Bell, Meucci e os Putos
(29/11/2025) Desde sempre me habituei a chegar cedo ao local de trabalho, até porque também sempre gostei de sair a horas, porque nunca foi como aquele da anedota, que repreendido pelo Chefe por ser sempre o último a chegar, ele respondeu que ele estava a ser injusto, pois não reparava que ele era sempre o primeiro a sair.
Depois de chegar, sentado no meu posto de trabalho, dava tempo para esta reflexão com 18 anos.
(NO MESMO DIA, 29/11/2007) Há pouco olhava para o calendário que descansa em cima da minha secretária.
Ele que, estoicamente, resiste há quase um ano às senhoras da limpeza que teimam em agredi-lo quase diariamente.
Espevitei a vista e lá estava ela, a frase inspiradora, no rodapé da foto que embeleza o contador dos dias, de um autor desconhecido: “Nenhum objeto ouve mais parvoíces que um quadro".
Curiosa, pensei. Porque não partilhá-la?
Pronto, a partir de hoje vão por aqui surgir frases, pensamentos ou reflexões, de autores mais ou menos conhecidos, ou mesmo de anónimos, porque não?
Sai a primeira: "Nunca ande pelo caminho trilhado, pois ele conduz somente até onde os outros foram." (Alexandre Graham Bell).
O norte-americano autor desta frase, talvez seja o responsável por hoje todos termos um telemóvel, ele que foi o fundador da Bell Telephone Company, a empresa protagonista dos primeiros passos da implantação do telefone como meio de comunicação em massa à escala internacional.
Apesar de historicamente Bell tenha sido considerado como o inventor do telefone, o italiano Antonio Meucci foi reconhecido como o seu verdadeiro inventor, em 11 de junho de 2002, Meucci que vendeu o protótipo do aparelho a Bell na década de 1870.
Invenções à parte, está na altura de ir ao encontro dos meus jovens.
“Bom dia”.
“Bom dia Avô”.
“Tudo em grande forma, principalmente depois de termos sido campeões do Mundo na quinta-feira”, exclamou o LARANJINHA.
“Claramente, hoje podemos falar um bocadinho de futebol”, confirmei eu.
“Eu já sou fã dos postes da nossa baliza, tanto do esquerdo, como do direito”, riu-se o PANCHITO.
“Estou de acordo, o penálti brasileiro, que nos podia ter mandado para casa, e o último folgo austríaco esbarraram neles”, confirmou a AMAGADINHO.
“Sem dúvida, mas nós merecemos o caneco porque fomos mais vezes os melhores no jogo”, argumentou o PIPOCA.
“Totalmente de acordo, a melhor maneira de encerrar este tema, chuteiras arrumadas vamos lá pegar no aléu, olhando para o que se jogou na Primeirona a meio da semana”.
“Já vinha preparada para isso, não houve surpresas, pois as equipas mais bem classificadas venceram, mas uma palavra para a malta de Paços de Ferreira que complicou muito a vida ao líder, que continua só vitórias ao fim de sete jornadas”.
“Antes de irmos aos nossos palpites, como este fim de semana é de Taçona, aliás todos os jogos da nossa Liga são dessa prova, eu a LARANJINHA e o PANCHITO ficamos com a prova, o AMAGADINHO fica só com a Quarteirona, e o PIPOCA com as provas femininas, como é habitual, todos de acordo?”.
Silêncio, ou seja, quem cala consente.
“Muito bem, vamos às nossas apostas, como já referi tudo jogos dos 32 avos de final da Taçona, já sabem que o desempate por grandes penalidades não conta para o resultado, começo já eu com o Paço de Arcos x Alcobacense (3-2) e Física x Oliveirense (2-6)”.
“Agora posso ser eu, calhou-me o Taipense x Juventude Pacense (3-8) e o Grândola x Lavra (3-3)”, concluiu o PIPOCA.
“Belo empate esse no Alentejo, eu tenho o Académica x FC Porto (4-7) e Termas x Carvalhos (4-4)”, fechou a LARANJINHA.
“Mais um jogo que vai a penáltis, esta semana não vou apostar em nenhum, tenho o Santa Cita x Benfica (1-10) e o Salesiana x Beja (7-1)”, concluiu o PANCHITO com uma gargalhada.
“Com esses jogos também não arriscava no empate, mas eu vou apostar em dois, no Cambra x Murches (2-2) e Nafarros x Vilafranquense (5-5)”, terminou o AMAGADINHO.
“Antes que o Avô se esqueça, o que é o almoço hoje?”, riu-se a LARANJINHA.
“Talvez o prato de que mais gosto, a Princesa está a fazer um excelente cozido à portuguesa”.
“Que bom!”, exclamaram os quatro.
“Como vocês vêm cá sempre no verão, este é um prato bom para estes tempos frios”.
“Temos que ir aí noutra altura para provarmos o cozido”.
“Para o ano combinámos isso, para já vou-me preparar para este petisco que dá muito trabalho”, ri-me eu.
“Força nisso Avô”, até terça-feira”, despediram-se eles.
“Antes de sairmos, não me esqueci que amanhã temos aniversário na equipa, mas falamos disso na terça-feira para não dar azar, beijinhos e abraços”.
“Combinado”, assentiram eles, enquanto os três já brincavam com o futuro aniversariante, o penúltimo a soprar a velas este ano.
Já cheira bem, vamos lá tratar deste assunto gastronómico.
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