domingo, 7 de dezembro de 2008

Agenda Setting

Não sei se é por falta de imaginação ou se por os assuntos serem tão repetitivos, esta semana não sei do que falar.
Já não se pode ouvir falar da avaliação dos professores, do orçamento do estado, da crise mundial, enfim, até as boas notícias como a descida da taxa de referência do BCE, começa a ser enfadonha.
Quando estava à dar voltas à moleirinha para ver o que havia de escrever, dei com uma notícia de hoje, veiculada pela agência Lusa, que dá conta de novas esperanças no tratamento do cancro, fruto de trabalho de investigadores da Universidade de Coimbra.
Pela sua importância, deixo a notícia na íntegra.

Uma nanotecnologia inteligente desenvolvida na Universidade de Coimbra, que está a ser patenteada nos Estados Unidos, abre uma nova esperança ao tratamento do cancro, pelo aumento da eficácia, e pela redução dos efeitos secundários dos fármacos utilizados, refere a Lusa.
Esta tecnologia, desenvolvida por quatro investigadores ligados à Faculdade de Farmácia e ao Centro de Neurociências, encontra-se já em fase de ensaios pre-clínicos, com animais. Em 2011 poderão iniciar-se os testes em humanos, se for possível renovar os financiamentos à investigação, até agora apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Trata-se de «um transportador» com um fármaco colocado no seu interior, que se vai dirigir especificamente para as células tumorais. Está a ser testado para o tratamento do cancro da mama, mas no futuro serão também avaliadas as suas capacidades para debelar outros tipos de tumores, que recorram à quimioterapia.
«Conseguimos com a nossa tecnologia atacar um tumor em duas populações celulares diferentes - a célula tumoral, por um lado, mas também as células que revestem o vaso sanguíneo que alimenta o tumor», ou seja, a «estrada» por onde o sangue passa para alimentar o tumor, explicou o coordenador da investigação, João Nuno Moreira.

Efeitos secundários


O tratamento do cancro pela quimioterapia convencional comporta muitos efeitos adversos que, muitas vezes, obrigam ao abandono da terapêutica, pelo problema de toxicidade associado ao uso de fármacos extremamente potentes. A queda de cabelo e o risco de enfartes cardíacos são efeitos secundários frequentes desta terapêutica.
O médico, ou reduz as doses, ou aumenta o período de administração. «A probabilidade de a terapia ter sucesso diminui drasticamente», salienta o investigador.
«A terapêutica convencional equivale muitas vezes à imagem de mergulharmos numa piscina de fármaco. O fármaco chega a todas as células do organismo. A via de administração escolhida é intravenosa. Onde chega o sangue chegam os efeitos adversos desse fármaco», observa Sérgio Simões, outro dos investigadores do projecto.

Identifica as portas da célula tumoral

Esta nanotecnologia - segundo João Nuno Moreira - é como se fosse dotada de um sistema GPS, para que a chegada do fármaco ao tumor «se faça sem grandes enganos», para evitar a acumulação em tecidos sãos, com graves efeitos secundários.
«O nosso sistema, porque consegue encontrar a célula tumoral e também a célula dos capilares que alimentam esse tumor, por um lado, induz a morte da célula, mas também, ao destruir os vasos que alimentam o tumor, contribui para a sua erradicação, pois deixa de ter nutrientes», acrescenta Sérgio Simões.
Um dos aspectos inovadores desta nanotecnologia, desenvolvida desde 2005, é identificar as «portas» que apenas existem na célula tumoral e nas que rodeiam os vasos capilares, e em mais nenhumas outras, sãs, aumentando assim a segurança da utilização desses medicamentos.

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