48 vs 48
Os livros mantinham-se sobre a mesa, já despidos do papel que os envolvia no dia de ontem.
Estava com curiosidade em saber que desculpa iam apresentar.
“Bom dia Tio”, saudaram os três.
Antes que eu respondesse, o OLHA tomou a palavra.
“Tio, queremos pedir desculpa pela nossa distração de ontem. Eu é que levava a mochila com os três que nos emprestaste, mas com a pressa de irmos jantar deixámos cá os que nos ofereceste ontem”.
“Primeiro, bom dia juventude e depois desculpas aceites”.
Gostei de não terem trazido uma justificação esfarrapada.
Vamos lá saber quem é que tem um assunto fora da caixa?”, lancei eu.
“Amanhã é o dia em que o nosso País mudou há 48 anos. Consegues falar-nos disso e explicar-nos um bocadinho o que aconteceu?”, perguntou a RODINHAS.
“Parece-me um excelente tema. Em abril de 1974 eu era pouco mais novo do que vocês. A informação a que tínhamos acesso era totalmente controlada pelo Governo, muito à semelhança do que acontece atualmente na Rússia, para que as pessoas não conheçam a situação real da guerra na Ucrânia. Por cá era igual, pois o cidadão comum não tinha acesso à realidade. Não se esqueçam que não haviam telemóveis, internet, existindo apenas um canal de televisão, algumas rádios e jornais controlados pelo Estado”.
“O Tio recorda-se desse dia?”, quis saber o ALÉU.
“Perfeitamente. O meu Pai gostava muito de ouvir rádio, sendo que logo de manhã ouviu que algo se passava em Lisboa. Ele tinha uma consulta por lá, onde já não foi. Os meus Pais foram trabalhar, mas eu não fui à escola e fiquei em casa da minha Avó. O resto já vocês ouviram contar muitas vezes, cada vez que se festeja o dia da revolução em Portugal. Este ano temos uma curiosidade. Festejamos 48 anos de liberdade, depois de 48 anos de opressão”.
“Pois é. O que se alterou na tua Escola?”, questionou o OLHA.
“Estás a puxar muito pela minha memória”, brinquei eu. “Esse ano escolar estava perto do fim, mas lembro-me que no ano seguinte passou a ser facultativo ir às aulas de Religião e Moral, tendo sido criada a disciplina de Introdução à Política. Além disso surgiram as Associações de Estudantes, onde ainda cheguei a concorrer na antiga Escola Secundária Gago Coutinho em Alverca. Nos dias de hoje, com a nossa democracia ainda jovem, mas bem implementada, não nos podemos deixar enganar pelos vendedores de banha da cobra que nos tentam enganar com ideias populistas. Nunca se esqueçam, como dizia um amigo meu, de que não há refeições grátis”.
“Já tinha ouvido essa afirmação”, riu-se a RODINHAS. “Ninguém dá nada, sem querer algo em troca”.
“Exatamente. Bem, vamos lá à nossa ordem de trabalho para hoje. Como é habitual ao domingo, cada um escolhe um jogo e fala sobre ele. Hoje como não fiz a narração para o Oriolenses também vou trazer um”.
Pegaram nos livros que estavam em cima da mesa e saíram, numa anormal tranquilidade.
Hoje no GPS vamos até uma cidade que fica no vale entre os rios Alcoa e Baça.
Por lá encontramos a Associação Alcobacense de Cultura e Desporto, coletividade fundada em 1974 em Alcobaça, sendo que há duas interpretações para união linguística.
Uns atribuem o nome da cidade a união dos nomes dos dois rios, mas outra versão diz que foi precisamente o contrário.
Uma espécie de versão do ovo de galinha e quem nasceu primeiro.
Deixemo-nos destas interpretações, vamos pegar no carro em Lisboa e hora e meia depois estamos ao pé do famoso Mosteiro local.
Antes de procurarmos onde almoçar, fiquem a saber que o concelho de Alcobaça decresceu 3,0% em termos populacionais nos últimos 10 anos, registando por agora quase 55000 habitantes.
Agora sim, pode ir até ao Restaurante António Padeiro, uma excelente opção nesta bela cidade.
O PALPITE DO TIO de ontem foi sobre um derby regional.
O Leiria e Marrazes recebeu Os Águias, palpitei um sempre arriscado empate (3-3), mas os locais venceram.
Para amenizar este tiro no pé, acertei na autoria de golos do Dário Santo, Igor Marques e João Nuno Marques.
O próximo PALPITE DO TIO vai para o OC Barcelos vs UD Oliveirense, jogo que se realiza no último dia de abril.
Vou apostar numa vitória (4-2) dos da casa, com golos de Miguel Rocha e Luís Querido, enquanto que nos visitantes vão faturar Marc Torra e Tomás Pereira.
Cheguei silenciosamente à nossa sala e percebi que eles já lá estavam.
Não deram pela minha chegada, tal estavam embrenhados na leitura.
“Olá juventude. Já de volta das histórias do Saramago?”.
“Não Tio. Começámos agora a ler que nos emprestaste e que nós trocámos para lermos todos. Cada um de nós disse que o dele era o melhor, pelo que ficámos muito curiosos”, explicou o OLHA.
“Fizeram bem, mas não se esqueçam que regressaram as aulas”.
“Não se preocupe”, pediu a RODINHAS.
“Tudo bem. Vamos lá começar e posso já ser eu que estive a ver a final da Liga Europa do hóquei em patins. Nesta final a 4 em Paredes, todos os jogos foram decididos pela diferença mínima, reflexo do enorme equilíbrio nesta cimeira entre equipas espanholas e italianas. No jogo decisivo, o internacional angolano Humberto Big Mendes abriu as hostilidades, a sua equipa esteve sempre na frente do marcador, apesar da excelente réplica dos transalpinos. A equipa da província de Terragona - que tem na baliza o internacional jovem português Alejandro Edo – levou o caneco para Espanha. Agora chega a vez do OLHA”.
“Eu estive com muita atenção a um dos jogos da 1ª divisão que realizaram hoje, neste caso em Oliveira de Azeméis. Os primeiros golos tardaram, mas chegaram os dois – um para cada lado - no mesmo minuto da primeira parte, com tempo ainda para os forasteiros passarem a frente do marcador. Os locais ainda empataram na segunda metade, mas os líderes da prova explicaram porque que vão na frente. Só para terminar um pormenor interessante. Num jogo entre dois candidatos, não tivemos uma única ocorrência disciplinar”, terminou ele.
“Excelente, podia ser sempre assim!”.
“Agora sou eu”, afirmou a RODINHAS. “Como fiquei entusiasmada com o Inter-Regiões, estive muito atenta a um jogo de sub-15. Jogou-se em Lordelo do Ouro, o Infante de Sagres esteve a vencer por duas vezes, mas o Paredes passou para a frente a meio da primeira parte e nunca mais largou a vitória. Anotei aqui que quatro dos sete golos foram marcados por jogadores que estiveram ao serviço da seleção da AP Porto”.
“Muito bem. Só falta o ALÉU. Vamos lá a isso”.
“Eu escolhi um jogo da 3ª divisão, para perceber se o Penafiel continua na luta pela subida. Eles confirmaram o favoritismo, mas tiveram que sofrer na parte final perante a reação da malta de Cucujães. Um destaque para o José Cabral que abriu o marcador e marcou mais dois golos numa fase importante do jogo”.
“Muito obrigado pessoal. Boa semana para todos”.
“Obrigado Tio, até sábado”.
Desta vez os livros não ficaram cá.
Não liga muito ao futebol, sendo fã do basquetebol e da NBA.
Além disso está no FORA DO RINQUE deste domingo.
Nome Completo: João Marques Pedro
Clube atual: Juventude de Viana
Alcunha (se tiver): Não tenho
Idade: 23 anos
Local de Nascimento: Ermesinde
Clube estrangeiro futebol: Não tenho
Jogador português futebol: Não tenho
Jogador estrangeiro futebol: Não tenho
Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Kobe Bryant
Prato: Sushi
Sobremesa: Bolo de bolacha
Bebida: Água
Filme: Focus
Ator: Não tenho
Atriz: Não tenho
Série televisiva: The Office
Livro: Mamba Mentallity
Cidade portuguesa: Porto
Cidade estrangeira: Barcelona
Animais de estimação: Não tenho
Jogo de computador/consola: Não tenho
Hobbies: Não tenho
Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Basquetebol
Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Porto vs Valongo em sub-20, jogo em que nos consagramos campeões nacionais.
Com a embalagem da vitória no Inter-Regiões, Diogo Duarte (SLB) – filho do treinador de sub-19 do Benfica – marcou hoje cinco golos na vitória da sua equipa, contribuindo para a vantagem alargada sobre a Física.
Por isso leva O VELHO para casa, que pode juntar à medalha conquistada em Bragança.
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