quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Crónicas do Bom Malandro


Elevador Republicano

 

(27/01/2024) Um dos primeiros passos para cada Crónica é perceber que dias se celebram quando nos reunimos nas nossas duas conversas semanais.

A coisa fica logo complicada quando nada – na minha opinião – de interessante para falarmos por aqui se vislumbra no horizonte.

Cocei a cabeça, cofiei a barba e confirmei que tenho que pedir à Princesa para me cortar o cabelo, logo depois de eu aparar os muitos brancos que por aqui andam na cara.

Este sábado está magnífico, um belo Sol lá por fora, pelo que peguei no portátil e fui para a rua em busca de inspiração.

Peguei na edição eletrónica do jornal desportivo que leio diariamente, cheguei à página do hóquei em patins e descobri que por lá pensam que só são apurados os primeiros classificados dos quatro grupos da Liga dos Campeões.

O tempo passou rápido, pois o portátil começou a dar sinais de que eles estavam a chegar.

“Bom dia Tio”, cumprimentaram-me os três.

“Muito bom dia juventude. Estava aqui a tentar encontrar assunto para conversarmos, mas não saiu nada”.

“Podemos falar sobre a quarta jornada da Liga dos Campeões”, propôs a RODINHAS.

“Sim, apesar de ser um assunto que eu ia pedir a um de vocês para referir”. 

“Como somos quatro, cada um de nós podia falar de um grupo” sugeriu o OLHA.

“Parece-me uma excelente ideia. Queres começar tu?”.

“Vamos a isso e começamos por ordem alfabética, com o grupo A, onde tivemos os primeiros pontos perdidos pelo Barcelona, em Barcelos, um empate daqueles que o AMAGADINHO não gosta, um golo no início do jogo, um outro no reatamento e mais nada, sendo que estas duas formações estão mais perto do apuramento”, terminou ele.

“Eu vou olhar para o grupo B, onde na casa do Calafell o Sporting repetiu o mesmo empate (2-2) do João Rocha, enquanto que o Benfica voltou a ganhar ao Reus, agora em Espanha, apesar de ter dado meia parte de avanço, com águias e leões muito bem encaminhados para os quartos de final”, concluiu a RODINHAS.

“O grupo C é para mim, tivemos um empate em Tomar, uma vitória no Dragão, com a vida complicada para os nabantinos, os espanhóis do Lleida estão praticamente fora das contas, enquanto que as duas equipas portuguesas ainda estão na luta, numa 5ª jornada (8/02) que pode ser decisiva, com a receção dos azuis-e-brancos aos ribatejanos”, finalizou o ALÉU.

“Muito bem, deixaram o grupo D para mim, o único onde as duas equipas portuguesas perderam, a Oliveirense que sofreu a primeira derrota – em casa frente ao Lodi – mas continua no bom caminho, já o Valongo perdeu em França, complicou um bocadinho as contas, apesar de todas as equipas manterem a esperança na qualificação, mas a oito de fevereiro já muita coisa vai ficar definida. Olha, foi uma excelente ideia, nas próximas duas jornadas vamos repetir este esquema de análise”.

“Antes de definires a nossa agenda, o que vai ser o almoço hoje?”, brincou o OLHA.

“Já cá faltava! Hoje vem do Camponês um cachaço de porco assado no forno, com batatinhas assadas e migas de espargos”.

“Uiii... “, babaram-se os três.

“Vamos lá ao plano de trabalhos para este fim de semana. O ALÉU fica com a Liga dos Campeões feminina, eu vou olhar para a Segundona, a RODINHAS vai levar com a Terceirona, enquanto que a Feminona sobra para o OLHA, com o AMAGADINHO a dedicar-se à Primeirona. Está bem assim?”.

“Espetáculo Tio, vamos a isto!”, confirmaram os três. “Até terça-feira”.

“Adeus malta”.

Estive eu aqui a matar a cabeça no início, para depois eles terem ideias brilhantes.

 

Esta semana no FORA DO BANCO temos alguém que nasceu, jogou e treina na mesma cidade, ou seja, hoje temos por aqui um filho da terra.

 

Nome Completo: Luís Bastos Marques Pinto

Clube atual: Clube Académico da Feira

Idade: 42 anos

Local de Nascimento: Santa Maria da Feira

 

Prato preferido: Polvo à Lagareiro

Melhor cidade para viver: Aveiro

Livro que está na mesa de cabeceira: Nenhum

O filme que já viu mais do que uma vez: Os Substitutos

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Clube Académico da Feira, UD Oliveirense e Escola Livre de Azeméis

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Quando comecei a ter mais curiosidade pela parte tática do jogo

Clubes/seleções que já treinou: Clube Académico da Feira e CENAP

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Equipas de formação

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Mais ou menos 3 horas

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: A regra de jogar a bola com o patim

Maior tristeza como treinador: Nem sempre ter as melhores condições para treinar

E, claro, a maior alegria: Formar a primeira equipa sénior masculina da história de um Clube, só com atletas da formação após um trabalho de 6 anos

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Quando vejo adeptos sem qualquer conhecimento do jogo, a insultar árbitros, atletas, treinadores, etc.

 

(29/01/2024) Enquanto esperava que o AMAGADINHO chegasse, recordei as palavras dele na despedida da semana passada: “Prepara-te que para a semana as perguntas vão ser mais complicadas”.

Tudo isto porque respondi acertadamente às suas habituais questões, mas ele gosta muito que eu erre.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite miúdo. Depois de mais uma jornada da Liga dos Campeões, na quinta-feira, regressou a Liga portuguesa”.

“Pois foi, mas antes do balanço desta 15ª jornada, vamos lá à primeira pergunta de hoje”.

Bolas, ele vem com ela fisgada.

“Entre penáltis e livres diretos, há uma equipa que já teve 43 possibilidades, mas concretizou apenas 11 vezes. Qual foi a equipa?”.

“Já tinhas prometido que esta semana ia ser difícil. Vou dizer que foi o Murches”.

“Errado! Foi o Sporting de Tomar”.

Na cara um enorme esgar de alegria.

“Tio, era difícil, não fiques triste. Sobre esta jornada, gostei, como gosto sempre, quando todas as equipas marcam golos e não houve empates. O campeão nacional vai de mal a pior, sendo que nos últimos cinco jogos só venceu dois, enquanto que Sporting e Oliveirense, são, nesta altura, os principais candidatos ao título”.

“Mas numa prova que vai ser resolvida por eliminatórias, a classificação atual pode não ser muito importante”.

“Alguma vez o oitavo classificado foi campeão?”.

“Não”.

“Ora aí está a explicação!”.

Mais uma pequena vitória para o miúdo, a ver pela expressão facial.

“Antes de ir à minha classificação, deixa-me pedir desculpa, pois a da semana passada estava errada, pois o meu jeito para mexer no Excel precisa de melhoramentos. O Carvalhos continua a não dar hipóteses a ninguém, segue no 1º lugar (3 pontos), na 2ª posição está o Turquel (12), seguido do Riba d’Ave (14), Famalicense (16), HC Braga (17), que tem um jogo em atraso que vai acertar na quarta-feira, ,a Luz, sendo que no 6º lugar está a Juventude Pacense (18)”.

“Temos ALMOFADA para oferecer hoje?”.

“Afirmativo, ela vai direitinha para o Miguel Santos (Famalicense) que apenas sofreu um golo frente ao Sporting. Tio, antes das despedidas, imagina que esta 15ª jornada era a segunda mão de uma eliminatória. Considerando os resultados da 1ª mão, qual foi a 3ª equipa que marcou mais golos?”.

“Porquê a terceira!?”.

“Quem escolhe as perguntas sou eu”, afirmou ele convictamente.

Acalma-te Jorge.

“Claro, tens toda razão. Não tenho a certeza, mas vou arriscar no Sporting”.

“Bolas Tio, que sorte... acertaste. Até segunda”, despediu-se ele com cara de que para a semana as questões vão ser ainda mais complicadas.

“Adeus AMAGADINHO”.

Porque será que fico tão cansado depois de falar com ele?

 

(30/01/2024) Da mesma forma de que não gostava muito das segundas-feiras, como expliquei a semana passada, também o mês de janeiro era aquele que mais me irritava.

A explicação até é fácil, compreensível para todos aqueles que só vivem do seu salário, como sempre foi o meu caso. O meu patrão pagava o mês de dezembro mais cedo do que o normal, um mês do Natal propício a um consumismo acima da média anual, sendo que o final do primeiro mês do ano parecia que nunca mais chegava.

Janeiro também foi um mês de revoluções republicanas por cá, mas que não resultaram, mas vou guardar essas conversas políticas para quando eles chegarem.

Não demorou muito até o seu jovem entusiasmo transbordar monitor fora.

“Boa noite Tio!”, gritaram os três, procurando assustar-me.

“Boa noite juventude. Gostei, mas não me surpreenderam”, ri-me eu.

“Oh, assim não tem piada”, brincou a RODINHAS.

“Bolas, este mês de janeiro nunca mais acaba”, exclamou o OLHA.

“Estou contigo, este mês também não está no meu coração”, brinquei eu. “Enquanto esperava por vocês, estava precisamente a refletir sobre os primeiros trinta e um dias de cada ano. Quem também não gosta muito deste mês são os monárquicos e republicanos portugueses”.

“Já percebi que vamos ter mais uma lição de história do Tio”, gozou o ALÉU.

“São apenas coincidências resultantes de acontecimentos que ocorreram nos dias em que nos encontramos. Em 31 de janeiro de 1891 tivemos o primeiro movimento revolucionário, decorreu no Porto e teve por objetivo a implantação do regime republicano em Portugal”.

“Mas não resultou”, afirmou a RODINHAS.

“Pois não, por isso a 28 de janeiro de 1908 tivemos o Golpe do Elevador da Biblioteca”.

“Já havia elevadores nessa altura?”, questionou o OLHA.

“Claro que sim. Este, onde se reuniram os revoltosos, foi inaugurado em 1897, sendo o sétimo elevador público a ser construído em Lisboa, também conhecido como Elevador de São Julião, que ligava o Largo da Biblioteca, atualmente da Academia de Belas-Artes, ao Largo de São Julião, contíguo à Praça do Município”.

“Mas esse golpe também não resultou”, referiu o ALÉU.

“Pois não, mas na sua sequência tivemos o Regicídio de 1908, onde foram assassinados o Rei D. Carlos e o Príncipe herdeiro”.

“Mas à terceira foi de vez, pois a 5 de outubro de 1910 passámos a ser uma República”, afirmou a RODINHAS.

“Nem mais. Factos importantes da história portuguesa, mas agora vamos lá bater na pretinha. Hoje vai começar o ALÉU”.

“Terceira jornada da Liga dos Campeões feminina, o Stuart venceu em casa num jogo só com um golo, o Benfica folgou, mas a meio da fase de grupos, parece-me que as duas equipas portuguesas podem rumar aos quartos de final da prova”.

“Totalmente de acordo. Avanço eu com a Segundona, olhando para o Sul onde tivemos algumas goleadas imprevistas, do Benfica B sobre o Parede e do Oeiras frente ao Alenquer, além da vitória surpresa do Entroncamento no Casablanca, que evitou que o PA subisse ao 2º lugar, uma concorrência que mantém cinco formações com ambições, numa altura em que terminou a 1ª volta. A Norte a luta pela subida vai-se resumindo a três equipas – Sanjoanense, Juventude Viana e CD Póvoa – com os poveiros a perderem dois pontos importantes, em casa, frente ao Valença, mas a manterem-se totalmente na corrida. Vamos até à Feminona”.

“Começo pelo jogo das campeãs nacionais, que chegaram ao intervalo a perder na Feira, facto pouco vulgar nas competições nacionais, mas as encarnadas conseguiram dar a volta ao resultado frente a uma boa equipa. No resto da jornada as Brutas dos Queixos e as miúdas das Escola Livre também conseguiram a segunda vitória nesta fase, mas recordo que o figurino da prova possibilita que as oito equipas deste grupo possam todas elas discutir o título, mas lá mais para a frente eu explico melhor este formato”, finalizou o OLHA.

“Está na altura de irmos à Terceirona, prova que esta semana esteve sobre a observação da RODINHAS”.

“Uma prova cansativa, com sessenta equipas e onde esta semana tivemos a primeira derrota do Tojal, na deslocação a Torres Vedras frente aos bês da Física, ou seja, à 15ª jornada só o Marítimo de Ponta Delgada continua sem derrotas. Na frente das quatro séries, Limianos, OH Sports, Sporting Torres e a referida equipa açoriana são os líderes. Olhando para o lado contrário da tabela, as equipas B do Riba d’Ave, Carvalhos e Entroncamento, além do Azeitonense, são os lanterna- vermelha, sendo que a rapaziada da Terra dos Fenómenos ainda não conseguiu vencer”, concluiu ela.

“E pronto, mais uma semana terminada e até sábado”.

“Adeus Tio, até fevereiro”, brincou o OLHA.

“Até para o mês que vem”, gozou a RODINHAS.

“Até sábado”, despediu-se o ALÉU.

Saíram rápido e bem-dispostos.

 

Sempre que tenho que falar de Marrazes, recordo-me do Tromba Rija e do Rui Patrício, mas o assunto hoje é a SACADA, que esta semana aconteceu no Polidesportivo da terra, dezasseis golos foram obtidos, com destaque para os guarda-redes do Carvalhos B, Afonso Martins (7) e João Vieira (5).

 

As miúdas de Massamá sabiam que este jogo frente ao Vordemwald era muito importante, para manter a esperança de seguir para os quartos de final da Liga dos Campeões.

O AMAGADINHO não gostou nada de haver só um golo, mas a Beatriz Alves ficou contente por o ter marcado e de levar para casa o VELHO desta semana.

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