quarta-feira, 15 de maio de 2019

Um olhar alentejano

Cada viagem no Intercidades é uma aventura entusiasmante.
Eu faço um esforço e penso interiormente e baixinho.
Devem ser o aproximar dos sessenta que me está a deixar assim.
Vou recuperar a história, já aqui contada até ao cansaço.
Compramos um bilhete, escolhemos ou deixamos que alguém escolha por nós o lugar onde vamos esfalfar o nosso rabiosque durante algum tempo, geralmente mais de uma hora.
Se entrarmos no arranque da jornada, a probabilidade de nos chatearem é mais pequena.
Mas quem entra nas estações subjacentes, a emoção é inevitável.
Vou-me colocar na pele de uma vítima, que, normalmente, possui uma mala grande.
"Boa tarde, desculpe, mas esse lugar é meu".
Um olhar, aborrecido, uma pequena tentativa de indignação, seguida da habitual pergunta: "Tem a certeza?".
Aqui surge a necessidade de lhe esfregar com o bilhete, em papel ou interiorizado no telefone esperto.
Sei que os portugueses têm alguma dificuldade em lidar com os números, mas será assim tão complicado sentarmo-nos no nosso lugar?
Não é problema com a matemática, é mesmo falta de educação.

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