sábado, 3 de dezembro de 2022

Crónicas do Bom Malandro

Teoria da conspiração

 

Habitualmente as minhas caminhadas ocorrem durante os dias úteis, como eu lhes chamava quando estava a trabalhar por conta de outrem.

Atualmente, como eu gosto de dizer, brincando com a minha situação atual: “Para um reformado todos os dias são de trabalho”.

Vem isto a propósito, de apesar de hoje ser sábado, pensei em ir dar uma volta bem cedo e com a temperatura baixa, mas lembrei-me, a tempo, que tinha combinado com a Princesa montarmos a árvore de Natal.

Fui cedo ao sótão buscar as caixas, com os apetrechos necessários, que lá estavam a dormir há sensivelmente onze meses.

Trabalho em equipa, em menos de uma hora ela começou a catrapiscar luz por todos os ramos.

Longe vão os anos em que o pinheiro era natural, mas por aqui a tradição não se perdeu, agora que ele é artificial

Depois desta tarefa da agenda concluída, chegou a altura de começar a pensar nas Crónicas deste fim de semana e nos temas para lá do hóquei em patins.

Como referi a semana passada, em altura de Mundial de futebol não é fácil fugir ao assunto, ainda por cima quando os quatro companheiros deste espaço gostam de tudo o que é desporto.

Chegou a hora da nossa reunião, sendo que a pontualidade deles continua intacta.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude. Foi boa a semana?”.

“Foi sim, muitos trabalhos para fazer, frequências, enfim, a habitual vida de estudante”, explicou o OLHA. 

“Espero que com boas notas”, afirmei em jeito de brincadeira, pois sei que eles são bons alunos.

“Está tudo a correr bem Tio”, confirmou a RODINHAS.

“Vamos lá então ao fora da caixa. Não me digam que querem falar do Mundial?”.

“Sim Tio, queremos mesmo”, exclamou o ALÉU.

“Pois, já calculava. Não querem falar das prendas de Natal, não?”.

“Temos tempo para isso”, riu-se o OLHA. “Hoje vamos falar de futebol e começo já pelo jogo de Portugal frente à Coreia. Muitas vezes criticamos o Fernando Santos porque não mexe na equipa, quando faz alterações e não corre bem, são os mesmos a dizer mal”.

“Não é novidade. Já sabes que os fãs do desporto-rei são assim, nunca estão satisfeitos”, argumentou a RODINHAS. “Eu até tenho uma teoria de que não fizemos tudo para ganhar, para que a Coreia, que tem o Paulo Bento como treinador, ficasse apurada”.

“Por acaso também pensei nisso. Aliás, no jogo entre a Espanha e o Japão, os espanhóis, nos últimos quinze minutos quase que abdicaram de atacar, sabendo que podiam evitar a Croácia nos oitavos de final e ficavam com mais um dia de descanso”, concluiu o ALÉU.

“Além de mandarem a Alemanha para casa”, acrescentou o OLHA.

“Esperem lá. Vocês estão a especular que Espanha e Portugal perderem de propósito para satisfazerem interesses próprios?”, perguntei eu.

“No caso dos nuestros hermanos pareceu-me evidente, já os portugueses acabaram por dar uma mãozinha ao antecessor do Engenheiro, fazendo com que o Uruguai fosse embora mais cedo, eles que nos fizeram o mesmo em 2018”, terminou a RODINHAS.

“Já percebi que estão os três de acordo com essa teoria da conspiração, mas não acredito nisso. Cada seleção tenta fazer o melhor para si, sendo que se desse comportamento existirem consequências para terceiros, não creio que o façam por espírito vingativo”, afirmei eu. “Bem, a conversa já vai longa e interessante, mas temos que falar do nosso trabalho para hoje. Mais logo eu vou falar sobre a jornada da 1ª divisão que decorreu no feriado, sendo que hoje vamos também analisar quatro jogos da 2ª divisão. Estão de acordo?”.

“Parece-nos bem”, gritaram os três em simultâneo e afinadinhos. “Até logo Tio”.

“Até logo juventude”.

Portátil em descanso, está na hora de por a mesa para o almoço, hoje um bacalhau à lagareiro que vai chegar do Camponês.

 

No GPS vamos até ao distrito de Setúbal, onde vamos conhecer a União Desportiva e Cultural Banheirense, coletividade fundada em 1986.

Situada na Baixa da Banheira, foi elevada a vila em 1984, está situada no município da Moita e atualmente pertence à União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, situando-se entre as vilas de Alhos Vedros e Lavradio, sendo banhada a norte pelo estuário do Rio Tejo.  

Partindo de Lisboa chega lá em pouco mais de trinta minutos, podendo deslocar-se até ao Barreiro – que fica a sul - onde percorrendo mais três quilómetros encontra o Restaurante Grelhador Mor, um ótimo local para tomar uma boa refeição.

 

Depois de uma tarde fria e chuvosa, com muito hóquei e o arranque dos oitavos do Mundial de futebol, está quase na hora de voltarmos à nossa reunião.

Esta tarde aproveitei algum tempo disponível para ir com a Princesa até à Feira do Montado em Portel, um dos maiores certames do Alentejo onde ainda não tínhamos ido, pois desde 2019 que não era realizado devido à pandemia.

Visita efetuada, regressámos a Oriola e fui ligar o portátil, pois a hora agendada estava no vermelho.

“Boa noite Tio”, cumprimentaram os três

“Boa noite juventude. Vamos lá a isto que se faz tarde, como dizia o outro”.

“Tio esta manhã não falámos dos oitavos de final do Mundial”, avançou a RODINHAS.

“Não? Perdemos tempo demais na conspiração, mas já falamos nisso. Para já vou começar com a jornada do 1º de dezembro. Tivemos um grande jogo em Barcelos, as únicas duas equipas que ainda não tinham perdido, diferença mínima no fim da partida, com os locais a ficarem com a liderança da prova. Os restantes candidatos venceram, com a curiosidade de termos dois jogos só com um golo e com as equipas da Linha a serem as últimas da classificação”.

“Podemos agora falar do Mundial?”, perguntou o ALÉU.

“Mas de forma rápida”, expliquei eu.

“Eu gostava mais que fosse a Sérvia o nosso adversário, mas pronto, ainda em junho demos quatro aos suíços na Liga das Nações”, explicou o OLHA.

“Mas dias depois perdemos lá”, recordou a RODINHAS. “Terça-feira vamos ganhar, nem que seja nos penáltis. Já hoje não houve surpresas, com Países Baixos e Argentina a marcarem presença nos quartos de final”.

“Futebol encerrado... por hoje, vamos lá aos nossos jogos de hoje. Quem é que quer começar?”.

“Hoje sou eu o primeiro”, começou o OLHA “Estive em Torres Vedras, uma zona de que gosto muito, partida muito equilibrada, arranque melhor dos da casa, boa resposta da malta do Entroncamento, que apesar de estar a perder ao intervalo, nunca se desuniu e acabou mais feliz”.

“Também gosto muito da zona oeste, aliás, passei lá várias férias de verão quando era bem mais novo do que vocês. Quem se segue?”.

“Agora é a minha vez, que também estive à beira do Atlântico, igualmente com a água do mar bem fria. Na Póvoa de Varzim tivemos uma espécie de jogo de ténis de mesa, ora agora marcas tu, ora agora marco eu, com os locais sempre à frente, mas os de Paredes a não querem perder, sendo que quando assim é tudo acaba empatado”, terminou a RODINHAS.

“Grandes empatas, é caso para dizer. ALÉU é a tua vez, que também tiveste na zona norte do país, certo?”.

“Afirmativo Tio. Eu estive em São João da Madeira e a descrição que a RODINHAS fez há pouco servia perfeitamente para este jogo. Não foi um marcas tu, marco eu, mas os forasteiros entraram melhor, recuperaram os sanjoanenses, mas não conseguiram encerrar o resultado e permitiram o empate em cima do buzinão”.

“Outro empate? Parece que combinámos, pois, tirando em Torres Vedras, tudo igualado, isto porque também eu vi um jogo que terminou com um ponto para cada lado. O confronto entre os dois primeiros da zona sul, foi como se esperava muito equilibrado, vantagem dos alenquerenses ao intervalo, entrada forte dos de Turquel, mas com três golos em cada parte, ficou tudo igual na frente da classificação. Estou cansado, pois foi mais um sábado intenso. Alguma coisa para terminar?”.

“Portugal, Portugal...”, cantavam os três em jeito de despedida.

“Até amanhã juventude”.

Cliquei no botão de desligar o portátil, cães a irem à rua e o esqueleto no quentinho.

O final de mais um dia feliz.

 

No FORA DO BANCO de hoje temos um jovem treinador, que gosta, como eu, do jovem feiticeiro.

 

Nome Completo: Guilherme Valadares Pinto

Clube atual: ACDCP Vila Boa do Bispo

Idade: 29 anos

Local de Nascimento: Porto

 

Prato preferido: Francesinha

Melhor cidade para viver: Porto

Livro que está na mesa de cabeceira: Nenhum

O filme que já viu mais do que uma vez: Harry Potter

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Vila Boa do Bispo, HC Marco, C Infante Sagres, HC Maia

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Em 2020 quando a equipa sénior feminina de Vila Boa ficou sem treinador a meio da época

Clubes/seleções que já treinou: ACDCP Vila Boa do Bispo, HC Marco (estágio), HC Maia (adjunto)

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Não consigo fazer essa comparação, porque como treinador principal só tive a equipa de seniores femininos

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Tempo fora do treino, mais ou menos uma hora por dia, no final do trabalho

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: A sinalização de bolas paradas, penso que deveria voltar ao apito 

Maior tristeza como treinador: Ver que a minha equipa tem qualidade e perder jogos por não acreditarem nelas mesmo, pela ansiedade e nervosismo

E, claro, a maior alegria: Presença na Final-Four da Taça de Portugal 2022

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Pelos últimos jogos, as jogadoras marcarem as ocasiões mais difíceis e falharem as mais fáceis 😂

 

A SACADA deste sábado é daquelas que eu gosto mais, sendo que apesar de não ter sido o jogo com mais golos, entra na montra de hoje.

Catorze golos marcados, mas divididos irmãmente, com destaque para Rafael Pacheco (Infante Sagres “B”) e Rafael Santos (CRC Os Águias).

 

Num sábado onde tivemos vários pokeres, Miguel Vicente (Biblioteca) esteve um degrau acima – entenda-se golo - e leva O VELHO de hoje para casa.

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