terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Canto da Princesa

Tenho saudades do meu avô Manuel.
Já lá vão mais de vinte anos mas quando penso nele, sinto sempre um grande vazio.
Era um homem honesto, trabalhador, respeitado por todos os que conhecia e um babado com a filha e os netos.
Cortador de profissão, era conhecido pelo Manel do Talho e, ainda hoje, fico muito orgulhosa quando me identificam como sua neta.
Sócio fervoroso do Belenenses, nunca perdia um jogo em casa. Era também um fumador inveterado.
A minha infância foi toda passada ao seu lado.
Estávamos sempre lá por casa.
Se nos portávamos mal, bastava ele abrir os olhos, nem era preciso dizer mais nada.
O respeitinho é muito bonito.
Foram muitas as horas passadas no talho, algumas a vê-lo desmanchar as peças de carne, explicando sempre o que estava a fazer.
Quando queria uma moedita para os cromos, a fartura ou o bolinho, o Manel lá ia ao bolso.
Nunca dizia que não e quando olhava para mim, eu sentia sempre que o fazia com uma grande ternura e orgulho.
Partiu sem avisar, de um momento para o outro.
O coração deixou de bater e foi posto um ponto final na vida de uma das pessoas que eu mais amava.
Foi um golpe muito duro.
Os avós são, sem dúvida, das personagens que mais marcam a nossa vida.
Termino como comecei.
Tenho saudades do meu avô Manuel.

Célia Paulino

1 comentário:

Anónimo disse...

Há pessoas que felizmente nunca partem do nosso coração! !

O meu avô também deixou grandes saudades...da eterna paciência, da amizade, da cumplicidade, das horas infinitas de brincadeiras...
As saudades aumentam um bocadinho mais, todos os dias.

Netas orgulhosas =)

Beijinho Célia

Catarina