quarta-feira, 3 de julho de 2024

Crónicas do Bom Malandro


Ateus, Agnósticos e Bons Garfos

 

(29/06/2024) Esta é uma data com a qual eu tenho uma boa relação, muito por força de ter vivido mais de meio século em Alverca, cidade cujo o padroeiro é São Pedro e que se celebra hoje.

Eu não tenho, nem acredito em nenhuma religião, pelo que acho que sou uma espécie de ateu agnóstico, o que, claramente, é um perfeito disparate.

Ateu é quem não crê em Deus ou em qualquer ser superior, palavra que tem origem no grego atheosque significa sem Deus, que nega e abandona os deuses, formado pela partícula de negação ajuntamente com o radical theos (Deus), termo que nasceu na Grécia Antiga para descrever aquelas pessoas que rejeitavam as divindades adoradas por grande parte da sociedade, sendo considerados ímpios por não acreditarem nos muitos deuses venerados.

Já agnóstico é aquele que considera os fenómenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana, mais uma palavra que deriva do termo grego agnostos que significa desconhecido ou não cognoscível, sendo o agnosticismo uma doutrina filosófica dos agnósticos, que considera inútil discutir temas metafísicos, dado serem realidades não atingíveis através do conhecimento, pois para eles a razão humana não possui capacidade de fundamentar racionalmente a existência de Deus.

Pensava nisto sentado no banco da estação de Vila Nova da Baronia, numa altura em que ao fundo desta longa reta de carris desta localidade do concelho do Alvito, distrito de Beja, se avistava o comboio onde vinha a minha juventude.

“Muito bom dia. Bolas, vocês estão cada vez maiores!”.

“Olá Tio, já tu estás na mesma”, brincaram os três.

“Foi boa a viagem?”.

“Excelente, contrariamente à nossa exibição frente à Geórgia”, lamentou a RODINHAS.

“Para nós o resultado não interessava, pelo que tivemos em serviços mínimos”, riu-se o OLHA.

“Foi um jogo onde não metemos o pé, perdemos todas as segundas bolas, enfim, à boa maneira portuguesa!”, refilou o ALÉU.

“Já vi que vêm zangados por causa da nossa seleção, mas agora o importante é vencermos a Eslovénia na segunda-feira. Vou utilizar uma frase gasta, mas que é aquilo que eu penso, não somos os melhores quando vencemos, nem os piores quando perdemos”.

“Pode ser que até tenha sido boa a derrota na quarta-feira, como afirmou Martínez, mas para já o que queremos saber é a ementa para este fim de semana”, brincou a RODINHAS.

“Já falamos sobre isso, vamos andando até Oriola, pois ainda temos que nos reunir antes do almoço”.

Cerca de trinta minutos depois chegámos a casa, onde o Pablo e o Pizzi nos esperavam, este sempre desconfiado, até reconhecer as novas caras que chegaram à sua casa.

“Ainda vão conversar antes de almoço?”, perguntou a Princesa.

“Sim, vamos já agora”.

“Então quando estiverem a acabar digam, para eu finalizar o bacalhau à Brás”.

“Gostamos muito”, gritaram os três em uníssono.

“Era a primeira surpresa, que tu já estragaste”, brinquei eu. “Bem, vamos lá tratar do Plano de Festas para o fim de semana, autoria do OLHA”.

“Sim senhor, tenho aqui tudo anotado. O Tio vai olhar para o Nacional de sub-19 feminino, que vai decorrer em Oliveira de Azeméis, o ALÉU vai focar-se nas finais a oito dos sub-13 e sub-17 masculinos, que se vão realizar em Lavra e na Maia, respetivamente, três provas que já começaram ontem, a RODINHAS vai olhar para o fecho da Terceirona, enquanto que eu, como é a última Crónica desta temporada, vou espreitar como decorreram os principais campeonatos europeus, além do jogo 1 da final da Feminona,”, terminou ele.

“Vamos para a mesa que o bacalhau já está pronto, sendo que ficam já a saber que para o jantar vou fazer uma carne de porco à alentejana”.

“Que maravilha!”, sublinharam os três.

Depois de temperaturas muito altas no início da semana, hoje até o tempo está a colaborar, ou seja, o mercúrio a descer no vidrinho.

 

Depois do Pedro há uma semana, pela primeira vez temos um irmão nesta sequência, um bom garfo no FORA DO BANCO que encerra esta temporada.

 

Nome Completo: Bruno Alexandre Barbosa Chambell

Clube atual: Sem clube

Idade: 35 anos

Local de Nascimento: Torres Vedras

 

Prato preferido: Arroz de Pato, Costeleta de Vaca Grelhada, Bacalhau de qualquer maneira, Mão de Vaca com Grão, entre outros pratos

Melhor local para viver: Torres Vedras

Livro que está na mesa de cabeceira: Nenhum, apenas na secretária do

Ramon Riverola

O filme que já viu mais do que uma vez: Any Given Sunday, Remember

The Titans, Gladiador, Regresso ao Futuro, entre muitos outros

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim. AE Física Torres Vedras, C Stella Maris, UDC Nafarros, HC Lourinhã, Sporting C Torres e UD Vilafranquense

Como/quando chegou a opção de ser treinador: 2012 por opção

Clubes/seleções que já treinou: AE Física Torres Vedras e Sporting C Torres 

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Ainda não treinei

seniores para comparar, mas todos os escalões têm o seu grau de

dificuldade e respetivos desafios

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Depende do jogo, e do escalão, há que preparar primeiro a mentalidade e ideia de jogo, e então depois é só ir adaptando pequenas coisas de jogo para jogo

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: O critério de

desempate ser pelo número de atletas inscritos (escalões de formação), a política de transferências, repensar as equipas B e número de atletas

permitido por equipa na formação, e o número de atletas estrangeiros

permitidos nas equipas seniores

Maior tristeza como treinador: As vezes que não consigo ajudar os

atletas, conseguir fazer com que as palavras e mensagem chegue até

eles, seja para um assunto dentro de campo ou fora dele

E, claro, a maior alegria: A amizade manter-se mesmo depois de deixar de treinar certa equipa ou clube

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Faltas de atitude e de

cabeça dos jogadores, egoísmos e más atitudes, e malandrices fora de campo.

 

(30/06/2024) A conversa, como era expectável, esticou-se ontem à noite até à madrugada do último dia do primeiro semestre do ano.

Combinámos que esta manhã – 10 horas - íamos visitar as obras da praia fluvial de Oriola, que está em construção há umas semanas, mas como eu sou simpático deixei-os dormir mais um bocado. 

Aproveitei para espreitar, mais uma vez, o calendário e descobri que hoje é o Dia Mundial das Redes Sociais, data criada pelo site norte-americano Mashable em 2010, uma forma de reconhecer a revolução digital que fez dos media um ambiente social, dia que é comemorado com a organização de encontros informais de pessoas de todo o mundo por meios tecnológicos ou presencialmente. 

Para o bem e para o mal, hoje já ninguém vive sem elas, nossa companhia do dia a dia, como esta juventude que já acordou.

“Bom dia Tio”, cumprimentaram-me eles com uma enorme cara de sono.

“Para nos irmos deitar nunca temos pressa”, brinquei eu.

“Também é verdade, mas como diz o ditado, a conversa é como as cerejas e aproveitámos para colocar a conversa em dia”, explicou a RODINHAS.

“Vamos beber um café, ver as obras e depois venho fazer o almoço. Como o tempo está bom, vou acender o carvão e assar umas sardinhas e carapaus, para que a Princesa e o ALÉU não fiquei aflitos com as espinhas”, gozei eu”.

“Parece-nos muito bem”, sublinharam eles, corroborado por uma gargalhada bem sonora da Princesa.

Todos gostaram muito da localização da praia, ficando já prometida uma visita para quando ela estiver pronta, o que deve acontecer lá para o final do verão.

A refeição foi uma maravilha, unanimidade em relação ao peixe que estava no ponto, boas saladas de pimento e tomate, em resumo, uma bela almoçarada.

“Agora apetecia-me era dormir uma sesta”, afirmou o ALÉU depois de um enorme bocejo.

“Nem pensar, já dormiram até tarde esta manhã, além de que há muito hóquei para ver. Antes que me perguntem, para o jantar chega do Camponês um excelente choco frito, mas a meio da tarde vamos petiscando uma salada de búzios que eu já fiz esta manhã”.

“Tio, tu estragas-nos com mimos!”, riu-se o OLHA.

“Nada disso, vocês merecem. Vamos lá ao trabalho, há jogos para ver que já se realizaram enquanto dormiam, para depois de jantar regressarmos para cumprirmos o nosso Plano de Festas”.

O tempo passou muito rapidamente, todos foram anotando o que se iam desenrolando nos diversos pavilhões, para que há noite pudéssemos resumir o que se passou nestes três dias.

“Bem, aqueles búzios estavam espetaculares, acho que nunca tinha comido”, confirmou o ALÉU.

“Era para fazer uns caracóis, mas como tu disseste que não gostavas muito...”, expliquei eu.

“Ele é um esquisito, quando falaste nos búzios esta manhã, ele fez uma careta, mas agora diz que é muito bom”, gozou a RODINHAS.

“Guardem essa trica para depois e vamos ao hóquei. Quem quer começar?”.

“Eu”, avançou o OLHA. “Fiz o Plano e vou já despachar-me, na Feira tivemos o primeiro jogo da final da Feminona, o Benfica confirmou o seu favoritismo, venceu sem sofrer golos e agora tem dois jogos na Luz para chegar ao 11º título consecutivo na prova. Já relativamente aos vencedores dos principais campeonatos europeus, colocando em primeiro lugar os masculinos e depois os femininos, em Espanha foi o Barça – 34º título - e o Palau de Plegamans, o Hockey Forte e o Roller Matera, ganharam em Itália, em França o Saint-Omer e o Loire Atlantique Vendée fizeram a festa, o Germania Herringen e o Bison-Calenberg foram os campeões na Alemanha, enquanto que na Suíça o Diessbach e o Uttigen foram os mais fortes”, terminou ele.

“Vou avançar com a minha parte, estive de olho no Nacional de sub-19 feminino, uma prova com seis equipas, onde o Gulpilhares cedo mostrou ser a mais forte, composta por um lote de jogadoras, onde quase todas passaram, ao longo dos anos, pela seleção de sub-17 da FPP, conseguindo o título com um pleno de vitórias, tendo apenas sofrido um golo na competição. Agora é a tua vez”, afirmei eu apontando para o ALÉU. 

“Desculpa Tio, estava distraído, acho que ainda estava a saborear mentalmente o sabor dos búzios”, riu-se ele. “Nas provas dos mais novos o Benfica venceu as duas, nos sub-13 bateram os miúdos de São João da Madeira, numa final onde estiveram sempre na frente, já nos sub-17 derrotaram o Valongo, partida muito mais equilibrada, os valonguenses chegaram a ter dois golos de avanço, os encarnados conseguiram levar o jogo para prolongamento onde marcaram o golo decisivo”, finalizou ele.

“Resumindo, nas quatro finais da juventude masculina, três vitórias do Benfica, que esteve em todas, e uma da Oliveirense. Para terminarmos esta temporada temos a RODINHAS”.

“Vou ter o prazer de encerrar a época 2023/24, na Terceirona a festa de campeão já tinha sido feita em Oliveira do Hospital, pelo que as atenções estavam focadas em Marrazes, uma verdadeira final pelo último lugar disponível para subir, ao Lavra bastava o empate, esteve com dois golos de vantagem, ao intervalo o jogo estava empatado, mas um par de golos na segunda parte soltaram a festa dos pupilos de Simão Clemente, com a subida à Segundona do Leiria e Marrazes”, concluiu ela.

“Antes de irmos descansar, porque amanhã temos o comboio cedo, temos aqui uma surpresa para ti”, afirmou o OLHA.

Cada um deles ofereceu-me um pequeno embrulho, com o mesmo formato, os três com um belo laço, abri o primeiro, dado pela RODINHAS, uma lágrima escorreu-me quando percebi que era um azulejo, com a frase O Que é o Almoço Hoje?

“Vocês já me fizeram chorar, mas agora quase que adivinho o que está nos outros dois presentes”.

“Logo no dia em que falámos por aqui nos azulejos, combinámos que eles passariam de virtuais a reais quando viéssemos cá”, explicou o ALÉU.

“Deixem-me abrir os outros... Esquece o Relógio Uns Segundos, do OLHA e... Quando é Preciso Estás Lá, a frase do ALÉU. Muito obrigado, vou ter muitas saudades vossas”, agradeci eu, numa altura em que voltei a lacrimejar.

“E nós tuas, mas vamos continuar a falar”, confirmaram eles.

Tudo ficou a jeito antes de irmos dormir, pois a juventude regressa amanhã a Lisboa.

As Crónicas regressam na nova temporada?

Vamos ver.

 

(1/07/2024) Depois de um fim de semana diferente, intenso e muito emotivo, chegou a altura de falar com o AMAGADINHO e mandá-lo, definitivamente, de férias, também no hóquei.

Nunca falhando à hora combinada, lá surgiu ele no meu portátil.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite miúdo, está tudo bem?”.

“Tudo bem. Vamos lá arrumar a época da Primeirona, que contrariando a tendência recente terminou ao quarto jogo, pois o FC Porto foi à Luz na 4ª feira passada fazer o que a Geórgia fez a Portugal, quase à mesma hora, ou seja, surpreender o Benfica. Uma vitória clara, conseguindo os azuis-e-brancos a única vitória fora do Dragão nas meias-finais e final, na altura mais importante e chegando ao 25º título nacional, desempatando o número de vitórias com os benfiquistas”.

“Queres opinar sobre época?”.

“Não há muito a dizer, as quatro equipas mais fortes chegaram aos jogos decisivos, o FC Porto venceu a fase regular e foi campeão”.

“Curto e grosso, como eu digo muitas vezes. Grande abraço e vamos falando, pois tenho uma proposta para ti”.

“Quando quiseres Tio. Abraço”.

Brevemente voltaremos a conversar.

  

No encerramento do nacional de sub-23 em Oliveira do Hospital, ocorreu a SACADA desta semana, um jogo com quinze golos, com o destaque para Afonso Borges (8), guarda-redes da equipa da casa.  

 

Subir de divisão é sempre uma festa, marcar dois golos decisivos nesse contexto é um feito que vai ficar na memória do Dário Santo (SC Leiria Marrazes), que aos 33 anos recebe o último O VELHO desta época

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