segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Mil setecentos e cinquenta e cinco

Uma pintura da tragédia Senti o chão tremer. A cadeira tentava ganhar autonomia. O que se estava a passar?
Era mesmo um sismo, com uma amplitude de 5,8 na escala de Richter e epicentro a 160 quilómetros a sudoeste do Cabo de São Vicente, ao largo de Sagres.
Depois do susto, pequeno como a duração do abanão, lembrei-me do terramoto de 1755. Procurei na net histórias daquele tempo e encontrei um texto de Maria Luisa V. Paiva Boléo, extraído do livro CASA HAVANEZA - 140 anos à esquina do Chiado, donde extraí este pequeno excerto da tragédia ocorrida há mais de 250 anos.

(…) O terramoto teve início às 9 horas e 40 minutos do Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro de 1755. A terra tremeu três vezes, num total de 17 minutos, e, durante vinte e quatro horas, a terra não deixou de estremecer.
(…) O sismo teve o epicentro no mar, a oeste do estreito de Gibraltar, atingiu o grau 8,6 na escala de Richter e o abalo mais forte durou sete intermináveis minutos. Por ser sábado, acorreram mais pessoas às preces. As igrejas tinham os devotos mais madrugadores. Só na igreja da Trindade estavam 400 pessoas. Se os abalos tivessem começado mais tarde, teria havido mais vítimas, pois os aristocratas e burgueses iam à missa das 11 horas. Depois dos abalos, começaram as derrocadas. O Tejo recuou e depois as ondas alterosas tudo destruíram a montante do Terreiro do Paço e não só. Era o fim do mundo!
Os incêndios lavraram por grande parte da cidade durante intermináveis dias. Foram dias de terror. As igrejas do Chiado e os conventos ficaram destruídas. A capital do império viu-se em ruínas, já para não falar de outras zonas do país, como o Algarve, muitíssimo atingida pelo sismo e maremotos subsequentes.
(…) Na voragem do terramoto de 1755 desapareceram cinquenta e cinco palácios, mais de cinquenta conventos, a Biblioteca Real, vastíssima em livros e manuscritos e as livrarias (como sinónimo de bibliotecas) dos conventos de S. Francisco, Trindade e Boa Hora.
(…) Balanço da tragédia: entre 12 a 15 mil vítimas mortais, numa população de 260 mil e mais de 10 mil edifícios destruídos.


Por favor, não brinquem com a natureza.

2 comentários:

Ouriço disse...

Amigo Jorge,
Fica prometida, desde já, uma reprodução de uma gravura original de 1755.
Mando para onde?

Avô Jorge disse...

Podes mandar para o meu mail.