Talvez de todos os professores que tive, João Maria Mendes foi um dos que mais me impressionou, fruto do seu elevado nível cultural.
A disciplina foi Modelos de Narrativa e o primeiro contacto nem foi o melhor, quando usando da sua fina ironia – que mais tarde comecei a perceber – embirrou com o chiar das cadeiras do anfiteatro da UAL, que até chiavam sem nós nos mexermos.
Poucos dos meus colegas gostavam dele no início, mas com o correr das aulas a empatia foi-se criando, pela forma como transmitia a sua sabedoria, nomeadamente nas formas de narrativa para cinema.
Quem frequentou as suas aulas nunca mais se vai esquecer dos Ritos de Passagem de Van Gennep, de Thelma e Louise de Ridley Scott, de Jerry Maguire de Cameron Crowe, do Paradigma de Syd Field e os seus plots points que nos puseram a ver o cinema de forma diferente.
Aquele seu estilo de dar as aulas, calcorreando quilómetros durante as duas horas de cada aula, fica também marcada na minha memória, até porque nos obrigava a atenção redobrada devidos à péssima acústica da sala.
Pela negativa fica a sua sovinice nas notas. Não há ninguém perfeito.
Até para a semana.
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