domingo, 30 de outubro de 2022

Crónicas do Bom Malandro

Que perca o pior

 

O tempo anda mesmo estranho.

Ontem quando me fui deitar, minutos depois de terminar a Crónica, desatou a chover.

Esta manhã quando me levantei estava um dia de sol excelente, até quente demais para o final de outubro.

Depois não querem que eu ande de calções!

As rotinas habituais para uma manhã de domingo, preparar a narração de logo à tarde, tratar do Tio Jorge no Alentejo e esperar que chegue a hora da nossa reunião matinal.

Minutos depois eles começaram a surgir no monitor.

“Bom dia Tio”, saudação que se repetiu três vezes.

“Bom dia juventude”, fui eu respondendo o mesmo número de vezes. “Tudo bem disposto?”. Eles acenaram afirmativamente e eu continuei. “Temos algum assunto para falar?”.

“Eu gostava de falar sobre as eleições no Brasil”, explicou o OLHA.

“Muito bem, vamos a isso. Vocês sabem que o voto por lá é obrigatório?”.

“Não sabia!”, afirmou a RODINHAS.

“No Brasil existe o voto eletrónico, mas mesmo assim, na 1ª volta das eleições presidenciais a abstenção rondou os 21%. Quem não justificar a ausência paga uma multa, mas se não o fizer pode ficar impedido de votar”.

“Essa parte não percebi. Eu não quero votar, mas a penalização é impedirem-me de votar?”, questionou a RODINHAS.

“Eu não conheço em profundidade a lei, mas tens razão, acaba por ser um pouco assim. Se não pagares a multa ficas impedido de votar, o que parece um contrassenso para quem não quer exercer o seu direito. Já fui defensor da obrigatoriedade de votar, mas não desta forma. Aliás eu faria de outra forma. Não votavam, ficavam impedidos de outros direitos civis, mas nunca fazerem-lhes a vontade”.

“Concordo consigo Tio, que parvoíce. Eu gostava que vencesse o Lula”, afirmou o ALÉU.

“No Brasil existe uma enorme bipolarização, não tanto a apoiarem um dos dois, mas sim estar contra um deles. Como não gosto de ditadores, machistas e mal-educados, eu nunca votaria numa pessoa como o Bolsonaro”, expliquei eu. “Mas os brasileiros é que têm que escolher. Deixemos a urna encontrar os resultados e vamos lá ao nosso trabalho. Como vou fazer o Oriolenses, deixo para vocês escolherem um jogo da Terceirona para mais logo”.

“Está combinado Tio. Bom relato e até logo”, despediram-se os três em simultâneo”.

Até logo”.

Vamos lá ao bacalhau à Brás que a Princesa fez para o almoço.

 

No GPS deste domingo vamos até uma cidade ferroviária, também conhecida pelos seus fenómenos, onde encontramos o União Futebol do Entroncamento, coletividade fundada em 1928.

A cidade, pertencente ao distrito de Santarém, perdeu nos últimos dez anos 0,3% da sua população, registando no final de 2021 pouco mais de vinte mil habitantes.

Em cerca de hora e meia chega ao Entroncamento, partindo de Lisboa, mas se optar por ir de comboio chega lá numa hora, com tempo para procurar um bom restaurante, deixando a sugestão do Flor de Sal que se situa na Rua Adelaide Cabete.

 

Chego sempre cansado destas tardes de narração.

Primeiro, porque não é fácil explicar o inexplicável.

Em segundo lugar, porque a qualidade dos árbitros por aqui é muito fraca.

Eu tento não lhes bater muito, mas nem sempre é fácil.

Cheguei desgastado, uma omelete com os ovos das galinhas da Dona Antónia – privilégios de quem mora numa aldeia – foi o jantar e sentei-me em frente ao portátil.

Espreitei o site e descobri que temos a nossa seleção de sub-19 masculina a começar esta noite o Mundial na Argentina, com muitos miúdos que vi evoluir em Inter-Regiões.

Estava eu nesta meditação, tentando perceber com quantos deles eu já me tinha cruzado de microfone na mão, quando surgiu um ruído metálico no portátil.

“Boa noite Tio... hello...?”.

“Boa noite juventude, desculpem lá, mas estava aqui a olhar para os jogadores da nossa seleção de sub-19. No final das vossas intervenções eu falo sobre a prova.  Vamos lá aos nossos jogos de hoje”.

“Como ficou o resultado do Oriolenses?”, questionou o OLHA.

“Foi um empate a um. Quem começa?”.

“Posso ser eu. Estive a espreitar um jogo no João Serra Magalhães, uma partida que só teve três golos, com os alentejanos a marcarem um na primeira parte, mas a sofrerem dois na segunda. Posso dizer que os guarda-redes foram muito importantes, pois as bolas paradas defendidas por eles fizeram a diferença tangencial na partida”, concluiu a RODINHAS.

“São quase sempre fundamentais. Vamos ao próximo jogo”.

“E é a minha vez, diretamente de Fão”, gritou o ALÉU. “Não combinámos, mas o resultado foi o mesmo do que aconteceu em Beja. Grande equilíbrio em todo o jogo, com um golo na parte final a desempatar o que parecia ser um empate quase perfeito”.

“Vocês estão cada vez mais poetas. Só falta o OLHA”.

“Verdade Tio. Eu estive na Aldeia do Hóquei onde jogou a equipa B da casa, mas os ribatejanos controlaram todo o jogo, vencendo de forma clara e mantendo-se na frente da classificação”.

“Muito bem, o prometido é devido, vou falar um bocadinho sobre o Mundial de sub-19 que começou hoje. Portugal está no grupo A, com a Inglaterra, Colômbia, Espanha e Estados Unidos. São dois grupos, os dois primeiros são apurados para as meias-finais, que se jogam na 6ª feira e a final no sábado. Deixem-me cá olhar... estamos a vencer a seleção norte-americana por 15-0. Juventude vamos descansar e para semana estamos de volta. Boa semana para todos”.

“Até para a semana Tio”, terminaram eles enquanto se apagavam do monitor.

Lula ou Bolsonaro?

 

No FORA DO RINQUE de hoje vamos ter um jovem ribatejano que gosta de comida italiana e da equipa de Jürgen Klopp.

 

Nome Completo: Guilherme de Oliveira Barrela Chaves Gomes

Clube atual: ACR Santa Cita

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 23 anos

Local de Nascimento: Abrantes

 

Clube estrangeiro futebol: Liverpool 

Jogador português futebol: Cristiano Ronaldo 

Jogador estrangeiro futebol: Não tenho

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Kobe Bryant

Prato: Lasanha

Sobremesa: Tiramisu

Bebida: Ginger Ale

Filme: Black Panther

Ator: Dwayne Johnson

Atriz: Alexandra Daddario

Série televisiva: Havai Força Especial

Livro: Vai ficar tudo bem

Cidade portuguesa: Tomar

Cidade estrangeira: Sevilha

Animais de estimação: Não tenho, gostava de ter um pastor alemão um dia

Jogo de computador/consola: FIFA (qualquer um)

Hobbies: Tudo o que envolva estar com os amigos: ir ao cinema, praia, café, sair 

Gosto muito de praticar outros desportos, Basquetebol, surf, ténis e gosto de fazer ginásio

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Se não jogasse hóquei em patins, provavelmente jogaria ténis. Cheguei a praticar ambas as modalidades em simultâneo, mas na altura da decisão, o hóquei pesou mais

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Tive muitos jogos emocionantes, principalmente no período final da minha formação, mas se tivesse de escolher um momento seria a minha primeira ida à final 8 do nacional. Era sub-17, na altura havia 3 equipas com possibilidade de se apurar, todas separadas por 1 ponto na última jornada. A minha ia em primeiro e precisava de empatar o jogo para garantir o apuramento para a fase seguinte. Empatámos 2-2 e eu marquei um golo de livre direto. Para além de ter sido excelente a nível pessoal, foi um marco para o clube, porque nunca nenhuma equipa o tinha conseguido em Santa Cita. Foi muito especial: o ambiente, a emoção dos golos, o apoio da bancada, a festa no final. Foi sem dúvida um dos melhores dias da minha vida. 

 

A SACADA de hoje vem diretamente dos World Skate Games na Argentina, com quinze golos sem resposta e destaque para os guarda-redes mexicanos Emiliano Mondragón (12) e Francisco Camizao (3).  

 

Fazer um poker num jogo é sempre um momento importante, mas quando a três minutos do fim se dá a volta a um jogo difícil, a distinção é mais que merecida.

André Cardoso (CENAP) fica com O VELHO deste domingo.

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