Em vésperas de derby lisboeta e quando volta a falar-se da polémica em torno das claques (des)organizadas, recordei um texto escrito por mim, há dez anos atrás.
Na altura colaborava com o jornal Vida Ribatejana. O curioso, pela negativa, é que os temas abordados, excluíndo alguns casos muito particulares de então, são temos da actualidade.
Até o título do post é o mesmo.
Confesso que quando o “chefe” Fausto me “obrigou” a escrever estas pequenas prosas, não imaginava utilizar este espaço, doutra maneira que não fosse, para recordar histórias ocorridas num passado mais ou menos longínquo. Mas que raio, com “tanta” coisa a passar-se à minha volta, até me ficava mal não utilizar estas linhas, tentando exprimir o que me vai na alma.
Adoro o futebol e fico perplexo com as atrocidades que se vão dizendo e fazendo. Há algum tempo a esta parte a falta de respeito “de todos por todos” é gritante. Lembram-se das romarias, aos domingos para ir “à bola”. Cestos com farnel, garrafões e principalmente os “catraios” de mãos dadas com os pais, alindavam as tardes que antecediam os jogos de futebol.
Por vezes até havia uns estalos, desentendimentos, “bocas ordinárias”, antes e durante o jogo. Mas alguma vez morreu alguém, “assassinado” por outro espectador num estádio de futebol?
Alguma vez os jogos terminavam com os espectadores à pancada no campo?
Quando é que se viu a polícia ter que intervir para “salvar” o árbitro dos jogadores?
Onde já se viu um jogador agredir o seleccionador nacional, “só” por não ter sido convocado para a "Portuguesa"? E depois armado em defensor da pátria, um dos adjuntos vai lá também “molhar a sopa”. Cabe na cabeça de alguém?
E quando não se marca um pénalti, é motivo para os jogadores quase agredirem o árbitro?
E as claques? Já alguém teve coragem para pôr cobro ás vergonhas que elas produzem nos campos de futebol?
Consegue algum dirigente, de qualquer clube de futebol das nossa praça, descobrir um motivo, bem forte, para continuar a permitir, de borla, a entrada nos estádios de uns quantos meninos mimados, que a única coisa que conseguem fazer é provocar desacatos e agredir quem quer seja, só por que teve o azar de não ser do clube “da rapaziada”?
Haja vergonha!
Estava aqui um jornal inteiro, se o Director deixasse, a escrever frases, com pontos de interrogação no fim e recheadas de revolta. Ainda vou deixar mais três.
Será que ninguém tem filhos que gostem de futebol?
Será que ninguém tem mulheres que gostem de futebol?
Será que ninguém quer encontrar soluções?
Eu já encontrei uma. Enquanto tudo se mantiver como está, a família não vai “à bola”.
Sabem porquê? Porque eu gosto muito deles.
Porque será que ninguém faz nada para inverter estas situações?
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