quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [8]

Ermida de S. Pedro, o primeiro templo a ser construído na ilhaO dia D tinha chegado. Os mais de dois mil e trezentos metros de altitude, esperavam-nos por detrás de um manto de nuvens cinzentas. Antes de partirmos para o sopé da montanha, tempo para recordarmos alguns pontos indispensáveis numa visita à ilha do Pico.


(continuação) O dia já ia longo, o alto da montanha estava coberto por um manto de nuvens, deixando a extremidade descoberta, o sol já preparava para se esconder ao fundo do Atlântico. Por hoje vamos ficar por aqui, regressando à nossa “adega” para descansarmos e carregar as “baterias” para outros dias intensos. Combinada, com o Deodato, está a subida ao alto da montanha do Pico.
O dia da escalada tinha chegado. A estadia no Pico foi apaixonante, todo o que vimos e visitámos, deixa-nos “convencidos” a voltar de novo. O dia da partida, para Lisboa, estava a aproximar-se rapidamente. Guardamos para o fim aquela subida. E que subida. Para trás ficaram na retina recordações de olhares não transmissíveis.
E observámos tanta coisa. O Museu do Vinho, que nos conta a história do vinho nesta ilha. A Adega Cooperativa onde se produz o famoso verdelho tão apreciado e que recebe habitualmente os visitantes, oferecendo-lhe uma prova do VLQPRD “Lajido”. Os Arcos do Cachorro, uma formação rochosa com a configuração do focinho de um cão deram o nome a esta zona. O mar penetra pelos diversos túneis feitos pela erosão, fazendo efeitos interessantes. Também nesta zona, foi construída uma central eléctrica, que funciona com a energia resultante da força das ondas. A Quinta das Rosas, parque florestal com espécies exóticas.
O Museu Industrial, situado em S. Roque do Pico, está instalado na antiga Fábrica das Armações Baleeiras, onde existem apetrechos utilizados na transformação da baleia em produtos como a farinha e o óleo. As lagoas do Capitão, Caiado e Paul, zonas de interessante paisagem. Os Mistérios de Santa Luzia, Prainha e S. João, formados pela lava de erupções vulcânicas, que se verificaram no mar e que se uniram à ilha. A Furna de Frei Matias, perto da vila da Madalena, é um local de interesse. Santo Amaro, conhecida por ser uma terra onde a construção naval, teve grande importância. Ainda hoje funcionam aí alguns pequenos estaleiros navais.
A Piedade, no parque Matos Souto, onde existem espécies vegetais raras. O Miradouro da Terra Alta, situado na estrada que circunda a ilha pelo Norte. Deste miradouro pode-se observar a Ilha de S. Jorge, assim como a paisagem que a riqueza florestal da Ilha do Pico nos oferece. A Calheta do Nesquim, povoação com pequeno porto de pesca com grande tradição baleeira. Foi neste local que se constituiu a primeira Armação Baleeira. Ribeiras, freguesia com porto de pesca, com grandes tradições na actividade piscatória, terra de bons marinheiros.
Claro que não perdemos a oportunidade de visitar as Igrejas que são os principais monumentos desta ilha. A Igreja de Santa Maria Madalena, a mais importante da ilha, construída no Séc. XVII. O Convento S. Pedro de Alcântara, edifício do Séc. XVII com interior muito valioso. A Ermida de S. Pedro que foi o primeiro templo a ser construído na ilha, datado do primeiro quartel do Séc. XV, situando-se nas Lajes do Pico. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída no Séc. XVIII. A Igreja de Santa Bárbara, nas Ribeiras, foi construída no Séc. XVII e reconstruída no Séc. XX e a Igreja de S. Sebastião, na Calheta do Nesquim, construção do Séc. XIX no local onde existia uma capela do Séc. XVI.(continua)

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Gestão por objectivos

As portas do céuAs anedotas fazem parte do imaginário dos portugueses. Somos mesmo muito bons a criá-las. Tem o condão de nos alegrar o interior, contribuindo para o aparecimento de um sorriso, que teimava em se esconder. Aqui vai uma, bem engraçada, reflectindo um tema da moda.


Numa cidade do interior, viviam duas mulheres que tinham o mesmo nome: Flávia.
Uma era freira e a outra taxista. Quis o destino, que morressem no mesmo dia. No céu, São Pedro esperava-as.
- Como te chamas?
- Flávia
- A freira?
- Não, a taxista.
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bem, ganhastes o paraíso. Leva esta túnica com fios de ouro. Podes entrar. A seguir...
- Como te chamas?
- Flávia
- A freira?
- Sim, eu mesmo.
- Bem, ganhastes o paraíso. Leva esta túnica de linho. Podes entrar. A religiosa diz:
- Desculpe, mas deve haver algum engano. Eu sou Flávia, a freira!
- Sim, minha filha, e ganhastes o paraíso. Leva esta túnica de linho...
- Não pode ser! Eu conheço a outra, Senhor. Era taxista, vivia na minha cidade e era um desastre! Subia as calçadas, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 65 anos pregando todos os domingos na paróquia. Como é que ela recebe a túnica com fios de ouro e eu esta?
- Não há nenhum engano - diz São Pedro. É que aqui, adoptamos uma gestão mais profissional do que a de vocês lá na Terra...
- Não entendo!
- Eu explico: Já ouviu falar de gestão de resultados? Pois bem, agora nos orientamos por objectivos, e observámos que nos últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam. E cada vez que ela conduzia o táxi, as pessoas rezavam! O Resultado final é que importa!

A esfera negra

Uma esfera inspiradora Cedo conheceu as primeiras palavras, através do jornal A Bola, entre os dois e os três anos de idade. O gosto pela língua portuguesa foi aumentado. Mais tarde chegou a poesia. Fica aqui um exemplo, com a promessa de mais.

Aqui vou eu,
no aconchego
deste mundo ambulante,
com um sorriso nos lábios,
pensando
na esfera negra, brilhante,
com vida.

Depois de entrar na
nuvem envelhecida, vou em
ritmo lento,
de forma a ver a paisagem nocturna,
reluzente
num momento.

Cheguei ao
rectângulo branco.
E a esfera negra na
minha direcção. O que fazer?
Vou, não vou?
E com um batimento fortemente suave,
acaba esta “viagem”…

Ricardo Paulino

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Em quatro rodas

Automóveis e árvores de Natal, por vezes parecidos Ontem, surpreendeu-me a notícia daquele casal da Guarda, que entrou no túnel do Metro do Porto – o andante, como dizem os locais – percorrendo perto de mil metros, até se deter. Até aqui tudo bem, até engraçado. O pior é que parece que já não é a primeira vez que tal acontece…só que agora estava lá a televisão. Será que a sinalização é a mais correcta?
Já que estou na maré dos automobilistas, não posso deixar passar dois reparos. O primeiro vai direitinho para os que, nas estradas com três faixas, persistem em seguir sempre na faixa do meio. Tenho perguntado a mim mesmo, porque será? Será que gostam de ver passar os outros, dos dois lados do carro? Ou será que adoptaram o ditado de que no meio é que está a virtude? Provavelmente pertencem a um partido centrista.
O segundo vem iluminado. Os veículos de quatro rodas têm, a maioria, faróis de nevoeiro, à frente e atrás. Servem para situações de visibilidade reduzida. O pior é que a rapaziada usa e abusa deles, até de dia e com boas condições atmosféricas. Hoje, quando vinha a caminho do emprego – de automóvel, pois a CP está em greve – vi vários nestas condições, bem coloridos, cheios de luzinhas. Mas, pronto, nesta altura do ano até se compreende. Também eles querem imitar as árvores de Natal.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Fim da vida

Símbolo de mau tempo Portugal tem sido, nos últimos dias, assolado pelo mau tempo. Principalmente na última sexta-feira, de norte a sul, chuvas intensas, empurradas por fortes rajadas de vento, deixaram este nosso cantinho quase às avessas.
No meu trajecto matinal para o trabalho, encontrei, hoje, diversas vítimas da intempérie. A maioria esventrada, algumas, ainda mostrando as suas cores garridas, mas todas já com o seu ciclo de vida terminado.
Um silêncio respeitoso pelos derrotados chapéus-de-chuva.

domingo, 26 de novembro de 2006

Marketing Viral

O mail é uma das principais ferramentas para a divulgação do marketing viralMais uma proposta interessante, para um assunto, para mim, até agora, desconhecido.
Percebe-se, de imediato, que se trata de uma forma de publicidade apelativa, através do poder de uma comunicação baseada no «boca a boca». Ou como diriam os franceses «système du bouche à oreille» (segredo ao ouvido).
A táctica é fácil. Uma disseminação idêntica à de um vírus informático, daí o nome. Trata-se de uma forma de propagação, de uma mensagem, atraente, calculada para seduzir o receptor, muitas vezes apelando ao «coração», para que a cadeia não se quebre. Tal e qual os e-mail’s que recebemos, com ameaças de desgraças sem fim, caso não os reenviemos a todos os nossos amigos. Nada mais fácil.
Há quem chegue perto da comparação entre marketing viral e spam. A distância não é grande. Esperamos que a qualidade dos profissionais da área a torne enorme.
Como exemplo, fica a Festa da Gil, descrita, numa notícia do Diário de Notícias.
O livro do Guinness tem registada a maior acção de marketing viral, a Festa do Gil, de nacionalidade portuguesa. Desta vez, a missão da iniciativa tinha um cariz social, nomeadamente a ajuda da Fundação do Gil, de apoio à infância.
O arranque foi dado pela presidente da instituição, Maria José Ritta, ao enviar o primeiro convite para a festa de solidariedade. Depois, os interessados só tinham de visitar o site da só Vector21 e requisitar um ou mais convites para o e-mail pretendido. Posteriormente, tinham de os imprimir e distribuí-los por familiares e amigos.
A fase final consistia na entrega dos convites nos quiosques criados para o efeito, na Alameda dos Oceanos. Por cada convite entregue, a Fundação do Gil recebia um euro dos patrocinadores. Resultado 60
mil pessoas visitaram o site e 80 mil compareceram na festa de solidariedade.

sábado, 25 de novembro de 2006

Morte de João Ratão deixa Carochinha despedaçada

Um primeiro olhar de João Ratão para a Carochinha
Nesta vida académica, hoje pediram-me para criar uma notícia, baseada na história da Carochinha. A nossa fonte transmitiu os factos, como ela se recordava, criatividade quanto baste, para não deturpar os dados transmitidos, e resulta numa versão moderna de um conto da nossa infância.


João Ratão, que ia hoje casar com a Carochinha, morreu há uma hora, na Lapónia, vítima de afogamento.
Duas horas antes da cerimónia, entre a rica Carochinha e o carteiro João Ratão, este, ao provar a sopa, que iria ser servida aos convidados, caiu no caldeirão.
Quando se aperceberam do acontecido, vários amigos tentaram salvá-lo, mas já era tarde demais. Ainda foi socorrido pelos bombeiros locais, “mas nada havia a fazer”, informou o Comandante, Leandro Leão.
Carochinha, de cinco anos, tentava há vários meses encontrar companheiro, para com ele gozar da sua fortuna.
João Ratão, foi o quinto de vários pretendentes, que a tentaram desposar, entre eles, Porfírio Porcalhão e Bonifácio Burro.
Quando limpava a sua casa, há cerca de uma ano, Carochinha encontrou uma valiosa moeda de ouro, que a transformou, na rata mais rica da sua cidade.
Ainda não é conhecida à data e hora do funeral de João Ratão, que fazia sete anos na próxima semana.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A minha escola

Escola do 1º Ciclo, em Alverca Ontem voltei a uma escola primária. Já tinha saudades, principalmente do espaço envolvente, o recreio, onde andavam uns miúdos a jogar à bola.
A minha escola tinha pouco espaço, apenas o suficiente para brincar à apanhada, ao toca e foge e pouco mais. O futebol ficava fora das nossas brincadeiras, para minha tristeza.
Nas traseiras, existiam vários quintais. Alguns tinham galinhas, que gostavam de mim e eu gostava delas. Eu dava-lhes o pão que a minha mãe mandava para eu comer.
A minha escola já não existe. As galinhas não sei.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [7]

Caldo de Peixe à moda do PicoA visita a esta maravilhosa ilha, vai-se aproximando do fim. Agora é altura, acompanhados pelo Deodato, de conhecer o que de bom se come e bebe por aqui. E a subida ao alto da Montanha aproxima-se.



(continuação) Deixámos para trás dois dos mais importantes símbolos desta Vila Baleeira e fomos à procura de aconchego para o estômago. Aqui, a dificuldade prende-se com a escolha, devido à qualidade. Somos pessoas com sorte, tendo como anfitrião o Deodato. Um verdadeiro amigo, que entre duas garfadas, foi-nos dando uma panorâmica da gastronomia picoense.
«O mar generoso oferece-nos uma ampla variedade de matéria-prima para a confecção de deliciosos pratos. Os crustáceos como a lagosta, cavaco e o caranguejo, os moluscos encabeçados pela lapa e a craca, manjares inigualáveis, e os seus “primos” lula e polvo, base de pratos únicos como o “polvo guisado em vinho de cheiro”. Peixes de todos os tamanhos, formas, cores, texturas e sabores - abrótea, chicharro, moreia, veja (desconhecido no Continente, muito parecido com o bacalhau), írio, salema, cherne, garoupa, espadarte – tornam difícil a escolha. Cozidos, fritos ou grelhados são um pitéu, mas ainda podem oferecer-se num divinal “caldo de peixe” ou numa espectacular “caldeirada”».
O nosso Deodato, quase nem come, embrenhado na descrição gastronómica do seu Pico «mas as nossas pastagens não são menos pródigas que o mar que as rodeia. As carnes de bovino e suíno mostram-se imbatíveis numa “molha de carne à moda do Pico”, com carne de vaca ou uns “torresmos”, a partir da carne de porco. A carne de bovino não é menos apetecível num bom bife. A de suíno, faz umas singulares “linguiças” e “morcelas”».
O almoço está a terminar e chega também a altura para o nosso anfitrião falar dos acompanhamentos, sólidos e líquidos «os queijos de São João e do Arrife, ambas a partir do leite de vaca, vão muito bem com um vinho verdelho e um pão de massa sovada. Quando não se deseja experimentar os dezasseis graus do verdelho, como medo de não se conseguir levantar, aconselha-se um “vinho de cheiro” ou um dos brancos ou tintos produzidos na ilha».
Falar do vinho do Pico, é sinónimo de orgulho. Deodato não foge à regra. Ao mesmo tempo em que nos explica as origens, os seus olhos azuis vão brilhando «a cultura da vinha está associada aos primeiros tempos do povoamento, nos finais do século XV. O vinho verdelho, a partir da casta do mesmo nome, ganhou reputação mundial ao longo dos séculos, chegando à mesa dos czares russos. A partir do século XIX são introduzidas novas castas que dão origem a vinhos de mesa brancos e tintos. O modo de cultivo, contra a aspereza dos terrenos vulcânicos quase sem terra vegetal, em currais, que são áreas muradas de pedra negra, de muito pequena dimensão, marca igualmente a cultura da nossa ilha».
Um golo de verdelho e a retoma da explicação «prova da importância local e mundial é o facto da UNESCO, em Julho de 2004, ter considerado a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, criada em 1996, como Património Mundial da Humanidade. Currais, maroiços, que são diversos amontoados de pedra em forma de pirâmide, vinhas e adegas com os seus equipamentos, são elementos emblemáticos da vinha e do vinho».
A refeição já ia longa, mas os doces e os digestivos estavam a chegar, motivo para ficarmos a saber mais sobre a doçaria local e não só «adoçamos a boca com um bom prato de arroz doce, massa sovada ou rosquilhas. Para rematar, um bagaço do Pico, uma aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou de uma “angelica”». (continua)

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Fora de tempo

António Joaquim Rodrigues Ribeiro, o seu nome verdadeiro As ondas do éter, continuam a transmitir-me os sinais que vou precisando. Hoje, um qualquer anúncio publicitário, fez-me regressar ao sons dele. Aquela voz "esquisita", com roupas estranhas, nitidamente um caso de aparição fora de tempo. Tenho saudades dela, daquele timbre inimitável do António Variações. Estou além, transporta-nos para o seu mundo. Muito para lá...

terça-feira, 21 de novembro de 2006

The Long Tail

A cauda longa colorida No mundo da imaginação, chega-nos, via Comunicação On-line, a Longa Cauda. De virtual tem pouco e fez-me chegar...a uma poção mágica para o David poder vencer o Golias. Alheado da realidade, o colosso vai acordar tarde demais para produzir um antídoto.

Make love not war

A dança dos corpos Um título de um post, façam amor, não guerra, que atravessou uma geração do século passado, procurando suscitar o apelo dos corpos, em detrimento dos despedaçar dos mesmos.
Um casal pacifista norte-americano "recuperou" o lema, transformando-o no dia do Orgasmo. 22 de Dezembro, no solstício de Inverno, a solução para a paz mundial, acreditam eles, passará por fazer amor.
Um Orgasmo Global. Concordamos todos. Há iniciativas bem piores.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Falta algo naquela paisagem

Imagem da construção da nova Aldeia da Luz Faço da minha audição radiofónica matinal, habitualmente na TSF, inspiração para os meus posts, que tento que sejam diários. Hoje eles estavam no Alqueva.
Recordei-me da Aldeia da Luz, a original, submersa pela subida imparável das águas, que não conheci. E da nova, nova de mais, tão diferente da outra, disseram-me quando lá estive, durante o acompanhamento de uma étapa da Volta ao Alentejo em bicicleta.
Notava-se que faltava ali qualquer coisa. Tem a praça de touros, o campo de futebol, a igreja...mas sente-se, no ar, a inexistência de algo muito importante. O cheiro da terra, da terra deles, que não se consegue reproduzir, artificialmente.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Saudade

Joaquim da Silva Paulino (1934/2005) Nada acontece por acaso. A minha paixão pelo desporto, principalmente, pelo futebol, herdei-a do meu pai. Desde cedo que me começou a levar a ver jogos, lá, no campo, nos pelados.
Madrugadoramente, "ensinou-me" a ouvir relatos de futebol, na rádio, nos pequenos aparelhos transistorizados. Outra paixão que perdura.
Há um ano, ele, o meu inspirador, deixou-me.
Perdi o meu melhor amigo. Ganhei uma imensa saudade.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [6]

Bem perto de dois cachalotes Outros tempos, outras realidades, sempre a mesma inspiração. A observação dos adversários e a homenagem aos que com eles lutaram.

(continuação) Numa nova atitude perante a Natureza, a caça artesanal à baleia foi substituída pela observação, estudo e investigação dos cetáceos que cruzam o mar dos Açores, geralmente acompanhada de uma acção pedagógica sobre a vida e hábitos destes animais que os visitantes se propõem observar, a par de alguns conselhos e comportamentos recomendados nestas incursões ao mar. Em redor do Pico vêem-se, com frequência, algumas das vinte e uma espécies de cetáceos que rumam aos Açores, nomeadamente o Cachalote, o Golfinho comum, o Golfinho riscado, o Moleiro e a Baleia piloto. O encontro com estes animais, a poucas milhas da costa é uma experiência única, onde a admiração se mistura com a curiosidade, possibilitando registos, nas mais diversas películas, ou simplesmente na nossa memória, de rara beleza e encanto. Presos pela mesma magia de outrora, os homens prescindiram da aventura da caça de baleias para se tornarem caçadores de imagens e de novos conhecimentos.
Em 2001, para assinalar a passagem dos 500 anos da criação do Município, a Vila das Lajes concebeu uma homenagem aos protagonistas da centenária saga baleeira: um monumento da autoria do escultor Pedro Cabrita Reis, colocado no porto a desafiar o oceano. Nessa data, Cabrita Reis escreveu um breve texto que fala da sua obra e do modo como ela procurou, em termos estéticos, corresponder a uma representação da saga baleeira.
«Uma obra deve perdurar no tempo, atravessando as diversas conjunturas temporais, sem se tornar anacrónica. Para isso, deverá ter uma forte carga simbólica, em vez de se limitar apenas a tentar, imitar a realidade. A sociedade transforma-se por via das interrogações que a cada momento se colocam, as mentalidades enriquecem-se e criam uma consciência nova. Apesar de tudo não podemos ignorar o que fizemos, e a história das Lajes do Pico é inevitavelmente feita também pelos baleeiros.
Uma comunidade responsável deve viver em paz com a sua história. Para marcar a lembrança do seu passado construi-se um monumento que transmite para o futuro algo que faz parte de si próprio. É essa a intenção de um Monumento à Baleação.
Do homem interessa-nos o seu engenho, a sua capacidade de edificar. Do mar e da baleia, um todo aqui simbolizado pela curva desenhada ao longo do monumento. No branco luz, a memória da espuma das ondas. E os nomes dos baleeiros que fizeram história da baleação nas Lajes do Pico». (continua)

Futebolês

A festa do golo Portugal, ontem à noite, cumpriu a sua obrigação e venceu o Cazaquistão por 3-0.
Hoje de manhã, vinha a ouvir na rádio a conferência de imprensa de Scolari. A dada altura, ele disse "falhámos vários golos". Ora bolas, diria você, golos não se falham, senão não são golos. Certo, mas isto é o futebolês.
Esta é a linguagem muito própria do futebol, que transforma disparates linguísticos, em frases curriqueiras.
Uma das mais célebres é "chutou com o pé que tinha mais à mão".
Não se sabe se foi golo.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Segredo de justiça

José VeigaUma das temáticas que tem sido debatida nos últimos tempos, tem sido a questão do sigilo profissional. Importante, do lado dos jornalistas, de forma a salvaguardar as suas fontes. Fulcral da parte dos profissionais da justiça, de modo a proteger a privacidade dos arguidos, e as vezes nem isso.
Ontem, esta novela, teve mais um episódio. Aquando do arresto de bens do dirigente do Benfica, José Veiga, na sequência de um processo a correr no Tribunal de Cascais, eis que, não chegaram só os funcionários judiciais, mas também uma equipa de reportagem da TVI, inventando um directo, degradante, com sofás e televisores a serem os principais actores.
Obviamente, que o referido órgão de comunicação, soube em 1ª mão (segundo José Veiga, até primeiro que ele) o que ia acontecer.
Como em Portugal, a culpa costuma morrer solteira, não vão haver culpados.
Se nem nos funcionários dos Tribunais podemos confiar, havemos de acreditar em quem?
Já agora, como, inebriados pela grande reportagem que estavam a exibir, ninguém na TVI nos explicou o que é um arresto, eu vou tentar. Trata-se de um recurso que, um credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito, podendo requerer o arresto de bens do devedor. Uma espécie de penhora preventiva, de forma a evitar que os bens sejam vendidos antes da decisão judicial.

domingo, 12 de novembro de 2006

Sem lágrimas, nem perdão


Não nos cansamos de ouvir casos, em que a violência doméstica ultrapassa as barreiras do insulto.
As mulheres, as nossas mães, as mães dos nossos filhos, são as principais vítimas.
Parem.
Não queremos que elas chorem...

Morrer de amores pelo Pico [5]

Várias fotos da caça à baleia
O antigo baleeiro de São Mateus, continua a contar-nos as suas aventuras, jamais esquecidas por ele.

(continuação) Luís de Sousa conta que passavam o dia no mar. «Antes de anoitecer regressava uma lancha ao porto para trazer os botes e levar comida para os que ficavam na outra lancha a rebocar a baleia, que, nos últimos anos da actividade era levada para o Pico. Levava dois dias, noite e dia, a arrastar as baleias para o Pico com as duas lanchas. Era uma pescaria arriscada. Apanhámos algumas pancadas, às vezes a baleia batia no bote e a gente ficava espalhada por cima do mar entre a Graciosa e a Terceira. Tivemos sorte de não morrer.
Até ás cinco da tarde os caçadores não podiam sair do porto. A partir dessa hora estavam dispensados porque se aparecesse baleia já não havia horas para arrear. Por vezes passavam-se dias sem que se avistassem animais. Nessas alturas os homens iam de noite para pesca, porque não se podia viver só da baleia. Era uma vida arriscada, uma vida amargurada e dava pouco. A gente ganhava muito pouco. Por cada bidão de óleo de baleia ganhava-se três escudos. Uma baleia dava, no máximo, 50 bidões de óleo, ou seja 150 escudos. Em seis meses de baleia, o máximo que a gente apanhava era 35 baleias e tinha que ser um Verão bom de baleias. Começava em Maio ou Junho e acabava em Novembro. De Inverno, a gente não arreava a baleia».
Segundo Luís de Sousa a explicação para a façanha de aqueles homens conseguirem capturar as baleias estava na (in) capacidade de visão do animal. «Ela só vê para os lados, porque se ela visse para a frente e para trás não se deixava matar. Quando a gente vai trancá-la, vai pelo lado da cabeça ou do rabo que é para ela não ver o bote. Quando sente o bote já está trancada. Quando nas aflições da morte, o que a baleia apanhar come, mas não ataca, pode uma baleia estar no mar e a gente estar-lhe a tocar, que ela não ataca».
Segundo o baleeiro, a baleia caminha sempre em frente com a boca aberta «o que cair ali ela vai comendo, mas a sua refeição preferida é o “lulão”. Se ela achar a comida dela num sítio, leva dois ou três dias ali sem sair. Vai para baixo e a gente espera por ela ali. Uma baleia grande está mais ou menos uma hora por baixo de água e vinte minutos em cima. Parece que tem um relógio consigo. Este ritual é repetido vezes sem conta. Desce e volta a emergir. No entanto, se ela estiver espantada, sentir o barulho dos barcos, dos motores já não aguenta uma hora em baixo, está vinte ou trinta minutos e vem para cima. Se ela sentir barulhos, não se deixa matar, vê mal, mas ouvir, ouve longe…e se há alguma baleia ferida as outras ouvem-na e procuram-na logo».
Entre as aventuras no mar, Luís de Sousa narra a história de José Tomás Silva que conseguiu escapar de dentro da boca de uma baleia. O mais antigo baleeiro de São Mateus, ainda vivo, já não conta a sua aventura na primeira pessoa, mas apressa-se a mostrar as marcas que os dentes da baleia lhe deixaram no corpo.
Luís de Sousa ainda não ia à baleia naquele tempo, mas conhece bem a história que contam os pescadores. «Eles trancaram uma baleia. Na ocasião em que foi trancada rolou-se para dentro do bote e abraçou-o com a boca aberta. O homem ficou no meio da boca da baleia, entre o bote e a boca. Se ela fecha a boca mata-o. Calhou ela nunca fechar a boca. Ele ficou com os dedos rasgados de ver se fugia da boca dela. A baleia acabou por cair do bote e o homem conseguiu escapar, tendo sido recolhido do mar pela lancha que acompanhava os botes. Ficou apenas com um defeito numa mão e numa perna. Mas o episódio não foi suficiente para desistir da caça à baleia. Estava apenas no início de uma vida de longos anos dedicados à actividade».
Despedimo-nos com ternura deste velho homem, memória viva de uma luta, que ocorria dentro de botes frágeis e nem sempre suficientes para resistirem à força das baleias e cachalotes. Esses engenhosos botes da arriscada aventura foram substituídos por outros mais rápidos, que agora levam os turistas para outra actividade – o Whale Whatching. (continua)

sábado, 11 de novembro de 2006

Genialidade


As paixões são assim. Gosta-se muito e pronto, não há nada a fazer. Além do jornalismo, o futebol preenche grande espaço da minha necessidade de admirar algo de belo. Concordo que, como em todas as actividades, andam por aí alguns, que à sombra deste espectacular jogo, procuram ganhar a qualquer preço, não olhando aos meios para conseguir os seus fins. Acredito que esses vão desaparecer.
Felizmente que ele é forte, proporcionando-nos momentos como este.
Pequenos génios, como Fabrizio Miccoli, fazem com que amemos, cada vez mais, o futebol.

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Jorge Perestrelo, a minha homenagem


Habituei-me a ouvi-lo e a admirá-lo. A sua forma, muito sua, muita gingona, marcou uma época, revolucionou a forma de se relatar o futebol em Portugal. Emocionava-me a ouvi-lo cantar os golos... as suas reviangas... o seu ripa na rapaqueca. Não escondo que procurava imitá-lo, dar chama aos meus relatos, procurar chegar perto da classe do Jorge Perestrelo.


Tive o prazer de o conhecer pessoalmente. Os amigos mais próximos diziam que tinha um coração enorme, apesar do mau feitio. Quero lá saber, para mim vai ser sempre o maior.
Mais de um ano depois do seu desaparecimento, fica a minha pequena homenagem...o seu último golo, gritado a plenos pulmões, como soubesse que a morte estava logo ali, ao virar da esquina. E ainda hoje choro, quando oiço este golo do Sporting, cantado por um benfiquista como eu.

domingo, 5 de novembro de 2006

Morrer de Amores pelo Pico [4]

Esquartejamento da baleia, com a Montanha em fundoChegámos ao quarto movimento. Os baleeiros, vão aparecer, estar na primeira pessoa, agora e depois...

(continuação) Depois desta visita apaixonante ao Museu, sentimos necessidade de saber mais sobre esta arte. Nada melhor que o Dr. Francisco Medeiros, Director do Museu dos Baleeiros, para nos falar mais sobre mais de um século de luta entre homem e animal «uma das coisas que me provoca espanto é o facto de nunca se ter inovado na utilização dos utensílios da caça.
Em 1850 apanhavam-se baleias com lança e arpão tradicionais e artesanais. Em 1987 apanhou-se a última baleia exactamente com arpão e uma lança.É difícil dar uma explicação satisfatória e conclusiva a este meu espanto. Neste momento acredito um pouco que isto tenha a ver com uma característica da actividade baleeira... ao facto da actividade baleeira não se resumir unicamente ao aspecto económico. Em associação aos aspectos económicos deverá haver, concerteza, outros aspectos que terão forçado ou incrementada essa resistência à inovação.
Eu penso que associado à actividade baleeira há de facto um domínio cultural fundamental, há uma ética baleeira, uma forma de ser, de exercer a caça — uma arte, porque não? — que implicava a resistência à inovação. Um baleeiro é um homem que enfrenta o maior animal da terra, cara-a-cara com uma lança e um arpão. Nunca quis enfrentar um cachalote com um canhão, com um "Bomblance". Na legislação, nos regulamentos da baleação, chegou inclusive a constar como elemento da palamenta o "Bomblance"... e houve um ou outro caso em que se experimentou a posição do "Bomblance" que, como diziam os baleeiros, sempre foi uma arma que nunca foi bem aceite e que sempre foi rejeitada e acabou por desaparecer... ficava na "casa dos botes", arrumada e não era utilizada». Olhos nos olhos — baleias e baleeiros... sem artifícios para mortandades comerciais «um jovem para ser integrado na sociedade tinha de ser baleeiro. Uma forma de ser alguém. Ser um membro activo».
Morrem os baleeiros mas fica a sua cultura, a sua ética, os seus rituais, a sua mentalidade. A curiosidade é assim: quanto mais sabemos mais queremos saber. Olhamos um para o outro e para podermos chegar mais longe, para podermos chegar ao mar, tínhamos que ouvir as histórias dos baleeiros, na primeira pessoa. Luís de Sousa, antigo baleeiro de São Mateus foi o nosso contador de histórias «às oito da manhã os vigias estavam a postos. Quando se avistava a baleia comunicava-se com o porto e logo o foguete de seis bombas era lançado. Os homens, que pescavam junto à zona, corriam para terra, as nossas mulheres já estavam no porto com a saquinha da comida para a gente levar». (continua)

Gato Bento ou Paulo Fedorento?


Ricardo Araújo Pereira, numa caricatura, tão próxima da realidade, que nos deixa de boca aberta.
Imperdível.

A Matemática da Paixão

Um cruzamento feliz Matemática e poesia, duas artes, muitas vezes incompreendidas. Talvez, retratadas desta forma, tornar-se-iam, facilmente, numa paixão, assim...

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a
Relatividade.
E tudo que era expúrio passou a ser
Moralidade

Como aliás, em qualquer
Sociedade.
(autor desconhecido)

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Yesterday


Ontem...bem longe, mas com o rótulo de qualidade. Num momento brilhante, Paul McCartney, sózinho em cima do palco, com os restantes Beatles nos bastidores. Um tema que não tem idade.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Morrer de amores pelo Pico [3]

Fachada principal do Museu dos Baleeiros

Ao terceiro andamento, a personagem principal vai ser o Museu dos Baleeiros


(continuação) Nos dias de hoje, a divisão administrativa da ilha mantêm os três concelhos, com dezassete freguesias. Calheta de Nesquim, Lajes do Pico, Piedade, Ribeiras, Ribeirinha e S. João, nas Lajes; Bandeiras, Candelária, Criação Velha, Madalena, S. Caetano e S. Mateus, na Madalena; Prainha, S. Roque do Pico, Santa Lúzia, S. Amaro e S. António, em S. Roque.

Quarenta minutos e vários quilómetros depois chegámos à Almagreira, lugar onde vamos residir nestas férias. Deslumbrante. Uma antiga adega recuperada, toda em pedra basaltica, com o Atlântico e a vila das Lajes bem por perto, plantada à sombra da imponente montanha do Pico, com os seus 2.351 metros, hoje, totalmente descoberta, sem o seu habitual anel nebuloso, convidando para uma escalada que não vai tardar.
Algumas horas de descanso, numa noite bem tranquila, onde o leve soprar do vento, misturado com o cantar das cagarras, permitiu-nos ganhar energias para os dias “cheios” que se seguem. Começamos pela descoberta da vila lajense e o seu Museu dos Baleeiros, o ex-libris desta localidade. Falar do Museu dos Baleeiros é mergulhar numa parte importante da essência cultural profunda desta ilha. Citando Vitorino Nemésio: “Como as sereias, temos uma dupla natureza: somos de carne e de pedra. Os nossos ossos mergulham no mar.”
A baleação nos Açores remonta a meados do séc. XIX, altura em que se iniciaram as primeiras tentativas de introdução de caça artesanal (com arpão e lança), de forma sedentária, a partir de pequenos portos. A baleação é um fenómeno açoriano, mas foi no Pico que atingiu a sua maior expressão. Nas Lajes, vulgarmente denominada “Vila Baleeira dos Açores”, o sonho e a tenacidade de alguns, tornaram possível a construção do Museu, inaugurado em Agosto de 1988.
Para além de um vasto espólio sobre a temática baleeira, o referido Museu possui um pequeno auditório onde se podem visionar filmes relacionados com aquela actividade e uma biblioteca-arquivo com diversa bibliografia e documentação, fundamentais para o estudo da baleação. O Museu dos Baleeiros sabe a mar e a epopeia. Um espaço dominado pela emoção e pela paixão. Despojado, sóbrio, autêntico, é, como realidade museológica, uma homenagem silenciosa a todos os baleeiros açorianos. Nas palavras do poeta Almeida Firmino, “Heróis sem nome com um pé em terra e outro no mar”.
Associada à actividade baleeira, nasce o scrim shaw, decorrente da gravação em dente de osso de baleia, de que resultam produtos muito valiosos tendo em conta a matéria prima utilizada, o marfim, a que se junta uma mais valia resultante da capacidade artística dos seus criadores, que, de uma forma brilhante, procuram eternizar as vivências e memórias dos seus antepassados. O génio que construiu os botes baleeiros permanece na construção de delicados modelos à escala, que reproduzem ao mais ínfimo pormenor as canoas em tamanho real. Alguns destes modelos são constituídos em osso mandíbular do cachalote.
Dentro do Museu podemos também encontrar a divulgação de outra manifestação de muito interesse, que está a alcançar prestígio, tanto a nível nacional como no estrangeiro. É a "Semana dos Baleeiros”, que se realiza na vila das Lajes, no mês de Agosto, integrada na Festa de Nossa Senhora de Lourdes, anualmente celebrada na última semana daquele mês, a quem os baleeiros suplicavam a sua protecção. É um acontecimento com grande tradição, pois esta solenidade data de l883.(continua)

Barbaridades

A jogada da polémica
Tenho acompanhado com alguma atenção o que se tem dito e escrito, sobre o caso da lesão do jovem portista Anderson. Começo por salientar, que a campanha feita contra o jogador benfiquista Katsouranis, iniciada no site do clube nortenho, continuada no jornal “A Bola”, por Miguel Sousa Tavares, é de uma autêntica barbaridade. Por estas e outras afirmações deste calibre, cada vez mais as pessoas se vão afastando dos campos de futebol. A jogada é correcta, com o jogador encarnado a tocar, de forma nítida, primeiro na bola, só se dando o contacto, posteriormente, de forma inevitável e sem ponta de maldade.
Em todo este processo há uma parte da história que me deixa intrigado. O jogador azul-e-branco foi assistido pela equipa médica, após a lesão, regressou às quatro linhas, sendo minutos depois substituído. Manteve-se no banco de suplentes até ao final do jogo. Festejou com os seus colegas, no final do jogo, em pleno relvado, apesar de mostrar evidentes dificuldades em se movimentar
Mais tarde, ficámos a saber que tinha feito uma fractura do perónio!? E a equipa médica do F. C. Porto não se apercebeu, de imediato, da lesão? Estando à vista, que a mesma podia ser grave, não teria sido importante efectuar de imediato outros exames complementares, guardando a possível festa para mais tarde?
Vou continuar atento, esperando a rápida recuperação do excelente jogador brasileiro, antes dos três meses previstos, casos normais pelas bandas do Dragão.