terça-feira, 23 de março de 2010

Imperiais com tremoços

— Passou-se alguma coisa de diferente nesse jogo?
— [silêncio]
— Lembra-se do ambiente?
— Muito forte. A cabine foi fechada, não podíamos entrar, o cheiro era terrível ... água no campo. Recordo-me muito bem. Antes do jogo começar falei com o presidente Pinto da Costa e disse: Hei? [mostra a palma das mãos, numa expressão de espanto]. Ele respondeu: Desculpe, Eriksson. Guerra é guerra.

— Alguma vez passou por algo parecido?
— Não.


Este texto é um excerto de uma entrevista a Sven-Göran Erickson publicada no último sábado no jornal A Bola.
A pergunta do jornalista referia-se a um FC Porto-Benfica, na época 1990/91, onde uma vitória podia significar o título de campeão nacional, numa altura em que o sueco treinava os benfiquistas.
A direcção encarnada denunciou agressões a dirigentes, revelando que a equipa teve de se equipar nos corredores por causa do cheiro a creolina que empestava o balneário.
Tudo foi negado pelos dirigentes portistas.
Quase 19 anos depois – o jogo realizou-se a 28 de Abril de 1991 – vemos, mais uma vez, adeptos azuis-e-brancos envolvidos em cenas de violência, contra famílias, com crianças, de ambas as cores clubísticas, que o único erro que cometeram foi quererem ir ver um jogo de futebol.
Somos testemunhas do descontrolo emocional de Bruno Alves, que com um minuto de jogo já andava num desespero fora do comum, que se prolongou por toda a partida.
Mas a culpa não morre solteira.
Tem um nome: Jorge Nuno Pinto da Costa.

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