segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ponto e vírgula

Recebi hoje um mail de um amigo com um artigo de opinião de Nicolau Santos, publicado no Expresso em 6 de Março.
Apesar do atraso – por que não leio o semanário em causa – deixo esta texto, que assino por baixo.


DEMITA-SE, SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO

Senhor Primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes. Também eu, senhor Primeiro-ministro. Só me apetece rugir!...

O que o Senhor fez, foi um Roubo! Um Roubo descarado à classe média, no alto da sua impunidade política! Por isso, um duplo roubo: pelo crime em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu. E, ainda pior: Vossa Excelência matou o País!
Invoca Sua Sumidade, que as medidas são suas, mas o déficite é do Sócrates! Só os tolos caem na esparrela desse argumento.

O déficite já vem do tempo de Cavaco Silva, quando, como bom aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa, decidiu, a troco de 700 milhões de contos anuais, acabar com as Pescas, a Agricultura e a Industria. Farisaicamente, Bruxelas pagava então, aos pescadores para não pescarem e aos agricultores para não cultivarem. O resultado, foi uma total dependência alimentar, uma decadência industrial e investimentos faraónicos no cimento e no alcatrão. Bens não transaccionáveis, que significaram o êxodo rural para o litoral, corrupção larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos. Toda esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou, fragorosamente, com Sócrates. O déficite é de toda esta gente, que hoje vive gozando as delícias das suas malfeitorias.

E você é o herdeiro e o filho predilecto de todos estes que você, agora, hipocritamente, quer pôr no banco dos réus?

Mas o Senhor também é responsável por esta crise. Tem as suas asas crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda. Porque deitou abaixo o PEC4, de má memória, dando asas aos abutres financeiros para inflacionarem a dívida para valores insuportáveis e porque invocou como motivo para tal chumbo, o carácter excessivo dessas medidas. Prometeu, entretanto, não subir os impostos. Depois, já no poder, anunciou como excepcional, o corte no subsídio de Natal. Agora, isto! Ou seja, de mentira em mentira, até a este colossal embuste, que é o Orçamento Geral do Estado.

Diz Vossa Eminência que não tinha outra saída. Ou seja, todas as soluções passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro. Outro embuste. Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na Grécia: no desemprego, na recessão e num déficite ainda maior. Pois o senhor, incauto e ignorante, não se importou de importar tão assassina cartilha. Sem Economia, não há Finanças, deveria saber o Senhor. Com ainda menos Economia (a recessão atingirá valores perto do 5% em 2012), com muito mais falências e com o desemprego a atingir o colossal valor de 20%, onde vai Sua Sabedoria buscar receitas para corrigir o déficite? Com a banca descapitalizada (para onde foram os biliões do BPN?), como traçará linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, responsáveis por 90% do desemprego?O Senhor burlou-nos e espoliou-nos. Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese. E há tantas! Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto.

Tem um prejuízo de 3.500 milhões de euros, é todo à superfície e tem uma oferta 400 vezes (!!!) superior à procura. Tudo alinhavado à medida de uns tantos autarcas, embandeirados por Valentim Loureiro.

Outro exemplo: as parcerias público-privadas, grande sugadouro das finanças públicas.

Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V. Ex.ª cortasse na mesma percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas de Portugal, ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária. Até porque foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou. Estaria horas, a desfiar exemplos e Você não gastou um minuto em pensar em deslocar-se a Bruxelas, para dilatar no tempo, as gravosas medidas que anunciou, para Salvar Portugal!

Diz Boaventura de Sousa Santos que o Senhor Primeiro-ministro é um homem sem experiência, sem ideias e sem substrato académico para tais andanças. Concordo! Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles, compreensão e consideração. Genuína ingenuidade! Com tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projecto para Portugal. O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.

Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo.

4 comentários:

mzmadeira disse...

Mas devias ler, todas as semanas. Como devias ler o outro semanário e, pelo menos, dois diários generalistas por dia. E os três jornais de futebol.

Cimentaria a tua «paixão».
Quem não lê é como quem não vê! O que é menos mau do que quem não quer ver.

E há a História. Que, erradamente, muitos sustentam que não se repete. Mentira chapada.

Gostas de História, Jorge?
És capaz de dizer o nome de todos os reis portugueses? E os presidentes da República?

Não te quero roubar muito tempo...

O último Rei de Portugal foi D. Manuel II que ocupou o trono desde o régicídio, em 2008, até à queda da Monarquia.

Foi ele o culpado pela revolta Republicana? Claro que não. D. Luiz (era saaim que se escrevia), seu avô, e D. Carlos, seu pai, conduziram o País ao 'desastre' anunciado. Mentiram, gastaram - ou deixaram gastar - mais do que aquilo que o País podia pagar e quem pagou foi ele. Deposto e exilado.

Foi Marcello Caetano (era assim que se escrevia) o grande 'culpado' pela queda do antigo regime? Por aquilo que redundou no 25 de Abril de 1974?
Pese embora tenha sido o último rosto do velho regime... foi o seu antecessor, Salazar, quem, depois de o erguer cavou a sua sepultura.

A História repete-se, sim senhor.
Será Passos Coelho o grande culpado pelo buraco em que caímos? Não! Tal como aconteceu com D. Manuel II, tal como aconteceu com Marcello Caetano... a sua 'culpa' é a de ter herdado o caos. E é redentora - mesmo que seja verdade - a teoria do Nicolau Santos (que eu leio TODAS AS SEMANAS).

Sim, Cavaco Silva tem culpas mas antes dele não esqueçamos Mário Soares. Esse, que ainda há dias foi apanhado pela BT a 199 km/hora, foi mal educado para com os agentes da ordem e... bramindo que a MULTA SERIA PAGA PELO ESTADO (por nós todos) deixou que o pobre do motorista ficasse sem a carta de conduºão. Claro que ninguém acredita que o homem não a tenha recuperado dois ou três dias depois.

Mas, e para teu desespero, onde eu quero chegar, e a História não mente, é que Passos Coelho anda a 'apagar fogos' ignidos pelo TEU TÃO AMADO Sócrates. Ou achas que alguma coisa seria diferente se ele não tem caído? Se não tivesse caído era ele, com muito menos 'classe', é evidente, que hoje estava a tomar as mesmissemas medidas... porque batemos no fundo e não acredito que, agora, alguma coisa nos salve.

Mas batemos no fundo, não com Passos Coelho mas com JOSÉ SÓCRATES que, ao contrário de D. Manuel I e de Marcello Caetano não foi exilado. Foi (é, será sempre) demasiado COBARDE para aceitar as responsabilidades.

Fugiu!
Vive à grande e à francesa, na exacta dimensão da velha expressão, e deixou para outros o ónus de uma governação assassina e lesa~Pátria. No Século XIX isso podia valer a pena de morte. Que eu defendo.

A coerência, quando em causa estão valores superiores e defensáveis, é uma virtude.

Todos, todos os que, de alguma forma, se 'sujam' assumindo a defesa desse politicamente 'criminoso' que, de facto, acabou connosco, mereceriam, em termos sociais - o judicial, aqui, não consegue entrar - ser considerados coninventes.

Claro que não sou - jamais o poderia ser, em consciência - defensor do Passos Coelho, mas vejo, oiço e leio. E... penso pela minha cabeça. Jamais me verão como 'mais uma ovelha no rebanho', seja esse rebanho qual for.

Estou a bater-me nos terrenos onde posso - fóruns públicos, abaixo assinados, petições... - contra as medidas de Passos Coelho, mas não me esqueço quem - à semelhança daquele 'capitão', daquele navio cruzeiro italiano que, não só afundou como abandonou antes dos passageiros - é o único (sobre os mandatos dos outros já passou anto tempo) que pode ser acusado...

O TEU JOSÉ SÓCRATES.
Eu estou a lutar para que ele seja incriminado e preso.

Tu a atirar pedras a quem se disponibilizou para segurar a corda.

[não publiques, afinal, apenas estarás a ser coerente com o teu 'ídolo' que sempre teve como objectivo calar a CS que não lhe era conveniente)

Avô Jorge disse...

Quando me reformar – se lá chegar – vou aceitar a tua sugestão.
Vou ler dois semanários, dois generalistas e três desportivos.
Se o dinheiro e a visão me permitir.

mzmadeira disse...

Então... ficas-te pelo 'Destak' e pelas newsletters de largo do Rato.

Tenho pena de ti. Principalmente porque, de cada vez que aqui emites uma opinião, sai asneira.

E comprar - para ler - os jornais que eu compro e leio sai mais barato do que a compulsiva - foste tu quem o confessou - troca de telemóveis cada vez que sai uma nova série, de iPads, Ipods e Tablets...

Conselho de Amigo - porque sempre serei teu Amigo - pára de escrever baboseiras. Fica nal a um doutorado sendo que eu sei que o teu curso vale menos de 1/10 da minha experiência.

Blá, blá, bla... sou doutor!
Que te faça bom proveito.

Não tens dinheiro para comprar jornais? Opsss... junta-te ao Cavaco Silca, coitadinho. Morro de pena de vocês.

Ei!... Grande lição que o Mandrake te deu! Espero que aprendas alguma coisa.
Cego não é o que não vê, é o que não quer ver!...

Avô Jorge disse...

Cansei-me de dar a outra face!
Alguma me vez me viste apregooar que sou Doutor?
Alguma vez me meti na tua vida, sem ser para te ajudar?
Alguma vez critiquei as tuas opções de vida?
Já te disse que podes ter opinião sobre o que quiseres sem me agredir.
Acho que não percebes-te.
Já que deste o exemplo do Mandrake, ele podia - e devia – servir para perceberes que podemos ter opiniões, divergentes, sem sermos grosseiros.
Podes continuar a ofender-me, mas não aqui.
Vai decarregar as tuas frustrações para outro lado.
Para mim … chega!