No dia do derby, fui enlatado no vermelhinho e só li as primeiras linhas de um artigo de opinião publicado n´A Bola, da autoria de Maria João Avillez.
Apesar de nem sempre concordar com as suas análises políticas, é uma grande benfiquista.
Neste dia do meu aniversário deixo o seu texto, fervorosamente vermelho.
Perdão, encarnado.
Como eu!
" Não me venham cá com coisas que não é nem um derby, que isso era dantes, que hoje a vertiginosa desproporção de 15 pontos entre leões cansados e águias viçosas retiram o fulgor, o suspense e o interesse no relvado de Alvalade.
Não, não e não!
É um derby, é o mais apetecido dos desafios internos, espero por ele todo o ano, sejam quais forem as circunstâncias e as condições.
Escusada de o dizer de resto, o Benfica ganha sempre mesmo quando não ganhar! Ser benfiquista desde o treze anos - é acreditar até já depois de tudo acabado, acreditar no impossível, e às vezes até no que nunca existiu ... remates que não ocorreram, golos que não houve, vitórias que nunca acontecera. Acreditas que somos bons mesmo quando já se conheceram melhores dias, treinadores mais indiscutíveis, onzes de aço mais inoxidável. Fibra e fé, é isso.
Tenho muita pena de não puder ir hoje visitar os meus vizinhos de estádio - moro no Campo Grande - e pensando bem até me enguiça não ir: sempre ou quase sempre que lá fui, o Benfica ganhou. Aqui há uns anos, um amigo sportinguista com quem fui e que cavalheirescamente me convidara para o seu camarote e me fora até buscar a casa - nessa altura eu morava no Estoril - no final do jogo e face aos 2-0 a favor dos encarnados, deixou-me sozinha no camarote e abalou de vez. E ainda lá estaria hoje não fora a cabeça mais fria de outro sportinguista que embora furibundo com o azar que eu lhes dava na própria casa deles, me conduziu mudo e quedo até ao Estoril ..... há testemunhas que podem aliás atestar da veracidade destes extraordinários acontecimentos (posso indicar nomes e moradas). Mas houve pior e pior foi impossível: aqui há tempos, quando era presidente do Sporting, Soares Franco teve a gentileza de me convidar para o camarote do seu estádio, par outro derby. Maternalmente fiz-me acompanhar pelo Vasco, um filho sportinguista, ninguém é perfeito. Ele de cachecol verde branco, eu, com o do meu clube: começou logo mal, nas imediações do estádio, com impropérios suezes vindos de todos os lados mas isso ainda foi o menos.
O mundo só desabou quando o Benfica marcou primeiro golo e eu me pus em pé, vitoriando o gesto encarnado: no perímetro verde do camarote real, fui olhada com ódio num silêncio sepulcral e só não fui expulsa porque Soares Franco é um homem de boas maneiras. Antes do final, com o Sporting sem nunca conseguir marcar, novo golo do Benfica.
Festejei uma oitava abaixo, também tenho boas maneiras. Mas à saída, o Vasco teve de me proteger com braços e mãos, de ânimos muito, muito exaltados, no (felizmente) diminuto percurso entre o estádio a nossa casa.
Tudo isto para dizer que e hoje vamos ganhar, assim como assim era melhor eu lá estar ... (Ainda está para nascer alguém mais supersticioso do que eu e nestas coisas de bola mais vale prevenir ...).
Viva o Benfica!
1 comentário:
Tenho um grande apreço pela Maria João Avillez, mas ainda tinha mais pela sua falecida irmã, Maria José Nogueira Pinto, que - por acaso - era uma grande sportinguista, bem como o marido Jaime.
O que ela narra na crónica que transcreves, convenhamos, também tem acontecido do outro lado da barricada, ou não? Aliás, nestes tempos conturbados para o Sporting, com Godinho Lopes a ser tão contestado - e eu nem votei nele - não há comparação entre a sua conduta e a do vosso presidente que, sendo um cadastrado, terá muito medo de deixar de ser presidente do Benfica e ao perder essa "imunidade" lhe acontecer algo parecido com o que aconteceu aquele que chama de aldrabão: ir dentro...
E olha que, por muito que estranhes, acompanhei por dentro as eleições que derrotaram Vale e Azevedo depois de ter tido resultados em eleições anteriores acima dos 90%. Sabes que nunca digo que não aos amigos e, por essa altura, por ter sido convidado por amigos benfiquistas, estive presente em muitos actos de campanha onde vi muitos que agora crucificam Vale e Azevedo. Até apareci, em directo na SIC, ao lado do Vale e Azevedo, imagina tu, a entrar numa noite de fados no antigo estádio da Luz.
Isto não quer dizer que não ache - como sempre achei - que Vale e Azevedo é um grande aldrabão, mas - pelo menos, não enriqueceu â custa do tal "pó branco" que desgraça famílias. "Apenas" vigarizou pessoas com muito dinheiro que, por ganância, queriam ter ainda mais...
Só que ele já era assim antes de chegar ao Benfica e, relembro, foi eleito por mais de 90 % dos benfiquistas que dizia que aquilo que se falava era tudo mentira...
O mesmo irá acontecer ao senhor Vieira que, sei de fonte bastante segura, não deve chegar ao fim do mandato. Isto dos "cavalos de Tróia", para o bem e para o mal, acabam por levar a sua avante...
Mas isso não me preocupa nada, para ser sincero. O que me preocupa - e mobiliza - é a luta para que não nos arruínem de vez com o país que, já agora, é (des)governado por um benfiquista (PPC).
PS - E, para não passar por parcial, fica a informação que o Relvas, bem como o Vara, é sportinguista. Como vês ter gente deste quilate toca a todos...
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