Todos os dias de trabalho o encontro. Ao fundo das escadas da estação ferroviária, cabelo branco desgrenhado, chapéu-de-chuva a imitar uma bengala, com a mão esticada. Mais tarde na deslocação para o almoço, outra cara familiar. Corpo curvado sobre um pau, barba por fazer, voz rouca, implorando numa ladainha imperceptível, uma moeda.
Dois exemplos que espelham a pobreza em que vive grande parte da nossa população.
Relanço os olhos por uma banca de jornais, onde alcanço a manchete do dia “Portugueses gastaram na quadra natalícia mais 11 milhões por dia, do que em 2005”.
Detenho o passo, olho para os que vão passando em passo acelerado, pouco preocupados com a minha incredulidade. Recordo o meu professor de Economia que dizia, mais ou menos isto “é inevitável com a globalização, os ricos vão ficar cada vez mais ricos e os pobres cada mais pobres “
Que raio de inevitabilidade. Que País insensível, perante os milhares de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. Que País desprezível, que sabe disso e não faz quase nada para o evitar.
Que pobreza moral têm os ricos.
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