sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ponto e vírgula



Nestes momentos difíceis, sabe bem um texto bem disposto.
Aqui fica um, da autoria de João Quadros publicado no Jornal de Negócios.

Amigos,

Este é um dos textos menos ingratos que um cidadão português pode fazer - informar os Portugueses, que têm enfrentado com tanta coragem e responsabilidade este período tão difícil da nossa história, que os tempos deste governo estão quase a terminar.

Vão ser necessários muitos anos para os pin com a bandeira de Portugal (e o Paulo de Carvalho) recuperarem a imagem que tinham. Para este governo já é tarde. Venha o XX. A mensagem que Passos Coelho publicou no facebook foi o ponto final.

Vamos lá ver, eu aguento toda a austeridade. Agora, o primeiro-ministro dirigir-se a mim com um "amigos", isso é que não! Aquela mensagem é conversa de bêbedo na ressaca. É a típica conversa do indivíduo que no dia anterior chegou alcoolizado a casa e bateu na mulher, nos filhos e na mobília, e no dia a seguir acorda, vê as asneiras que fez e fica arrependido e, mesmo sabendo que vai voltar a fazer o mesmo, vem pedir desculpa. Se não fosse o défice, o Pedro teria enviado uma caixa de Mon Chéri a todos os portugueses e uma sombrinha de chocolate aos que têm o ordenado mínimo.

No fundo, é a habitual aldrabice do facebook: as pessoas nunca dizem ser o que realmente são. O primeiro-ministro em vez de dizer "tenho 25 anos, sou moreno e atlético", diz que é um pai preocupado, um lamechas e um democrata. A verdade é que foi graças a esta mensagem no facebook (e ao domínio que os portugueses têm do vernáculo) que Passos Coelho conseguiu, finalmente, aparecer no "Financial Times".

Estes são tempos complicados, e para quem não tem facebook, ainda mais duros se tornam. Sem facebook, os portugueses nunca conheceriam o sensível Pedro. Quem não anda nas redes sociais pensa que o PM é um "serial killer",  frio, sem sentimentos. Um doente, capaz de ir bater palmas e rir para um espectáculo minutos depois de ter massacrado famílias. Foi publicada uma foto que mostra Passos Coelho no concerto de Paulo de Carvalho a rir. Ele acaba de dizer à mulher: "Já viste que o ordenado mínimo está como quando a Nini tinha quinze anos… Ah, ah, ah! Que giro."

Um português que não possua página no facebook sente-se só e abandonado. O Presidente da República (como é que ele se chama? Agora não me ocorre o nome) não fala. Paulo Portas foi silenciado por um Arpão e um Tridente. A mulher do Passos não diz nada desde o "Feliz Páscoa" de 2011. Seguro está no Herman 2012 a preparar 2011. Miguel Relvas está no Rio de Janeiro, ou como ele diz: "estou na capital do Brasil".

Um cidadão com facebook, ao menos, pode encontrar alguma solidariedade e compreensão na página do vice-presidente da CGD. Nogueira Leite escreveu que dava a "palavra de honra" que sairia do país se os seus impostos aumentassem. Mais tarde, a página foi apagada. Está visto que cumpriu a palavra e pirou-se mesmo.

Que saudades do Aquashow.

Obrigado a todos.

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