão pela rádio. Durante perto de vinte anos, agora interrompidos pela minha incursão académica, foram muitas as horas de relatos de futebol e não só, estúdio e outras dentro do métier.
Desde miúdo, que me habituei a ouvir o futebol na rádio. E desculpem-me os puristas, mas aí, o jogo tem outro encanto, a imaginação toma-nos conta dos sentidos.
De dentro do pequeno rádio, cedo me habituei àquela voz. A voz de Fernando Correia. Durante cinquenta anos, festejados este mês, a sua voz tem-nos transportado para os estádios, connosco sentados no sofá.
Há quatro anos, durante um curso de Jornalismo Desportivo, tive o privilégio de o ter como professor. Pude verificar que, em conjunto com a sua competência e facilidade na transmissão dos seus conhecimentos, transmitiu-me, também, a sua amizade. A amizade de um grande senhor da comunicação.
Obrigado, amigo (deixe-me tratá-lo assim) Fernando.
Vamos-nos vendo por aí, num estádio qualquer.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Quarenta e sete

Ricardo, Cláudia e Célia Sempre ouvi dizer, que a família é a sustentação de qualquer pessoa. Não posso estar mais de acordo. Sem ter percorrido o trilho, considerado normal, há luz dos padrões instituídos, mas felizmente, já quase banidos, a minha família dá-me a força que preciso para o dia a dia.
Esta parece uma frase feita, claro, para quem não tem o privilégio de ser pai e marido, destes grandes companheiros. Como o tempo é pouco, muito pouco, consegui juntar os meus filhos, ao almoço, à roda da mesa, para festejarmos os meus quarenta sete anos de vida. Ofereceram-me uma prenda, ritual normal. Um livro, com ele um postal, contendo dois versos, tão simples, como importantes:

Hoje fazes anos
não sabíamos o que te dar
Fizemos este poema
para contigo celebrar

Para além deste poema
demos-te um livro belo
Podes sempre lê-lo
a comer um caramelo

Não deixando de fora todos os que não se esquecem de mim, não só neste dia, mas em todos, só posso, abusando da liberdade da blogosfera, de pedir à Célia, à Cláudia e ao Ricardo, que sempre sejam como têm sido até hoje.

Incredulidade

Entrada principal do campo de concentração de Auschwitz (Birkenau) Confesso, que já poucas coisas me vão surpreendendo, nos dias que correm. A insensibilidade, a crise de valores, como escrevia há dias Jorge Monteiro, na sua Now Katrineta, a ausência de olharmos para o lado, para ajudar o nosso vizinho, todas estas constatações, já quase que me tornaram, também, alheio a alguns problemas.
Ontem, contudo, passando os olhos ao de leve pela televisão, retive duas notícias. Uma dava conta de uma conferência, no Irão, sobre o Holocausto. Mahmoud Ahmadinejad, presidente iraniano, já proclamou aos quatro ventos, que o brutal assassínio de milhares de judeus, é uma ficção ocidental para justificar a ocupação dos terrenos palestinianos. E agora vai fazer uma conferência, sobre um assunto, que segundo ele não existiu?
A segunda dizia respeito à morte do ditador Augusto Pinochet. Na rua, manifestações de apoiantes do general chileno, em oposição aos que se regozijavam com a sua morte. Como estarão as famílias, dos que foram assassinados, por ordem do general, cujos corpos nunca aparereceram? Como é possível dar vivas a quem, reconhecidamente, mandou matar todos, ou quase todos, os que lhe queriam fazer frente?
Estas notícias ainda me surpreendem. Mais, deixam-me incrédulo.
Será que todos os meios justificam os fins a que se destinam?

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Chumbo

Kikin Fonseca Na ressaca de mais um desesperante resultado do meu Benfica, dei por mim a ler a apreciação individual do mexicano Kikin Fonseca, titular devido à ausência de Nuno Gomes, expulso em Alvalade, de forma estúpida e justa. Escreve Nuno Perestrelo (será família do saudoso Jorge?) no jornal A Bola "Fez uma daquelas exibições que levaram à invenção do «avançado de equipa». Prendeu os defesas adversários, sim. Criou oportunidades para os colegas marcarem, sim. Antigamente chamava-se a estes jogadores «ponta-de-lança-que-não-marca-golos». Teve uma ou duas boas ocasiões para decidir o jogo, mas faltou-lhe instinto de matador e chumbou no teste".
Curioso...então os defeitos e as virtudes apontadas ao mexicano, não são os mesmos que fazem de Nuno Gomes, segundo a maioria da imprensa, indiscutível na equipa encarnada? E com a prestação em apenas um jogo, Fonseca já chumbou?
Por esta ordem de ideias, Nuno Gomes já teria chumbado há muito tempo.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Etiquetas da moda

um exemplo da moda Ora cá estamos nós, a pairar sobre uma nova designação. É claro que andamos na Universidade para aprender, mas o Professor Bruno Júlio não nos dá descanso.

A proposta desta semana passa por falarmos de folksonomy, (expressão usada pela primeira vez por Thomas Vander Wal) que rapidamente os brasileiros transformaram em folksonomia. Trata-se de uma palavra com a origem em taxonomia, que significa uma nomenclatura de classificações, uma forma de indexação. Antecipando-lhe um folks (povos, tribos), temos o nosso trabalho semanal.
Estamos perante uma inversão das formas de busca. Se na maioria dos casos, efectuamos pesquisas segundo as regras que estão definidas, com a folksonomia, as normas são estabelecidas por nós.
Não existe uma hierarquia de responsabilidade, mas sim uma organização lógica e mental. Os utilizadores vão usar tags (etiquetas), de forma a catalogar a informação, sendo que essas palavras-chave, vão criando uma nuvem, onde surgem as que mais vezes são utilizadas.
Já existem diversos locais na Internet (como por exemplo o del.icio.us, o flickr e o youTube) três grandes exemplos de sucesso na Web 2.0 e que utilizam tags.
Como exemplo de utilidade, os leitores poderão montar um jornal só com assuntos do seu interesse, e os jornalistas podem usar as suas próprias palavras para classificar os seus contéudos.
O futuro está aqui. A tendência é para que muitos aplicativos, baseados na Internet, venham a adoptar este sistema. Aguardemos.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [9]

Uma vista aérea da Montanha, com neve no Piquinho Estas espectaculares férias na Ilha do Pico estão a chegar ao fim. As malas já estão feitas, de fora apenas o necessário para os dois dias que nos restam. E claro tudo o que precisamos para a subida.
Uma aventura, daquelas que nunca mais nos esqueceremos.

Bateram à porta. Era o Deodato. Vinha-nos buscar para irmos em busca do grande desafio. O tempo não estava colaborante. Muitas nuvens, a montanha envergonhada, escondia-se para lá da nossa visão. Conferimos se tudo estava preparado. O plano que o nosso amigo tinha idealizado, passava por subirmos no início da tarde, durante cerca de quatro horas. Nessa altura estaremos no Pico Alto, uma cratera com um perímetro de 700 metros e com uma profundidade de 30 metros. Montamos aí a nossa tenda e preparamo-nos para observar o pôr-do-sol. Numa das extremidades desta cratera, fica o Piquinho ou Pico Pequeno, um cone vulcânico de 70 metros de altura e que constitui o ponto mais alto da montanha. Aí esperamos ver o nascer do sol, por trás da ilha de S. Jorge, que projecta a sombra da montanha no outro lado do oceano.
Cada um de nós leva uma mochila e um cajado. Além de material para recolha de imagem, levamos uma muda de roupa, chocolates, água e pouco mais, pois a subida é difícil e quanto menos peso melhor. O Deodato leva a tenda e os saco-cama. O tempo é que não está a colaborar. Equacionámos a hipótese de não avançarmos. Mas estávamos decididos e o Deodato não nos quis contrariar.
O sol foi-nos acompanhando nos primeiros minutos da escalada, mas cedo percebemos que as condições meteorológicas não estavam connosco. Estugámos o passo, dentro do possível, para aproveitar-mos a ausência de chuva que estava eminente. Registámos, entre as muitas nuvens que já nos acompanhavam, alguns planos da ilha do Faial e da sua magnífica cidade da Horta.
Com mais de duas horas de caminho e alguns chocolates ingeridos, chegou a pluviosidade. Inicialmente, em jeito de humidade, envergonhada, como pedindo desculpa de nos molhar. Depois, mais atrevida, encharcando-nos até aos ossos. As dificuldades vão aumentando e o alto tão longe. Para percorrermos uma pequena dezena de metros, temos de contornar largos minutos de curvas e curvas, pelos trilhos delineados entre a rocha vulcânica e a vegetação selvagem.
O cansaço vai aumentado. A Célia “tenta” desanimar, mas nós não deixamos. Depois de mais de quatro horas, chegamos ao Pico Alto, onde as condições climatéricas estão ainda piores. Estamos todos desanimados. Tentamos montar a tenda, mudar de roupa e descansar, mas tenda esta encharcada e inutilizável. A mochila não resistiu à intempérie. Procurámos uma furna para nos abrigarmos e conseguimos encontrar uma, bem baixinha, o que nos proporciona algumas cabeçadas desagradáveis no tecto da nossa nova casa.
Estamos gelados. Rapidamente procuramos mudar de roupa. Pijamas por baixo, fatos de treino por cima, fórmula para ultrapassar o frio. Que não resulta. A temperatura ronda os oito graus. São sete da tarde. O vento sopra forte e a chuva não abranda. Com o evoluir da noite a temperatura vai atingir a proximidade do grau zero. A opção é resistir ao frio ou descer já, enquanto há uma réstia da luz natural. Optamos por avançar de imediato, apesar de outra dificuldade se avizinhar. Apenas o Deodato trouxe lanterna.
Depois de ultrapassarmos os trinta metros do Pico Alto, iniciamos a descida. Rapidamente a noite vai caindo. O tempo vai lentamente melhorando, mas, dizem os entendidos, descer é pior que subir. O nosso guia vai à frente, seguido pela Célia e eu. O piso está muito escorregadio. Apesar de conhecer muito bem o terreno, o nosso anfitrião escorrega e a lanterna caí e...já não volta a acender-se. A preocupação aumenta. E agora?
O Deodato transmite-nos tranquilidade. Deixamos os cajados, aproveitamos a vegetação para a utilizar como escorrega, encurtando caminho, mantendo-nos o mais junto possível, procurando, sempre que caminhamos na posição natural, colocar os pés de forma segura para evitar as quedas.
Estamos esgotados, após várias horas e muitos tombos. Pelo caminho ainda temos tempo para apreciar, de novo, o Faial, agora na versão nocturna. Espectacular. Esta visão vale a pena o esforço. Vislumbramos o fim da linha. As últimas centenas de metros parecem quilómetros, mas finalmente chegamos ao sopé desta Montanha gigantesca, após dez horas de caminhada.
Voamos a doze mil metros de altura. Dentro de uma hora vamos aterrar na Portela, dez dias depois da partida. Apesar dos músculos ainda queixosos, fruto da aventura na montanha, já temos vontade de voltar. E o Piquinho que se cuide, pois isto não vai ficar por aqui.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

A culpa é dos alemães

Mapa da Europa com a Alemanha em destaque Pela sexta vez este ano, o Banco Central Europeu vai subir a principal taxa de referência europeia, em mais vinte cinco pontos. Quer dizer que a taxa base, da esmagadora maioria dos empréstimos que andamos a pagar, vai passar para três e meio por cento.
Logo de manhã, na rádio, ouvi uma especialista a explicar que, esta subida é inevitável, que a economia dos vinte e cinco está a crescer, mais nuns lados do que em outros, (nós estamos nos outros), que esse crescimento está a ser suportado pelo consumo dos particulares, e que neste especial, a Alemanha tem tido um principal destaque. Daí, continuava a tal especialista, para evitar uma pressão inflacionista por aquelas bandas, toma lá mais um aumento da taxa.
Então os germânicos andam a gastar demais e temos que pagar todos? Não podem aumentar a taxa só para eles?
A economia é uma coisa muita complicada, não acham?

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Faz de conta

Mais famosos que os musculados do wrestling
Durante dois dias, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, mais de vinte cinco mil pessoas, vibraram com o Wrestling, que é aquele desporto do faz de conta, popularizado pela televisão, com a especial atenção da SIC Radical.

Confesso que não sou fã (está na moda a frase, por causa do Scolari e da Caixa...mas aquela da vizinha...), pois gosto de desportos que não se saiba quem vai ganhar. Há algo mais bonito do que a incerteza do vencedor?
José Manuel Delgado, jornalista do diário desportivo A Bola, faz uma magnífica comparação, numa crónica publicada hoje. Com a devida vénia, transcrevo parte do texto "Um combate de wrestling é como uma aventura do Bip-Bip e do Coyote (...) sabe-se sempre quem vai ganhar e independentemente das maiores malfeitorias e violência, no fim ninguem se magoa."
Então digam lá, se há algo melhor de que uma bela aventura animada, com o pobre do Coyote a ser constantemente enganado pelo elegante papa-léguas?
Apetece-me terminar de forma sonora...bip-bip.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Apanhar o comboio

A derradeira oportunidade Regressamos a um tema suscitado pela disciplina, «culpada», por esta necessidade de blogar constantemente, de seu nome Comunicação On-line.
A sugestão, prende-se com os blogues corporativos, a nascerem agora, longe da febre dos pessoais, mas cada vez mais implementados.
Digamos que tudo passa por apanhar o comboio, aproveitando esta expressão popular. Esta ferramenta, conforme vem referido num texto do jornal Expresso, está a ser cada vez mais usada, nomeadamente, por empresas de menor dimensão. Nesse artigo, David Brain, presidente da Edelman Portugal, representada em Portugal pelo grupo GCI, afirma que "esta área está a mudar muito rapidamente. As empresas chegaram à conclusão que existem pessoas a falar sobre elas em comunidades on-line e querem participar nesse diálogo, pois se não participarem, não é por isso que deixam de ser um tópico de debate".
Digamos que se trata de uma discussão entre várias vizinhas, moradoras no mesmo pátio. Até podem estar a dizer mal de mim, mas eu quero estar presente, para alimentar e contribuir na discusão.
O trilho do desenvolvimento é por aqui, não convém ficar por fora.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Rescaldo vermelho


Pode-se gostar ou não. É mais ou menos como...as favas. Há quem as deteste e outros comiam-nas, todos os dias, se pudessem. O Gato Fedorento é mais ou menos a mesma coisa.
No rescaldo de dérbi, mais um grande boneco, simpático para os vermelhos, deixando com azia os verdes. Mas mesmo assim, irresistível.

Um dia

A imaculada amizade Não sou um apaixonado por poesia, da mesma forma que, apesar de lhe reconhecer o imenso talento, não sou leitor de Fernando Pessoa. Contudo há poemas e poemas. Este, que me chegou através de um amigo, é sobre ele, é sobre os nossos amigos. Sem mais palavras...

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do
companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas
cartas que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este
contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias
e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"

A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.

E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a isolada do
passado.

E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo:
não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a
causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa

sábado, 2 de dezembro de 2006

Coincidências

O verdadeiro local do dérbi
Mantendo o clima de boa disposição, trago mais uma descontraída anedota. Com o futebol como pano de fundo, mas indo ao encontro de uma outra variante.


Uma associação de anões portugueses, combinou um jogo de futebol entre eles. Um Sporting-Benfica. Encomendaram os equipamentos, às suas medidas, marcaram o campo e lá foram eles. Chegados ao local, verificaram que o recinto não disponha de balneários para se equiparem. No entanto, ao lado ficava a taberna do António. Lá foram e pediram ao dono, explicando os motivos, se podiam utilizar a casa de banho para se equiparem, ao que ele acedeu de imediato.
Primeiro equiparam-se os do Sporting, que pouco depois passaram, em passo de corrida, para o campo.
Gervásio, presença habitual, já bem bebido, viu-os passar. Esfregou os olhos, coçou a cabeça e ficou a pensar "já bebi demais hoje". Pouco tempo depois, passaram os do Benfica, velozmente em direcção ao local do jogo.
Gervásio, ficou incrédulo e não se contendo, gritou para o dono:
- Oh António, não o sei o que se passa, mas os teus matraquilhos vão a fugir!
Como curiosidade, e em jeito de rodapé, os do Benfica ganharam 2-0.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Dia de dérbi

Hoje é um dia de grandes emoções. Sporting e Benfica vão jogar mais logo, em Alvalade. Em Portugal, costuma ser apelidado como o dérbi dos dérbis. Vermelhos e verdes-e-brancos, mais logo vão lutar pela vitória. Normalmente, os ânimos exaltam-se, a cabeça pára de pensar, o coração pula. Que ganhe o melhor.
Em dia de jogo grande de futebol, fui descobrir, enviado por um amigo, um vídeo excelente. O São Pedro da Cova, dos distritais, ía jogar com o Alverca, na altura, na 1ª liga, para a Taça de Portugal.
O objectivo era "danificar" a camisola. Deliciem-se com a entrevista.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [8]

Ermida de S. Pedro, o primeiro templo a ser construído na ilhaO dia D tinha chegado. Os mais de dois mil e trezentos metros de altitude, esperavam-nos por detrás de um manto de nuvens cinzentas. Antes de partirmos para o sopé da montanha, tempo para recordarmos alguns pontos indispensáveis numa visita à ilha do Pico.


(continuação) O dia já ia longo, o alto da montanha estava coberto por um manto de nuvens, deixando a extremidade descoberta, o sol já preparava para se esconder ao fundo do Atlântico. Por hoje vamos ficar por aqui, regressando à nossa “adega” para descansarmos e carregar as “baterias” para outros dias intensos. Combinada, com o Deodato, está a subida ao alto da montanha do Pico.
O dia da escalada tinha chegado. A estadia no Pico foi apaixonante, todo o que vimos e visitámos, deixa-nos “convencidos” a voltar de novo. O dia da partida, para Lisboa, estava a aproximar-se rapidamente. Guardamos para o fim aquela subida. E que subida. Para trás ficaram na retina recordações de olhares não transmissíveis.
E observámos tanta coisa. O Museu do Vinho, que nos conta a história do vinho nesta ilha. A Adega Cooperativa onde se produz o famoso verdelho tão apreciado e que recebe habitualmente os visitantes, oferecendo-lhe uma prova do VLQPRD “Lajido”. Os Arcos do Cachorro, uma formação rochosa com a configuração do focinho de um cão deram o nome a esta zona. O mar penetra pelos diversos túneis feitos pela erosão, fazendo efeitos interessantes. Também nesta zona, foi construída uma central eléctrica, que funciona com a energia resultante da força das ondas. A Quinta das Rosas, parque florestal com espécies exóticas.
O Museu Industrial, situado em S. Roque do Pico, está instalado na antiga Fábrica das Armações Baleeiras, onde existem apetrechos utilizados na transformação da baleia em produtos como a farinha e o óleo. As lagoas do Capitão, Caiado e Paul, zonas de interessante paisagem. Os Mistérios de Santa Luzia, Prainha e S. João, formados pela lava de erupções vulcânicas, que se verificaram no mar e que se uniram à ilha. A Furna de Frei Matias, perto da vila da Madalena, é um local de interesse. Santo Amaro, conhecida por ser uma terra onde a construção naval, teve grande importância. Ainda hoje funcionam aí alguns pequenos estaleiros navais.
A Piedade, no parque Matos Souto, onde existem espécies vegetais raras. O Miradouro da Terra Alta, situado na estrada que circunda a ilha pelo Norte. Deste miradouro pode-se observar a Ilha de S. Jorge, assim como a paisagem que a riqueza florestal da Ilha do Pico nos oferece. A Calheta do Nesquim, povoação com pequeno porto de pesca com grande tradição baleeira. Foi neste local que se constituiu a primeira Armação Baleeira. Ribeiras, freguesia com porto de pesca, com grandes tradições na actividade piscatória, terra de bons marinheiros.
Claro que não perdemos a oportunidade de visitar as Igrejas que são os principais monumentos desta ilha. A Igreja de Santa Maria Madalena, a mais importante da ilha, construída no Séc. XVII. O Convento S. Pedro de Alcântara, edifício do Séc. XVII com interior muito valioso. A Ermida de S. Pedro que foi o primeiro templo a ser construído na ilha, datado do primeiro quartel do Séc. XV, situando-se nas Lajes do Pico. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída no Séc. XVIII. A Igreja de Santa Bárbara, nas Ribeiras, foi construída no Séc. XVII e reconstruída no Séc. XX e a Igreja de S. Sebastião, na Calheta do Nesquim, construção do Séc. XIX no local onde existia uma capela do Séc. XVI.(continua)

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Gestão por objectivos

As portas do céuAs anedotas fazem parte do imaginário dos portugueses. Somos mesmo muito bons a criá-las. Tem o condão de nos alegrar o interior, contribuindo para o aparecimento de um sorriso, que teimava em se esconder. Aqui vai uma, bem engraçada, reflectindo um tema da moda.


Numa cidade do interior, viviam duas mulheres que tinham o mesmo nome: Flávia.
Uma era freira e a outra taxista. Quis o destino, que morressem no mesmo dia. No céu, São Pedro esperava-as.
- Como te chamas?
- Flávia
- A freira?
- Não, a taxista.
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bem, ganhastes o paraíso. Leva esta túnica com fios de ouro. Podes entrar. A seguir...
- Como te chamas?
- Flávia
- A freira?
- Sim, eu mesmo.
- Bem, ganhastes o paraíso. Leva esta túnica de linho. Podes entrar. A religiosa diz:
- Desculpe, mas deve haver algum engano. Eu sou Flávia, a freira!
- Sim, minha filha, e ganhastes o paraíso. Leva esta túnica de linho...
- Não pode ser! Eu conheço a outra, Senhor. Era taxista, vivia na minha cidade e era um desastre! Subia as calçadas, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 65 anos pregando todos os domingos na paróquia. Como é que ela recebe a túnica com fios de ouro e eu esta?
- Não há nenhum engano - diz São Pedro. É que aqui, adoptamos uma gestão mais profissional do que a de vocês lá na Terra...
- Não entendo!
- Eu explico: Já ouviu falar de gestão de resultados? Pois bem, agora nos orientamos por objectivos, e observámos que nos últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam. E cada vez que ela conduzia o táxi, as pessoas rezavam! O Resultado final é que importa!

A esfera negra

Uma esfera inspiradora Cedo conheceu as primeiras palavras, através do jornal A Bola, entre os dois e os três anos de idade. O gosto pela língua portuguesa foi aumentado. Mais tarde chegou a poesia. Fica aqui um exemplo, com a promessa de mais.

Aqui vou eu,
no aconchego
deste mundo ambulante,
com um sorriso nos lábios,
pensando
na esfera negra, brilhante,
com vida.

Depois de entrar na
nuvem envelhecida, vou em
ritmo lento,
de forma a ver a paisagem nocturna,
reluzente
num momento.

Cheguei ao
rectângulo branco.
E a esfera negra na
minha direcção. O que fazer?
Vou, não vou?
E com um batimento fortemente suave,
acaba esta “viagem”…

Ricardo Paulino

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Em quatro rodas

Automóveis e árvores de Natal, por vezes parecidos Ontem, surpreendeu-me a notícia daquele casal da Guarda, que entrou no túnel do Metro do Porto – o andante, como dizem os locais – percorrendo perto de mil metros, até se deter. Até aqui tudo bem, até engraçado. O pior é que parece que já não é a primeira vez que tal acontece…só que agora estava lá a televisão. Será que a sinalização é a mais correcta?
Já que estou na maré dos automobilistas, não posso deixar passar dois reparos. O primeiro vai direitinho para os que, nas estradas com três faixas, persistem em seguir sempre na faixa do meio. Tenho perguntado a mim mesmo, porque será? Será que gostam de ver passar os outros, dos dois lados do carro? Ou será que adoptaram o ditado de que no meio é que está a virtude? Provavelmente pertencem a um partido centrista.
O segundo vem iluminado. Os veículos de quatro rodas têm, a maioria, faróis de nevoeiro, à frente e atrás. Servem para situações de visibilidade reduzida. O pior é que a rapaziada usa e abusa deles, até de dia e com boas condições atmosféricas. Hoje, quando vinha a caminho do emprego – de automóvel, pois a CP está em greve – vi vários nestas condições, bem coloridos, cheios de luzinhas. Mas, pronto, nesta altura do ano até se compreende. Também eles querem imitar as árvores de Natal.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Fim da vida

Símbolo de mau tempo Portugal tem sido, nos últimos dias, assolado pelo mau tempo. Principalmente na última sexta-feira, de norte a sul, chuvas intensas, empurradas por fortes rajadas de vento, deixaram este nosso cantinho quase às avessas.
No meu trajecto matinal para o trabalho, encontrei, hoje, diversas vítimas da intempérie. A maioria esventrada, algumas, ainda mostrando as suas cores garridas, mas todas já com o seu ciclo de vida terminado.
Um silêncio respeitoso pelos derrotados chapéus-de-chuva.

domingo, 26 de novembro de 2006

Marketing Viral

O mail é uma das principais ferramentas para a divulgação do marketing viralMais uma proposta interessante, para um assunto, para mim, até agora, desconhecido.
Percebe-se, de imediato, que se trata de uma forma de publicidade apelativa, através do poder de uma comunicação baseada no «boca a boca». Ou como diriam os franceses «système du bouche à oreille» (segredo ao ouvido).
A táctica é fácil. Uma disseminação idêntica à de um vírus informático, daí o nome. Trata-se de uma forma de propagação, de uma mensagem, atraente, calculada para seduzir o receptor, muitas vezes apelando ao «coração», para que a cadeia não se quebre. Tal e qual os e-mail’s que recebemos, com ameaças de desgraças sem fim, caso não os reenviemos a todos os nossos amigos. Nada mais fácil.
Há quem chegue perto da comparação entre marketing viral e spam. A distância não é grande. Esperamos que a qualidade dos profissionais da área a torne enorme.
Como exemplo, fica a Festa da Gil, descrita, numa notícia do Diário de Notícias.
O livro do Guinness tem registada a maior acção de marketing viral, a Festa do Gil, de nacionalidade portuguesa. Desta vez, a missão da iniciativa tinha um cariz social, nomeadamente a ajuda da Fundação do Gil, de apoio à infância.
O arranque foi dado pela presidente da instituição, Maria José Ritta, ao enviar o primeiro convite para a festa de solidariedade. Depois, os interessados só tinham de visitar o site da só Vector21 e requisitar um ou mais convites para o e-mail pretendido. Posteriormente, tinham de os imprimir e distribuí-los por familiares e amigos.
A fase final consistia na entrega dos convites nos quiosques criados para o efeito, na Alameda dos Oceanos. Por cada convite entregue, a Fundação do Gil recebia um euro dos patrocinadores. Resultado 60
mil pessoas visitaram o site e 80 mil compareceram na festa de solidariedade.

sábado, 25 de novembro de 2006

Morte de João Ratão deixa Carochinha despedaçada

Um primeiro olhar de João Ratão para a Carochinha
Nesta vida académica, hoje pediram-me para criar uma notícia, baseada na história da Carochinha. A nossa fonte transmitiu os factos, como ela se recordava, criatividade quanto baste, para não deturpar os dados transmitidos, e resulta numa versão moderna de um conto da nossa infância.


João Ratão, que ia hoje casar com a Carochinha, morreu há uma hora, na Lapónia, vítima de afogamento.
Duas horas antes da cerimónia, entre a rica Carochinha e o carteiro João Ratão, este, ao provar a sopa, que iria ser servida aos convidados, caiu no caldeirão.
Quando se aperceberam do acontecido, vários amigos tentaram salvá-lo, mas já era tarde demais. Ainda foi socorrido pelos bombeiros locais, “mas nada havia a fazer”, informou o Comandante, Leandro Leão.
Carochinha, de cinco anos, tentava há vários meses encontrar companheiro, para com ele gozar da sua fortuna.
João Ratão, foi o quinto de vários pretendentes, que a tentaram desposar, entre eles, Porfírio Porcalhão e Bonifácio Burro.
Quando limpava a sua casa, há cerca de uma ano, Carochinha encontrou uma valiosa moeda de ouro, que a transformou, na rata mais rica da sua cidade.
Ainda não é conhecida à data e hora do funeral de João Ratão, que fazia sete anos na próxima semana.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A minha escola

Escola do 1º Ciclo, em Alverca Ontem voltei a uma escola primária. Já tinha saudades, principalmente do espaço envolvente, o recreio, onde andavam uns miúdos a jogar à bola.
A minha escola tinha pouco espaço, apenas o suficiente para brincar à apanhada, ao toca e foge e pouco mais. O futebol ficava fora das nossas brincadeiras, para minha tristeza.
Nas traseiras, existiam vários quintais. Alguns tinham galinhas, que gostavam de mim e eu gostava delas. Eu dava-lhes o pão que a minha mãe mandava para eu comer.
A minha escola já não existe. As galinhas não sei.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [7]

Caldo de Peixe à moda do PicoA visita a esta maravilhosa ilha, vai-se aproximando do fim. Agora é altura, acompanhados pelo Deodato, de conhecer o que de bom se come e bebe por aqui. E a subida ao alto da Montanha aproxima-se.



(continuação) Deixámos para trás dois dos mais importantes símbolos desta Vila Baleeira e fomos à procura de aconchego para o estômago. Aqui, a dificuldade prende-se com a escolha, devido à qualidade. Somos pessoas com sorte, tendo como anfitrião o Deodato. Um verdadeiro amigo, que entre duas garfadas, foi-nos dando uma panorâmica da gastronomia picoense.
«O mar generoso oferece-nos uma ampla variedade de matéria-prima para a confecção de deliciosos pratos. Os crustáceos como a lagosta, cavaco e o caranguejo, os moluscos encabeçados pela lapa e a craca, manjares inigualáveis, e os seus “primos” lula e polvo, base de pratos únicos como o “polvo guisado em vinho de cheiro”. Peixes de todos os tamanhos, formas, cores, texturas e sabores - abrótea, chicharro, moreia, veja (desconhecido no Continente, muito parecido com o bacalhau), írio, salema, cherne, garoupa, espadarte – tornam difícil a escolha. Cozidos, fritos ou grelhados são um pitéu, mas ainda podem oferecer-se num divinal “caldo de peixe” ou numa espectacular “caldeirada”».
O nosso Deodato, quase nem come, embrenhado na descrição gastronómica do seu Pico «mas as nossas pastagens não são menos pródigas que o mar que as rodeia. As carnes de bovino e suíno mostram-se imbatíveis numa “molha de carne à moda do Pico”, com carne de vaca ou uns “torresmos”, a partir da carne de porco. A carne de bovino não é menos apetecível num bom bife. A de suíno, faz umas singulares “linguiças” e “morcelas”».
O almoço está a terminar e chega também a altura para o nosso anfitrião falar dos acompanhamentos, sólidos e líquidos «os queijos de São João e do Arrife, ambas a partir do leite de vaca, vão muito bem com um vinho verdelho e um pão de massa sovada. Quando não se deseja experimentar os dezasseis graus do verdelho, como medo de não se conseguir levantar, aconselha-se um “vinho de cheiro” ou um dos brancos ou tintos produzidos na ilha».
Falar do vinho do Pico, é sinónimo de orgulho. Deodato não foge à regra. Ao mesmo tempo em que nos explica as origens, os seus olhos azuis vão brilhando «a cultura da vinha está associada aos primeiros tempos do povoamento, nos finais do século XV. O vinho verdelho, a partir da casta do mesmo nome, ganhou reputação mundial ao longo dos séculos, chegando à mesa dos czares russos. A partir do século XIX são introduzidas novas castas que dão origem a vinhos de mesa brancos e tintos. O modo de cultivo, contra a aspereza dos terrenos vulcânicos quase sem terra vegetal, em currais, que são áreas muradas de pedra negra, de muito pequena dimensão, marca igualmente a cultura da nossa ilha».
Um golo de verdelho e a retoma da explicação «prova da importância local e mundial é o facto da UNESCO, em Julho de 2004, ter considerado a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, criada em 1996, como Património Mundial da Humanidade. Currais, maroiços, que são diversos amontoados de pedra em forma de pirâmide, vinhas e adegas com os seus equipamentos, são elementos emblemáticos da vinha e do vinho».
A refeição já ia longa, mas os doces e os digestivos estavam a chegar, motivo para ficarmos a saber mais sobre a doçaria local e não só «adoçamos a boca com um bom prato de arroz doce, massa sovada ou rosquilhas. Para rematar, um bagaço do Pico, uma aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou de uma “angelica”». (continua)

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Fora de tempo

António Joaquim Rodrigues Ribeiro, o seu nome verdadeiro As ondas do éter, continuam a transmitir-me os sinais que vou precisando. Hoje, um qualquer anúncio publicitário, fez-me regressar ao sons dele. Aquela voz "esquisita", com roupas estranhas, nitidamente um caso de aparição fora de tempo. Tenho saudades dela, daquele timbre inimitável do António Variações. Estou além, transporta-nos para o seu mundo. Muito para lá...

terça-feira, 21 de novembro de 2006

The Long Tail

A cauda longa colorida No mundo da imaginação, chega-nos, via Comunicação On-line, a Longa Cauda. De virtual tem pouco e fez-me chegar...a uma poção mágica para o David poder vencer o Golias. Alheado da realidade, o colosso vai acordar tarde demais para produzir um antídoto.

Make love not war

A dança dos corpos Um título de um post, façam amor, não guerra, que atravessou uma geração do século passado, procurando suscitar o apelo dos corpos, em detrimento dos despedaçar dos mesmos.
Um casal pacifista norte-americano "recuperou" o lema, transformando-o no dia do Orgasmo. 22 de Dezembro, no solstício de Inverno, a solução para a paz mundial, acreditam eles, passará por fazer amor.
Um Orgasmo Global. Concordamos todos. Há iniciativas bem piores.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Falta algo naquela paisagem

Imagem da construção da nova Aldeia da Luz Faço da minha audição radiofónica matinal, habitualmente na TSF, inspiração para os meus posts, que tento que sejam diários. Hoje eles estavam no Alqueva.
Recordei-me da Aldeia da Luz, a original, submersa pela subida imparável das águas, que não conheci. E da nova, nova de mais, tão diferente da outra, disseram-me quando lá estive, durante o acompanhamento de uma étapa da Volta ao Alentejo em bicicleta.
Notava-se que faltava ali qualquer coisa. Tem a praça de touros, o campo de futebol, a igreja...mas sente-se, no ar, a inexistência de algo muito importante. O cheiro da terra, da terra deles, que não se consegue reproduzir, artificialmente.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Saudade

Joaquim da Silva Paulino (1934/2005) Nada acontece por acaso. A minha paixão pelo desporto, principalmente, pelo futebol, herdei-a do meu pai. Desde cedo que me começou a levar a ver jogos, lá, no campo, nos pelados.
Madrugadoramente, "ensinou-me" a ouvir relatos de futebol, na rádio, nos pequenos aparelhos transistorizados. Outra paixão que perdura.
Há um ano, ele, o meu inspirador, deixou-me.
Perdi o meu melhor amigo. Ganhei uma imensa saudade.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [6]

Bem perto de dois cachalotes Outros tempos, outras realidades, sempre a mesma inspiração. A observação dos adversários e a homenagem aos que com eles lutaram.

(continuação) Numa nova atitude perante a Natureza, a caça artesanal à baleia foi substituída pela observação, estudo e investigação dos cetáceos que cruzam o mar dos Açores, geralmente acompanhada de uma acção pedagógica sobre a vida e hábitos destes animais que os visitantes se propõem observar, a par de alguns conselhos e comportamentos recomendados nestas incursões ao mar. Em redor do Pico vêem-se, com frequência, algumas das vinte e uma espécies de cetáceos que rumam aos Açores, nomeadamente o Cachalote, o Golfinho comum, o Golfinho riscado, o Moleiro e a Baleia piloto. O encontro com estes animais, a poucas milhas da costa é uma experiência única, onde a admiração se mistura com a curiosidade, possibilitando registos, nas mais diversas películas, ou simplesmente na nossa memória, de rara beleza e encanto. Presos pela mesma magia de outrora, os homens prescindiram da aventura da caça de baleias para se tornarem caçadores de imagens e de novos conhecimentos.
Em 2001, para assinalar a passagem dos 500 anos da criação do Município, a Vila das Lajes concebeu uma homenagem aos protagonistas da centenária saga baleeira: um monumento da autoria do escultor Pedro Cabrita Reis, colocado no porto a desafiar o oceano. Nessa data, Cabrita Reis escreveu um breve texto que fala da sua obra e do modo como ela procurou, em termos estéticos, corresponder a uma representação da saga baleeira.
«Uma obra deve perdurar no tempo, atravessando as diversas conjunturas temporais, sem se tornar anacrónica. Para isso, deverá ter uma forte carga simbólica, em vez de se limitar apenas a tentar, imitar a realidade. A sociedade transforma-se por via das interrogações que a cada momento se colocam, as mentalidades enriquecem-se e criam uma consciência nova. Apesar de tudo não podemos ignorar o que fizemos, e a história das Lajes do Pico é inevitavelmente feita também pelos baleeiros.
Uma comunidade responsável deve viver em paz com a sua história. Para marcar a lembrança do seu passado construi-se um monumento que transmite para o futuro algo que faz parte de si próprio. É essa a intenção de um Monumento à Baleação.
Do homem interessa-nos o seu engenho, a sua capacidade de edificar. Do mar e da baleia, um todo aqui simbolizado pela curva desenhada ao longo do monumento. No branco luz, a memória da espuma das ondas. E os nomes dos baleeiros que fizeram história da baleação nas Lajes do Pico». (continua)

Futebolês

A festa do golo Portugal, ontem à noite, cumpriu a sua obrigação e venceu o Cazaquistão por 3-0.
Hoje de manhã, vinha a ouvir na rádio a conferência de imprensa de Scolari. A dada altura, ele disse "falhámos vários golos". Ora bolas, diria você, golos não se falham, senão não são golos. Certo, mas isto é o futebolês.
Esta é a linguagem muito própria do futebol, que transforma disparates linguísticos, em frases curriqueiras.
Uma das mais célebres é "chutou com o pé que tinha mais à mão".
Não se sabe se foi golo.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Segredo de justiça

José VeigaUma das temáticas que tem sido debatida nos últimos tempos, tem sido a questão do sigilo profissional. Importante, do lado dos jornalistas, de forma a salvaguardar as suas fontes. Fulcral da parte dos profissionais da justiça, de modo a proteger a privacidade dos arguidos, e as vezes nem isso.
Ontem, esta novela, teve mais um episódio. Aquando do arresto de bens do dirigente do Benfica, José Veiga, na sequência de um processo a correr no Tribunal de Cascais, eis que, não chegaram só os funcionários judiciais, mas também uma equipa de reportagem da TVI, inventando um directo, degradante, com sofás e televisores a serem os principais actores.
Obviamente, que o referido órgão de comunicação, soube em 1ª mão (segundo José Veiga, até primeiro que ele) o que ia acontecer.
Como em Portugal, a culpa costuma morrer solteira, não vão haver culpados.
Se nem nos funcionários dos Tribunais podemos confiar, havemos de acreditar em quem?
Já agora, como, inebriados pela grande reportagem que estavam a exibir, ninguém na TVI nos explicou o que é um arresto, eu vou tentar. Trata-se de um recurso que, um credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito, podendo requerer o arresto de bens do devedor. Uma espécie de penhora preventiva, de forma a evitar que os bens sejam vendidos antes da decisão judicial.

domingo, 12 de novembro de 2006

Sem lágrimas, nem perdão


Não nos cansamos de ouvir casos, em que a violência doméstica ultrapassa as barreiras do insulto.
As mulheres, as nossas mães, as mães dos nossos filhos, são as principais vítimas.
Parem.
Não queremos que elas chorem...

Morrer de amores pelo Pico [5]

Várias fotos da caça à baleia
O antigo baleeiro de São Mateus, continua a contar-nos as suas aventuras, jamais esquecidas por ele.

(continuação) Luís de Sousa conta que passavam o dia no mar. «Antes de anoitecer regressava uma lancha ao porto para trazer os botes e levar comida para os que ficavam na outra lancha a rebocar a baleia, que, nos últimos anos da actividade era levada para o Pico. Levava dois dias, noite e dia, a arrastar as baleias para o Pico com as duas lanchas. Era uma pescaria arriscada. Apanhámos algumas pancadas, às vezes a baleia batia no bote e a gente ficava espalhada por cima do mar entre a Graciosa e a Terceira. Tivemos sorte de não morrer.
Até ás cinco da tarde os caçadores não podiam sair do porto. A partir dessa hora estavam dispensados porque se aparecesse baleia já não havia horas para arrear. Por vezes passavam-se dias sem que se avistassem animais. Nessas alturas os homens iam de noite para pesca, porque não se podia viver só da baleia. Era uma vida arriscada, uma vida amargurada e dava pouco. A gente ganhava muito pouco. Por cada bidão de óleo de baleia ganhava-se três escudos. Uma baleia dava, no máximo, 50 bidões de óleo, ou seja 150 escudos. Em seis meses de baleia, o máximo que a gente apanhava era 35 baleias e tinha que ser um Verão bom de baleias. Começava em Maio ou Junho e acabava em Novembro. De Inverno, a gente não arreava a baleia».
Segundo Luís de Sousa a explicação para a façanha de aqueles homens conseguirem capturar as baleias estava na (in) capacidade de visão do animal. «Ela só vê para os lados, porque se ela visse para a frente e para trás não se deixava matar. Quando a gente vai trancá-la, vai pelo lado da cabeça ou do rabo que é para ela não ver o bote. Quando sente o bote já está trancada. Quando nas aflições da morte, o que a baleia apanhar come, mas não ataca, pode uma baleia estar no mar e a gente estar-lhe a tocar, que ela não ataca».
Segundo o baleeiro, a baleia caminha sempre em frente com a boca aberta «o que cair ali ela vai comendo, mas a sua refeição preferida é o “lulão”. Se ela achar a comida dela num sítio, leva dois ou três dias ali sem sair. Vai para baixo e a gente espera por ela ali. Uma baleia grande está mais ou menos uma hora por baixo de água e vinte minutos em cima. Parece que tem um relógio consigo. Este ritual é repetido vezes sem conta. Desce e volta a emergir. No entanto, se ela estiver espantada, sentir o barulho dos barcos, dos motores já não aguenta uma hora em baixo, está vinte ou trinta minutos e vem para cima. Se ela sentir barulhos, não se deixa matar, vê mal, mas ouvir, ouve longe…e se há alguma baleia ferida as outras ouvem-na e procuram-na logo».
Entre as aventuras no mar, Luís de Sousa narra a história de José Tomás Silva que conseguiu escapar de dentro da boca de uma baleia. O mais antigo baleeiro de São Mateus, ainda vivo, já não conta a sua aventura na primeira pessoa, mas apressa-se a mostrar as marcas que os dentes da baleia lhe deixaram no corpo.
Luís de Sousa ainda não ia à baleia naquele tempo, mas conhece bem a história que contam os pescadores. «Eles trancaram uma baleia. Na ocasião em que foi trancada rolou-se para dentro do bote e abraçou-o com a boca aberta. O homem ficou no meio da boca da baleia, entre o bote e a boca. Se ela fecha a boca mata-o. Calhou ela nunca fechar a boca. Ele ficou com os dedos rasgados de ver se fugia da boca dela. A baleia acabou por cair do bote e o homem conseguiu escapar, tendo sido recolhido do mar pela lancha que acompanhava os botes. Ficou apenas com um defeito numa mão e numa perna. Mas o episódio não foi suficiente para desistir da caça à baleia. Estava apenas no início de uma vida de longos anos dedicados à actividade».
Despedimo-nos com ternura deste velho homem, memória viva de uma luta, que ocorria dentro de botes frágeis e nem sempre suficientes para resistirem à força das baleias e cachalotes. Esses engenhosos botes da arriscada aventura foram substituídos por outros mais rápidos, que agora levam os turistas para outra actividade – o Whale Whatching. (continua)

sábado, 11 de novembro de 2006

Genialidade


As paixões são assim. Gosta-se muito e pronto, não há nada a fazer. Além do jornalismo, o futebol preenche grande espaço da minha necessidade de admirar algo de belo. Concordo que, como em todas as actividades, andam por aí alguns, que à sombra deste espectacular jogo, procuram ganhar a qualquer preço, não olhando aos meios para conseguir os seus fins. Acredito que esses vão desaparecer.
Felizmente que ele é forte, proporcionando-nos momentos como este.
Pequenos génios, como Fabrizio Miccoli, fazem com que amemos, cada vez mais, o futebol.

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Jorge Perestrelo, a minha homenagem


Habituei-me a ouvi-lo e a admirá-lo. A sua forma, muito sua, muita gingona, marcou uma época, revolucionou a forma de se relatar o futebol em Portugal. Emocionava-me a ouvi-lo cantar os golos... as suas reviangas... o seu ripa na rapaqueca. Não escondo que procurava imitá-lo, dar chama aos meus relatos, procurar chegar perto da classe do Jorge Perestrelo.


Tive o prazer de o conhecer pessoalmente. Os amigos mais próximos diziam que tinha um coração enorme, apesar do mau feitio. Quero lá saber, para mim vai ser sempre o maior.
Mais de um ano depois do seu desaparecimento, fica a minha pequena homenagem...o seu último golo, gritado a plenos pulmões, como soubesse que a morte estava logo ali, ao virar da esquina. E ainda hoje choro, quando oiço este golo do Sporting, cantado por um benfiquista como eu.

domingo, 5 de novembro de 2006

Morrer de Amores pelo Pico [4]

Esquartejamento da baleia, com a Montanha em fundoChegámos ao quarto movimento. Os baleeiros, vão aparecer, estar na primeira pessoa, agora e depois...

(continuação) Depois desta visita apaixonante ao Museu, sentimos necessidade de saber mais sobre esta arte. Nada melhor que o Dr. Francisco Medeiros, Director do Museu dos Baleeiros, para nos falar mais sobre mais de um século de luta entre homem e animal «uma das coisas que me provoca espanto é o facto de nunca se ter inovado na utilização dos utensílios da caça.
Em 1850 apanhavam-se baleias com lança e arpão tradicionais e artesanais. Em 1987 apanhou-se a última baleia exactamente com arpão e uma lança.É difícil dar uma explicação satisfatória e conclusiva a este meu espanto. Neste momento acredito um pouco que isto tenha a ver com uma característica da actividade baleeira... ao facto da actividade baleeira não se resumir unicamente ao aspecto económico. Em associação aos aspectos económicos deverá haver, concerteza, outros aspectos que terão forçado ou incrementada essa resistência à inovação.
Eu penso que associado à actividade baleeira há de facto um domínio cultural fundamental, há uma ética baleeira, uma forma de ser, de exercer a caça — uma arte, porque não? — que implicava a resistência à inovação. Um baleeiro é um homem que enfrenta o maior animal da terra, cara-a-cara com uma lança e um arpão. Nunca quis enfrentar um cachalote com um canhão, com um "Bomblance". Na legislação, nos regulamentos da baleação, chegou inclusive a constar como elemento da palamenta o "Bomblance"... e houve um ou outro caso em que se experimentou a posição do "Bomblance" que, como diziam os baleeiros, sempre foi uma arma que nunca foi bem aceite e que sempre foi rejeitada e acabou por desaparecer... ficava na "casa dos botes", arrumada e não era utilizada». Olhos nos olhos — baleias e baleeiros... sem artifícios para mortandades comerciais «um jovem para ser integrado na sociedade tinha de ser baleeiro. Uma forma de ser alguém. Ser um membro activo».
Morrem os baleeiros mas fica a sua cultura, a sua ética, os seus rituais, a sua mentalidade. A curiosidade é assim: quanto mais sabemos mais queremos saber. Olhamos um para o outro e para podermos chegar mais longe, para podermos chegar ao mar, tínhamos que ouvir as histórias dos baleeiros, na primeira pessoa. Luís de Sousa, antigo baleeiro de São Mateus foi o nosso contador de histórias «às oito da manhã os vigias estavam a postos. Quando se avistava a baleia comunicava-se com o porto e logo o foguete de seis bombas era lançado. Os homens, que pescavam junto à zona, corriam para terra, as nossas mulheres já estavam no porto com a saquinha da comida para a gente levar». (continua)

Gato Bento ou Paulo Fedorento?


Ricardo Araújo Pereira, numa caricatura, tão próxima da realidade, que nos deixa de boca aberta.
Imperdível.

A Matemática da Paixão

Um cruzamento feliz Matemática e poesia, duas artes, muitas vezes incompreendidas. Talvez, retratadas desta forma, tornar-se-iam, facilmente, numa paixão, assim...

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a
Relatividade.
E tudo que era expúrio passou a ser
Moralidade

Como aliás, em qualquer
Sociedade.
(autor desconhecido)

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Yesterday


Ontem...bem longe, mas com o rótulo de qualidade. Num momento brilhante, Paul McCartney, sózinho em cima do palco, com os restantes Beatles nos bastidores. Um tema que não tem idade.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [3]

Fachada principal do Museu dos Baleeiros

Ao terceiro andamento, a personagem principal vai ser o Museu dos Baleeiros


(continuação) Nos dias de hoje, a divisão administrativa da ilha mantêm os três concelhos, com dezassete freguesias. Calheta de Nesquim, Lajes do Pico, Piedade, Ribeiras, Ribeirinha e S. João, nas Lajes; Bandeiras, Candelária, Criação Velha, Madalena, S. Caetano e S. Mateus, na Madalena; Prainha, S. Roque do Pico, Santa Lúzia, S. Amaro e S. António, em S. Roque.

Quarenta minutos e vários quilómetros depois chegámos à Almagreira, lugar onde vamos residir nestas férias. Deslumbrante. Uma antiga adega recuperada, toda em pedra basaltica, com o Atlântico e a vila das Lajes bem por perto, plantada à sombra da imponente montanha do Pico, com os seus 2.351 metros, hoje, totalmente descoberta, sem o seu habitual anel nebuloso, convidando para uma escalada que não vai tardar.
Algumas horas de descanso, numa noite bem tranquila, onde o leve soprar do vento, misturado com o cantar das cagarras, permitiu-nos ganhar energias para os dias “cheios” que se seguem. Começamos pela descoberta da vila lajense e o seu Museu dos Baleeiros, o ex-libris desta localidade. Falar do Museu dos Baleeiros é mergulhar numa parte importante da essência cultural profunda desta ilha. Citando Vitorino Nemésio: “Como as sereias, temos uma dupla natureza: somos de carne e de pedra. Os nossos ossos mergulham no mar.”
A baleação nos Açores remonta a meados do séc. XIX, altura em que se iniciaram as primeiras tentativas de introdução de caça artesanal (com arpão e lança), de forma sedentária, a partir de pequenos portos. A baleação é um fenómeno açoriano, mas foi no Pico que atingiu a sua maior expressão. Nas Lajes, vulgarmente denominada “Vila Baleeira dos Açores”, o sonho e a tenacidade de alguns, tornaram possível a construção do Museu, inaugurado em Agosto de 1988.
Para além de um vasto espólio sobre a temática baleeira, o referido Museu possui um pequeno auditório onde se podem visionar filmes relacionados com aquela actividade e uma biblioteca-arquivo com diversa bibliografia e documentação, fundamentais para o estudo da baleação. O Museu dos Baleeiros sabe a mar e a epopeia. Um espaço dominado pela emoção e pela paixão. Despojado, sóbrio, autêntico, é, como realidade museológica, uma homenagem silenciosa a todos os baleeiros açorianos. Nas palavras do poeta Almeida Firmino, “Heróis sem nome com um pé em terra e outro no mar”.
Associada à actividade baleeira, nasce o scrim shaw, decorrente da gravação em dente de osso de baleia, de que resultam produtos muito valiosos tendo em conta a matéria prima utilizada, o marfim, a que se junta uma mais valia resultante da capacidade artística dos seus criadores, que, de uma forma brilhante, procuram eternizar as vivências e memórias dos seus antepassados. O génio que construiu os botes baleeiros permanece na construção de delicados modelos à escala, que reproduzem ao mais ínfimo pormenor as canoas em tamanho real. Alguns destes modelos são constituídos em osso mandíbular do cachalote.
Dentro do Museu podemos também encontrar a divulgação de outra manifestação de muito interesse, que está a alcançar prestígio, tanto a nível nacional como no estrangeiro. É a "Semana dos Baleeiros”, que se realiza na vila das Lajes, no mês de Agosto, integrada na Festa de Nossa Senhora de Lourdes, anualmente celebrada na última semana daquele mês, a quem os baleeiros suplicavam a sua protecção. É um acontecimento com grande tradição, pois esta solenidade data de l883.(continua)